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Opinião

Karnaval de Lamentason

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Por Rosário Luz

Circula pela internet um vídeo que elege o Carnaval do Mindelo como o melhor de África. A julgar pelas outras amostras, não é que seja o melhor, é que não há comparação; e a necessidade da gestão profissionalizada de um evento desta dimensão é manifesta. Para além de exigências logísticas crescentes, a montagem do espetáculo padecia de um problema estrutural de sustentabilidade: os dinheiros públicos canalizados para a produção cobrem apenas uma porção mínima de um show que se tornou caro pra caramba; quem financia o grosso dos desfiles oficiais – o principal chamariz doméstico e turístico do evento – são as escolas, seus patrocinadores e seus foliões. O problema é que quem beneficia maioritariamente do negócio do Carnaval não é quem o financia; são os promotores de eventos, lojas, hotéis, restaurantes, táxis, artesãs e proprietárias de balói, que não investem um tostão no espetáculo.

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Há anos que se fala na criação de uma entidade apta a corrigir a situação e representar os interesses comuns dos grupos carnavalescos: alargar as suas fontes de receitas, coordenar a logística dos eventos, promover o seu apelo turístico e gerir os seus aspetos mediáticos. O modelo de gestão inaugurado em 2019 resultou da fundação, pelos principais grupos carnavalescos.sv, da Liga Independente dos Grupos de Carnaval (LIGOC-SV); e da transferência de um conjunto de competências organizativas e financeiras da Câmara Municipal para a nova instituição.  

É natural que a reconfiguração de um acontecimento tão central quanto os desfiles do Carnaval são para o Mindelo produza ansiedade na população; e é muito natural que desagrade algumas cliques com interesses sedimentados no status quo. Portanto, é natural que, ao longo do processo, sejamos bombardeados com blocos de lamentações: que o Karnaval.sv está a ser “descaracterizado”; que está “perder a originalidade”; que está a ser “brasilificado”.

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Tendo assistido o evento, estou convencida de que isso ainda não aconteceu; e diria mais, acredito que não está em vésperas de acontecer. Não obstante, muita coisa, efetivamente, mudou; é imperativo refletirmos sobre o caráter dessas transformações – e a validade das lamentações. Quanto a mim, as que mais me preocuparam foram as que ouvi nas ruas – longe dos ruídos das direções.

Uma que me interessou em particular não foi articulada; mas ficou claramente demonstrada. Domingo, 3 de Março: acompanhei uns amigos ao estaleiro dos Mandinga de Rbera Bot. Muita animação, batukada largód, barzinhos faturando – e gente de Morada konsentrod. Os Mandingas já existiam na juventude do meu pai; mas eram um grupo suburbano, de expressão limitada, com fortes raízes territoriais e uma pronunciada ideologia contra-cultural. Agora, são o que está a dar; e dá gosto ver a malta “in” viajar da Kapital para desfilar, besuntada de negro, a partir de espaços urbanos e simbólicos que até há pouco tempo desconhecia. Em contrapartida, nota-se um certo desfalque, um esfriamento na afluência dos Mandinga “nativos” e originais.

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Deveremos lamentar esta transformação? Eu não. Não sou Crioula apenas de alma e coração, sou Crioula de intelecto; sei que não há como travar transformações culturais numa sociedade viva; não há como resguardar a pureza de um costume; não há como impedir as sínteses entre Antigo e Moderno, Africano e Europeu, Morada e Fralda. E sei que nem devemos desejá-lo. O que começa como uma subcultura do contra – o Jazz, por exemplo – produzida por negros em barracões, pode acabar apropriado pela elite branca e elevado ao estatuto de erudição. Podemos entender este processo negativamente, como uma expropriação; ou positivamente, como uma expansão. Pessoalmente, entendo estas dinâmicas culturais simplesmente como inevitáveis; e acredito que compreendê-las é o essencial, porque é a única coisa que nos permite atuar no sentido de acontecerem da forma mais benigna possível.  

