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Confinação nas ilhas

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Por: Quim Xavier

Todas as medidas adoptadas seja pela Assembleia Nacional, pelo Presidente da República e pelo Governo revelaram-se, até agora, acertadas e eficientes, afora a decisão de colocar os trabalhadores do Hotel Karamboa em quarentena naquele estabelecimento hoteleiro sem uma logística capaz de manter a disciplina interna e garantir um controlo da existência e a evolução de possíveis focos de covid-19. 

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Se por um lado o país dá mostras claras de uma boa capacidade de resposta ao desafio da pandemia coronavírus, induzida pelas assertivas medidas do Estado, por outro, há motivos ainda para preocupações, pelo que a situação merece uma forte intervenção dos Organismos Estatais com a adoção de medidas particulares e adaptadas a cada Ilha, tendo sempre em vista o global que é o arquipélago de Cabo Verde.

“A realidade atual do mapa de disseminação do covid-19 indica, claramente, a confinação desse vírus a duas Ilhas: Boa Vista e Ilha de Santiago. A ilha de São Vicente registou, incompreensivelmente, um único caso positivo que até se pode questionar se não se tratará de um falso caso positivo

Uma palavra especial deve ser dirigida para distinguir todos aqueles que, colocando a sua integridade física em risco, mantêm o arquipélago ainda com sinais de vitalidade sócio-económica, sendo de enaltecer o pessoal adstrito aos Serviços de Saúde. É assim que nas Ilhas da Boa Vista e de Santiago, mormente nesta última, há razões para medidas especiais para a cura dos infectados com o vírus e conter a sua proliferação no seio da população, evitando-se assim que se alargue às outras Ilhas.

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A realidade atual do mapa de disseminação do covid-19 indica, claramente, a confinação desse vírus a duas Ilhas: Boa Vista e Ilha de Santiago. A ilha de São Vicente registou, incompreensivelmente, um único caso positivo que até se pode questionar se não se tratará de um falso caso positivo, o que até pode ocorrer. Por outro lado, testes de amostras recolhidas de contactantes do “caso chinesa” levam a considerar e a validar a hipótese de se estar perante um falso caso positivo. Os próximos dias bem como as próximas análises de amostras poderão ser elucidativas para colocar São Vicente a par das Ilhas virgens da Brava, do Fogo, do Maio, do Sal, São Nicolau e Santo Antão, sem registos de casos positivos, nos últimos 20 dias.

“Pergunta-se se será curial o levantamento global do isolamento de todas as ilhas? Se será curial o repatriamento de pessoas, de ilhas onde se registam casos positivos de covid-19, para suas ilhas de residência?”

Conforme as autoridades nesta matéria, o estado de emergência vai ser levantado em Cabo Verde. Numa altura em que a deslocação de pessoas e bens, no mundo, está ainda limitadíssimo, regras especiais e rigorosas devem ser aplicadas tendentes a proporcionar novos intercâmbios de pessoas e bens, pois o país terá que, mais tarde ou mais cedo, abrir-se ao mundo, que é a sua vocação natural, permitindo assim a retoma da democracia e o desenvolvimento económico. 

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Pergunta-se se será curial o levantamento global do isolamento de todas as ilhas? Se será curial o repatriamento de pessoas, de ilhas onde se registam casos positivos de covid-19, para suas ilhas de residência? A minha simples opinião, é que não será!

Para o caso de levantamento do estado de emergência e do isolamento de ilhas com a verificação de casos positivos – exemplos de Santiago, da Boa Vista e de São Vicente -, a bem da saúde pública em Cabo Verde, recomenda a prudência e em nome da vida humana da população cabo-verdiana que deverão permanecer em isolamento face às outras Ilhas. Todavia, deverá ser ponderada a situação de São Vicente que, se não verificar mais qualquer caso positivo, até o dia 02 de Maio, deverá ser levantado o seu confinamento ilhéu, juntando-lhe às 6 outras Ilhas, permanecendo em isolamento as Ilhas de Santiago e Boa Vista, por mais 10 ou 15 dias, caso já se conheça o pico dos contágios.

Nessas circunstâncias, convém ter em devida conta que a ilha de Santiago é auto-suficiente, em todas as vertentes, e que, ao contrário, a Ilha da Boa Vista ainda revela situações de carências acentuadas, pelo que medidas de mitigação deveriam ser dirigidas a esta última, garantindo assim um equilíbrio em termos de subsistência e resiliência.

Entretanto, seria dada uma forte luta à exterminação do coronavírus nestas duas ilhas, com todas as medidas necessárias de solidariedade, segurança-social e de estabilidade alimentar às suas populações que estariam a ser sacrificadas em prol da nação cabo-verdiana, em geral. Ter-se-ia que fazer uma profunda ação de consciencialização, devidamente divulgada e absorvida pelas duas heróicas e sacrificadas populações.

Note-se que meu pai é oriundo da Ilha da Boa Vista onde tenho muitos familiares e amigos, e tenho, minha neta, dois filhos, primos e amigos, em Santiago e trata-se de um sacrifício, enorme, para mim, mas meu dever de cidadão, propor esse conteúdo.

Pois, como disse Shakespear, “Ser ou não ser, eis a questão!”. Ou matamos o virús da corona, ou corremos sérios riscos de ele nos trazer muitos amargos de boca, ou mesmo a própria mote!. Viva Cabo Verde!

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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