O círculo de S. Vicente corre o risco de perder ou ou outro deputado nas próximas campanhas se não acelerar o processo de recenseamento de novos eleitores. O alerta foi lançado esta manhã tanto pelo presidente da Comissão Política do PAICV-SV, Alcides Graça, como pelo presidente da Comissão de Recenseamento na ilha do Porto Grande, Humberto Mota. Ao ritmo que o comboio está a andar, a CRE vai ficar muito aquém da meta traçada, pelo que, segundo Graça e Mota, o perigo é real. Para isso, basta um outro círculo aumentar a sua fasquia e “roubar” deputados a S. Vicente.
“O método de atribuição dos deputados tem uma ligação com o número de eleitores. Se perdemos eleitores, e outro círculo aumentar a sua fasquia, podemos perder deputados”, admite Humberto Mota, para quem esse problema só pode ser resolvido com o aumento dos recenseados. Segundo o presidente da CRE-SV, se conseguirem atingir o potencial previsto, S. Vicente pode inverter o quadro e até ganhar um ou outro deputado. Aliás, nas eleições de 2016, esse risco estava eminente, mas foi levado a cabo uma forte mobilização que permitiu a manutenção dos deputados pelo círculo de S. Vicente.
O desafio agora é o mesmo, mas afigura-se mais complicado devido as restrições impostas pela epidemia da Covid-19. Mesmo assim, a CRE pretende colocar equipas no terreno para driblar a crise, com a ajuda dos partidos políticos. O PAICV já assumiu esse compromisso e espera contar com o empenho da UCID e do MpD. Segundo Alcides Graça, a sua força política vai mobilizar as suas estruturas nos bairros para levar ao recenseamento os jovens que completaram 18 anos e os que terão esta idade à data das eleições autárquicas. No entanto, Graça admite que será uma tarefa complicada, por causa do surto do coronavírus, mas também devido ao desinteresse das próprias pessoas.
Pelos dados que Alcides Graça conseguiu apurar num encontro realizado esta manhã com a CRE, desde 2016 que a Comissão local conseguiu recensear cerca de 600 pessoas. Um número que, diz, fica muito longe do potencial, que seria 5000 novos eleitores durante este período. “Num horizonte de 1300 pessoas que deveriam ser recenseadas este ano, a CRE atingiu 120-130 indivíduos”, ilustra Alcides Graça, dando a entender que desde 2016 que tem sido essa a média de eleitores recenseados em S. Vicente.
Se nos outros anos esse pormenor poderia ser considerado “normal”, o cenário muda de figura agora em 2020, ano eleitoral. Os registos da CRE mostram que em 2017 foram recenseadas 163 pessoas, em 2018 desceu para 108, o número subiu para 199 em 2019 e decresceu outra vez em 2020 com a inscrição de apenas 123 jovens. A expectativa era que a CRE atingisse em 2020 a meta preconizada de pelo menos 1300 recenseados, mas o trabalho esbarrou-se com as restrições impostas pela epidemia do novo coronavírus.
A preocupação de Alcides Graça e Humberto Mota é que a lei estabelece que o recenseamento seja encerrado 65 dias antes das eleições. Além disso, salienta Mota, a lei não permite a mudança da data das eleições por causa dos mandatos. Por outras palavras, a CRE poderá dispor de pouco mais de dois meses para sanar o problema ou vai ficar muito longe do potencial de novos eleitores em S. Vicente. E uma das prováveis consequências é o círculo eleitoral perder um ou outro deputado.
Kim-Zé Brito
Sr. Mota, presidente da CRE.
Estamos com este problema neste momento porque o senhor não atacou o assunto no tempo certo. Foi profissionalmente displicente.
Se em 2016 já havia esse risco, significa que não devia ser agora, mas sim, desde 2016 que devia ter dado a devida atenção ao assunto.
Portanto, na minha opinião, agora o senhor deve trabalhar 24 ou 48 horas por dia, para conseguir resolver o problema.
E então depois das eleições de 2020, deve continuar com esse trabalho para recuperar o tempo perdido.
Deve também fazer de tudo para conseguir o apoio de todos os partidos políticos nesta tarefa de recuperar os eleitores que o senhor deixou perder.