Uma lamentação repetidamente articulada foi que o Carnaval transformou-se num artigo de luxo; num privilégio de quem pode pagar; que a LIGOC “privatizou” o Carnaval. Tudo isto pode ser resumido numa palavra: BANCADA. Acredito que o grande problema não tenha sido a sua existência, mas a sua gestão: as construções eram primitivas, feias, grandes demais, ocupavam de forma injusta a extensão do circuito e nunca deveriam ter sido montadas na Praça Nova; para além disso, eram ferozmente guardadas pelos efetivos mal encarados de uma empresa de segurança privada, que desfilavam como se fossem militares de elite. Por baixo das bancadas, só se viam as suas botas, passeando à altura das caras de quem não tinha entrada.

Os bilhetes para assistir os desfiles das bancadas custavam 500, 800 e 1000 CVE. Olhando de cima, os valores parecem razoáveis; mas numa ilha desempregada e estagnada, o povo faz as contas de forma diferente de gente economicamente realizada. Para assistir aos dois dias com os bilhetes mais baratos, uma família de cinco pessoas teria que desembolsar 5000 CVE. Para uma mãe-de-família, esse valor equivale a 50 KG de arroz; para um pai-sem-família, um bilhete de 500 equivale a dez grogues de balói, e ainda restam cem paus para uma bafa. Ou seja, sejam quais forem as prioridades de cada qual, estes valores constituem um rombo orçamental significativo para qualquer crioulo que não tenha a sorte de pertencer à classe média.  

A verdade é que assistir aos desfiles sempre exigiu esforço; e esse facto foi sempre aceite. A cena que vimos na manhã de terça-feira – famílias com farnéis,  bancos e guarda-sóis, assegurando desde cedo os melhores lugares free para espetáculo – existiu desde sempre. A novidade é a desigualdade: antes, todos.sv – exceto os poucos que moravam ao longo do circuito – tinham que dar algum expediente num bom lugar. Hoje, ver o show com conforto exige um esforço sobre-humano da maioria depauperada; enquanto a minoria endinheirada ocupa demasiado espaço – pelo qual paga aquilo que, para ela é, uma ninharia.

Mas, se o acesso à cultura nunca foi socialmente igualitário, porquê tanta lamentação? Porque, quando se trata de ópera, ballet e teatro, os shows não são propriedade popular; são produzidos por elites, para elites. Já o Carnaval.sv é um espetáculo produzido pelo povo, para o povo; e congrega financiadores de uma base transversal dos habitantes da ilha. Seria trágico se optasse por um modelo de gestão em que esse mesmo povo é secundarizado como audiência; arriscar-se-ia a perder as suas bases criativas e financeiras.

Na noite de segunda-feira, a multidão que não tinha bilhete para as bancadas avolumou-se perigosamente por baixo e por trás delas, numa massa humana compacta que impedia a circulação em qualquer sentido. Este cenário suscitou lamentações sérias e necessárias, que me foram articuladas por um ex-militar. Quando lhe perguntei o que nos aconteceria em caso de uma altercação ou de algum pânico, respondeu laconicamente: “Uma tragédia!” As bancadas não se limitaram a relegar os menos afluentes para uma zona de desconforto; relegaram-nos para uma zona de perigo; comprimiram-nos num perímetro de alto risco. E se as autoridades.cv permitem que o poder de compra de cada cidadão determine o nível de segurança pública a que tem direito, é porque o Carnaval realmente ascendeu a um novo patamar de desigualdade.

Mas, voltemos às ruas, e à principal lamentação contra a LIGOC-SV: a “privatização” do Carnaval. A sério? Há neste discurso uma confusão brutal entre o Carnaval e o desfile oficial; e todo o Mindelense consciente sabe que o Carnaval não se resume ao institucional. O Carnaval não é um desfile; é uma quadra, da qual o desfile é apenas UM aspeto – mormente o mais mediático. E, para a sociedade.sv, é uma quadra inviolável, que honra o espírito de paródia, fantasia e rebeldia da cidade. Por outras palavras, “Ninguen ta mandá na Karnaval.

Aliás, apesar das lamentações, a assistência maciça na segunda e terça, e a afluência aos prémios na quarta-feira, provaram cabalmente que, mesmo vistos por detrás das bancadas, os desfiles ainda são propriedade plena do Pov de São Vicente. Não obstante, a Liga detém agora um poder desmedido para decidir sobre o seu desenho; e, fundamentalmente, tem o poder para arbitrar o acesso dos operadores.sv aos negócios da indústria carnavalesca. Sendo assim, será uma peça central na formulação  das vontades, dos sentimentos e do futuro de toda a quadra.

Como qualquer instituição, a LIGOC sofrerá certamente as suas dores de crescimento; e, como qualquer organização, será vulnerável a tentativas de instrumentalização por interesses privados, que pretenderão usá-la para objetivos que não os professos na sua constituição. Mas, como vimos acima, o Carnaval.sv é sagrado para o povo que o produz; e este  dificilmente permitirá a permanência de um modelo de gestão que mate as suas tradições. O que se pede é uma transformação benigna dessas tradições. De todo o modo, cá estaremos firmes em 25.02.2020 – os sentados nas bancadas e os em pé por detrás – para melhor dizer de nossa sentença.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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28 Comentários

  1. Mim é 1 grande fã de Rosario Luz e se ess artigo te fala alguns verdades, el ti te passa noentanto ao lado do principal problema ness carnaval.
    1 grande parte de povo era a favor de bancada e tenha orçamento pa compra se lugar. Ma povo ka consegui compra bilhete porque o processo de venda ka fui transparente nem igualitario.
    Na quinta feira fui aberta venda na praça e milhares de pessoa mété na fila pa comprash, ma ka tenha mais que uma meia dozia de bilhete disponivel pa povo.
    Porque ao final quase a totalidad dos bilhete fui reservod e vendido bem antes, distribuidos e guardod pa amiguinhos e gent bnit que tenha “connection”.

    Realidad é que povo fui excluid dess espaço publico que fui privatizod, e ka tiv nem direito a compra bilhete pa pode beneficia dess privatizaçao, porque ka tiv venda publica na nehum momento. Venda publica fui so pa bancadas de praça. Tud o resto fui confiscado. Ligoc mod 1 bokod de coza te funçiona baseod na skéma, padrinhagem, amizade e connection.
    Sorte dess borghesia abusada é que povo é txeu conformod e depois de ter gritod 1 gzinha frent de camara esh dezisti de sej direito. Ma ess grito nao fui porque ka tenha bilhetes suficient. Fui porque venda de bilhetes de bancada fui 1 grande brincadera.

  2. Realment Carnaval com K … não lembra nem ao Diabo … lembraria talvez o ex ministro de Educação Manel Veiga. Ou o
    ex-Padreco da Praia Não-sei-quê Moreira. Leviandad prop Rosário Luz.
    Agora faltou uma coisa> quanto aos 17 Mil contos que forma para financiar o Carnaval da Praia ?

  3. Muito bem Rosário! Melhorias na organização das bancadas precisa-se, sim! Para permitir às pessoas, que não podem/não quiseram pagar ou podendo e querendo não conseguiram o ingresso, ver o espetáculo em segurança.

  4. NOTA DA AUTORA sobre um detalhe RIDÍCULO: o SEMPRE brilhante? Dr. Marciano da D. Ida amaldiçoou a letra “c” como “herança do colonialismo.pt”. A sério, meu? Politizar uma letra? É preciso ser-se muito palerma. Mas vejo muita boa gente reagir mal ao facto de eu ter escrito “Karnaval” com “k”. A sério, pessoal? Politizar uma letra? Permitam-me explicar de-va-gar: o título do texto é na língua Cabo-verdiana; seja lá como foi, esta tem regras ortográficas de-fi-ni-das; segundo essas regras, “Karnaval” é escrito com “k”. Se um dia o Cabo-verdiano escrito tiver outras regras, eu seguirei essas. Com toda a naturalidade, porque não sou besta de desperdiçar a minha energia politizando uma letra do alfabeto. Bom dia Kab Verd

  5. Um povo em festa é um povo sagrado e a festa do carnaval mindelense é sagrado para o o povo festeiro e criativo de svicente que o produz. Bem haja a luz dos teus ditos Rosario luz

  6. Excelente artigo, como sempre!
    Admiro a autora. No entanto, não vejo nenhuma “politização” em usar “k” ou “c”. Só não entendo o porquê de não mantermos a escrita “original” e escrever Carnaval. Não vejo ali nenhuma herança do colonialismo, mas sim um respeito a uma língua que está na base da nossa. Pelo que eu saiba, ainda não é obrigatória usar “k”, mas a autora é livre de divulgar esta forma de escrita. Só não concordo e continuarei a usar “s”, “ç” “ss”, etc, etc. enquanto for para mim a maneira mais lógica de expressar, quer em crioulo, quer em português!

  7. Oi Jack Sparow! A LIGOC errou? Correto. Mas como disse a Rosário Luz, é algo novo, uma organização nova, e estamos todos num processo de aprendizagem. Com as nossas e tuas críticas (não excluindo o maior contributo, a análise feita pela Rosário Luz) a LIGOC certamente corrigirá os seus erros, porque as gentes da LIGOC são gentes de bem e capazes. O que me parece que deve ser de evitar, é alguma fúria exagerada que às vezes vejo nestas críticas. É que acho que não ajudam muito.

  8. Koitadinha da Rosário da Luz. Primeiro diz que não é para politizar. depois vem com a estória que de há regras ortográficas. E CU ? Escreves como Rosário ? Escreves Ku ou Cu ?

  9. Rosário escreve bem, boas análises, mas … tem sempre aquele problema que fez com que ela passasse disso mesmo … a arrogância!
    Mania de grandeza e arrogância…em tudo o que ela escreva está isso o que acaba por desvirtuar o conteúdo. A arrogância faz com que ela acha que tem poder e autoridade para falar de qualquer assunto. O que entende Rosário de Carnaval?.. o que entende Rosário de gestão de um evento dessa envergadura?

  10. Ôi ROSA! Em vez de te preocupares com o conteúdo daquilo que ela escreve, estás mais preocupada com ela. Só que este tipo de reação já se tornou um “dejá vu” em Cabo-verde. E por ser um dejá vu, já não é dificil perceber os reais motivos desta tua reação ressabiada e com o tal subtil truque de quem, para atingir o seu propósito perverso, insinua outro (o que como é obvio já estamos habituados). Na verdade, o que te encomoda não é a arrogância coisa nenhuma. Aliás a vida é dela e se ela quer ser arrogante (como dizes), também sabes que este aspecto sequer te diz (nos diz) respeito. O que te encomoda na verdade, é o facto do artigo esse sim, ser equilibrado, sério, profundo e “ÚTIL” E CLARO ENQUANTO MATÉRIA PARA ANÁLISE, e ainda, ter a principal particularidade que é o facto de ela não ter medo de ser honesta consigo própria e com a sua observação da realidade. É esta última característica (honestidade) que está a faltar à esmagadora maioria dos cabo-verdeanos. Uns por medo, outros por conveniência. Na verdade, o teu ressabiamento tem a ver com o facto de veres (e leres) uma “NÃO MINDELENSE DE NASCIMENTO”, a mostrar consideração para com a verdade e a realidade desta ilha, procurando entendê-la, ao invés de seguir as pisadas (como tu gostarias) daqueles que só se sentem bem, praticando o ostracismo ou depreciando tudo o que diz respeito a S.Vicente. Aí, elogiarias TUDO. E é por isso que dizes que ela não conhece o carnaval. Conhecer, não é só ver ou estar presente no carnaval. É interessar-se honestamente por conhecer!! Ter carinho, respeito, consideração e preocupar-se com um determinado acontecimente bem como, com a relação do mesmo com quem o realiza, também honestamente. É isto que te encomoda e como não queres dizê-lo abertamente, tentas “esgrovetar” algo para desvalorizar ou atacar a própria pessoa. O teu aborrecimento, é o facto dela não falar mal gratuitamente do carnaval de S.Vicente como gostarias. Isto já é facilmentre identificável e localizável.

  11. “esta tem regras ortográficas de-fi-ni-das”. Def-fi-ni-das por uma tal Ligoc/Liga da Linguistica, sel la, 30 pessoas? Quem faz o Carnaval d’Soncente é Soncente, e na Soncente no ta dzê Carnaval. Na São Nicolau es tem Modje Capod, bsot ta mandas screvê Modje Kapod?

  12. Não sei porquê mas esses dois comentários (do Kc e do Francisco Andrade), pelo que o nível do verbo utilizado representa em matéria de educação, parecem ser da autoria do Marciano de Nha Ida Moreira.

  13. Aceito as opiniões divergentes (excepto as insultuosas) mas, tenho uma opinião diferente também. O “K” substitui o “C”, como resultado dum estudo, unicamente de base FONOLÓGICA. Um procedimento escolhido precisamente para dar um “chega pra lá” nas variantes das restantes ilhas e fazer prevalecer o crioulo de Santiago em Cabo-verde. Portanto, o ALUPEC é fruto dum “GOLPE” porque, com esse estudo, deram-nos só duas alternativas: ou “aceitar obrigatoriamente” o ALUPEC, ou “nada”, em que quem nesta situação, legitimamente optasse pelo “nada”, teria de enfrentar imediatamente o risco de ser cinicamente taxado de anti-patriota. Mas, um Golpe (assim como qualquer golpe de Estado), não tem de ser aceite, por isso, eu ainda estou à espera do alfabeto resultante do estudo de base ETIMOLÓGICA para poder me pronunciar e escolher livremente entre os dois alfabetos, qual o melhor para os caboverdeanos e para a unidade do país visto no seu todo. Até lá (ou até sempre), continuarei a escrever o carnaval com “C”, ou o Cavala Frec com “C”:

  14. Meus queridos anti “k”: até parece que escrever carnaval com k altera alguma coisa no carnaval…
    Também dizer que o alupec é um golpe contra as variantes do crioulo em benefício do crioulo de santiago é uma falácia monumental, que revela a ignorância total acerca do alupec. Estudemos um pouco mais sobre os assuntos acerca dos quais queremos opinar publicanente para que não fiquemos a proferir tolices em praça pública.
    Também àqueles que se acham tão entendedores do carnaval ,a ponto de considerarem os outros Como sendo ignorantes,peço um pouco mais de respeito na divergence. Desmontem os argumentos apresentados em vez de simplesmente dizer ” bô ka t intendê náda d karnaval!”. Se não respeitais,não espereis respeito…
    Estudem o significado de “alfabeto fonológico”para perceberem que,na verdade,ele salvaguarda a sonoridade específica de cada variante,ou seja, sua identidade própria. ESTUDEM PARA NÃO SEREM MANIPULADOS por agentes anti-crioulo, que lançam essas premissas falsas no ar com o intuito claro de atrasar o processo emancipatório da nossa long materna.
    Aos bairristas de plantão, que acham que um caboverdiano não sãovicentino não tem o direito de opinar sobre assuntos de são Vicente deixo esta mensagem: káb verd ê d nox tud!sónsent ê káb verd! Tud asunt d káb verd ê d kónta d tud kabverdián, o bzôt krê bzôt ka krê!
    PS: bzôt bá nun Lugar k txêu jent,bzot dá un mnin nha mensája xei d” k” ma ” x” p El álê, xpôx bzôt dzem (k onextidád) se foi kriol d bediu k bzôt uvi… Viva káb verd,Viva karnaval d mindel I d tud káb verd. Viva toleransia.viva rexpeit. Abaixu bairismu ki ta dividinu,ki ta ponu gasta inerjia na tolisa in bes di nu djuda kunpanheru midjora (traduson pa kriolu di sanbisenti,pa kenha ki ka ta intendi kriolu di Santiago: “abaix bairixm k ta dividi nôx,k ta po jent ta gaxtá enerjia na xparát, en vex d no ijdá kunpanher ta amdjer!)

  15. Son k bo ta tra d bo bóka ka ten letra.xkrevê
    Karnaval nun papel, carnaval na ot, dá un mnin pa álê. Ftxá oi, dzel p a l mixturá kex fólha, xpôx p a l álê. Xpôx bo dzem se bo ta konsegi duvnhá kol ê k El álê primer.xpôx bo dzem se El dzel móda na sónsent o moda n ot Lugar d káb verd…

  16. Se fosses professor ou se tivesses tido a oportunidade de ensinar linguas a crianças talvez percebesses melhor esta questão de forma mais pragmática e menos preconceituosa.mas… até o direito ao preconceito é inviolável

  17. Para KWAME GAMAL. Fiquei com dúvidas se não entendeste o que eu escrevi ou se optaste por fazer-te de desentendido para poderes construir essa narrativa sem pés nem cabeça, de fazer esse jogo duplo em que te fazes passar por passificador e sub-repticiamente atacares a todos quantos a teu bel-prazer. Infelizmente é um panorama que se tornou corriqueiro. Vejamos os teus argumentos (de quem exige seriedade de argumentação, imagina só!) : 1º) Chamaste-me de anti “K”, quando leste (mas foi-te muito conveniente fazer de conta que não leste) que o que eu sou (e disse-o) é, anti o processo que conduziu à imposição do ALUPEC, através dum estudo exclusivamente de base fonológica (que não considera a origem e a evolução das palavras mas sim, tão somente o som), negando à população, a apresentação duma alternativa igualmente legítima, de escolha e análise em coisa tão séria, que seria o alfabeto de base etimológica. Se não existisse alternativa de escolha, estaríamos entendido mas, negá-la ostensivamente, faz pensar como se costuma dizer em S.Vicente que, “êsse fjon tem tussin”. 2º) Dizes quase escandalizado, que o “K” não altera coisa alguma ao carnaval. A afirmação assim feita, esconde que não sabes que o coitado do “K” simplesmente se tornou um símbolo (um mártir) dessa discórdia e de humor (talvez porque o ministro, a partir da Holanda, teve a ideia de mandar nos dizer, “que não se importava de aceitar também o C”. Porque é que não escolheste dizer por exemplo que o “~” não altera coisa alguma ao “não”? Será porque sabes que em todas as variantes do país (inclusive em Santiago) se diz “não” mas que, só em Santiago é que também se diz “nou” (ou “nau”) e que a retirada do “til” vai-nos obrigar a todos a escrever e a falar (ler) da única forma como pode ser escrita e lida no ALUPEC, e que é na variante de Santiado? 3º) Aconselhas àqueles que pensam diferente de ti a estudarem um pouco mais mas, esqueces-te de dizer “quanto mais”. Será até atingirem o teu tipo de conhecimento? E se não o desejarem? 4º) Escreveste na variante de Barlavento para mostrares como é possível mas, tiveste de escolher a dedo as palavras para não te deparares com alguma situação que atraiçoasse as tuas pretenções. 5º) A quem não partilha da tua opinião, tu apelidas de “agente anti-crioulo” e achas que isto, é um argumento. 6º) Afirmas que há bairristas que acham que um não mindelense não tem o direito de opinar sobre S.Vicente. Mas vê só! Se a crónica de Rosário Luz teve um propósito construtivo relativamente ao carnaval mindelense, quem te garante que o autor dessa afirmação seria um S.Vicentino? Quem te garante que não seja da autoria de quem fica enraivecido pelo simples facto de S.Vicente ter amigos não mindelenses de nascensa (e de quem somos amios também?) 7º) Começaste por dizer que “se eu fosse professor” eu entenderia melhor. Portanto, até conheces a minha profissão, mesmo sem me conheceres. É a credibilidade dos teus argumentos, imagino! 8º)Termino com algumas tuas CONTRADIÇÕES: a) Pedes Tolerância, respeito e união. b) Chamas de preconceituosos, ignorantes, gente sem estudo, sem respeito, intolerantes, tolos, divisionistas, bairristas de plantão. Belo exemplar que me saíste! De ti, só diria: és um SANTO no altar. Só não sei, se de barro ou de pau oco!

  18. Mais por esclarecer ao GAMAL: Afirmas que nós de S.Vicente lançamos permissas falsas para atrasar o nosso processo emancipatório. Peço-te que coloques a hipótese de existir a seguinte diferença: eu não sou perfeito nem plenamente satisfeito com tudo, mas, eu sinto-me bem e tranquilo com a minha identidade. Se tu, ainda lutas dessa forma quase em modo de campanha, põe então a hipótese de ainda não te sentires bem com a tua identidade. Duas situações diferentes mas, até aqui, tudo certo e legítimo para ambas as partes. Mas repara! Há quanto tempo estás à procura dessa identidade? 500 anos? Então, porquê neste momento e de repente, essa correria toda para termos um alfabeto, quase que em regime de emergência para não perdermos a nossa identidade (como se já não tivesse havido tempo suficiente para a termos perdido), mesmo antes de termos os dois estudos alternativos e ambos igualmente legitimos (o fonológico e o etimológico), deixando-nos só com o ALUPEC para escolha? Dizes que o ALUPEC já provou? Tudo bem mas, porque é que não se deixa o outro alfabeto sequer tentar provar alguma coisa? Ora, aí pode se revelar outra coisa diferentemente da mensagem de união que te fazes querer enviar. Defensor da união, vais dizendo que nós de S.Vicente temos o objectivo de atrasar o processo emancipatório. Porque é que não dizes que o que nós queremos atrasar, é essa vossa PRESSA, precisamente por considerermos que ela é contra a união? Temos de lutar para a nossa identidade sim mas, PRESERVANDO A DIVERSIDADE. Agora, pedir-nos para aceitarmos um alfabeto imposto dessa maneira, através dum golpe, como unica condição aceite para sermos considerados defensores da união, não é racional nos tempos que correm. Por isso, repara na tua contradição: enquanto falas de união, estás a pensar só em ti, enquanto santiaguense e não “EM NÒS”, enquanto caboverdeanos. Nós em S.Vicente reclamamos os dois estudos, precisamente a pensar em todos os caboverdeanos, incluindo os de Santiago. Estás a ver a contradição entre o que escreves e o que pensas e pretendes???
    OUTRA COISA! S.Vicente é das ilhas mais expostas no país. A sua própria história não permite que ela não aceite opinião de “não mindelenses de nascimento”. Agora isso sim, o que queremos é uma participação benigna, seja dum mindelense de nascença ou não. Reparaste como as críticas da Rosário Luz são aceites e bem vindas? É porque são críticas benignas, independentemente delas concordarem ou não com isso ou aquilo. Só que não é isto que temos visto, particularmente da vossa parte!!!!

  19. Oi Gamal! Em S.Vicente, há gente ignorante como na Praia os tem mas, não sei se reparaste que há gente a achar que os dois post escritos por Kc e Francisco Andrade (precisamennte aqueles que aproveitaste como a oportunidade de ouro para insultares os mindelenses), terão ambos sido escritos pelo Marciano de nha Ida Ferreira. Como vês, a existência do “respeito” ou a falta dele naquilo que fazemos ou dizemos, muitas vezes é ditada pela verdade e boa fé ou pela FALTA DELAS, desmascarando por essa via, a verdadeira pretensão da nossa atitude. Se assim for, temos o seguinte resultado: o Marciano, insulta e desrespeita a Rosário Luz, e tu, insultas e desrespeitas os mindelenses no geral. E como sabes também, em Cabo-verde, isso já não é novidade.

  20. Meus caros, vamos relativar e respeitar cada um e cada qual porque somos poucos para levar estas 10 pidrinhas para a meta de patamar universal; Por favor: Respeitar, relativar e ter paciência são palavras ponderativas a levar em conta em qualquer crítica ou assunto polémico.
    Desejos de saúde e alegria na morabeza a toda(o)s.

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