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Mãe exige PCR para confirmar se criança está com Covid-19: “Negaram ao meu filho o acesso à saúde pública”

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“Negaram ao meu filho o acesso à saúde pública”, esta é a conclusão que EL chegou depois de tentar por diversas vezes que o seu filho de 10 anos fosse sujeito a um teste PCR para determinar se estava infectado com o vírus da Covid-19. Por aquilo que relata, a sua luta foi renhida, pois encontrou resistência por parte de técnicos que trabalham nomeadamente no Centro de Saúde Chã de Alecrim. A mãe, cujo nome omitimos para proteger a criança, afirma que fez de tudo para submeterem o menino ao teste, mas foi como bater soco em ponta de faca. Entretanto, o Delegado de Saúde adverte que os profissionais agiram correctamente porque foram informados que o menor fez um teste rápido numa clínica e deu positivo.

Tudo começou há cerca de dez dias. Ao regressar à casa depois de uma aula à noite, EL encontrou o filho com gripe e com dores num braço engessado. Nessa noite, o menino dormiu com ela na sua cama.

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No dia seguinte foi trabalhar e pouco depois recebeu uma chamada do menino relatando que não ia para a escola porque não se sentia bem por causa da gripe e do braço. Preocupada com a situação, EL resolveu levar o filho para uma clínica, onde foi isolado e sujeito a um teste rápido. “Normalmente, o resultado dura entre 10 a 15 minutos. Mas a técnica do laboratório disse-me que ia demorar mais algum tempo pelo facto de o meu filho estar com gripe e porque a mucosa era pouca”, conta. Cerca de uma hora, prossegue, saiu o resultado: positivo para Covid-19, mas com reservas… Isto é, podia ser um “falso positivo”.

Devido a essa dúvida, EL perguntou a uma médica se nesse caso não seria preferível sujeitar o menino a um teste PCR. “Ela concordou e disse-me que ia entrar em contacto com a Delegacia de Saúde. Entretanto, eu telefonei para uma enfermeira do Centro de Saúde de Chã de Alecrim, expliquei-lhe o que se passou. Disse-lhe que o resultado do teste rápido era duvidoso e se não deviam fazer um PCR ao meu filho para acabar com todas as dúvidas”, conta a nossa entrevistada. Segundo a mesma, a enfermeira disse-lhe que ainda não tinha recebido qualquer informação da referida clínica e que ela e o filho deveriam ficar de quarentena.

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Segundo EL, o filho tinha o nariz entupido e uma ligeira inflamação na garganta, mas que estava bem. Da sua parte, estava tudo normal. Dois dias depois, a mãe foi fazer o PCR e resolveu levar o filho com ela na esperança que ele seria também submetido ao exame laboratorial. Explicou o caso à técnica laboratorial e esta pediu-lhe o contacto da enfermeira com quem tinha conversado. Após a conversa, a técnica disse que não podia fazer o teste ao menino porque a clínica informou ao Centro de Saúde que o teste rápido deu positivo e, além disso, o nome da criança não constava da lista para testes. Inconformada, EL contactou um laboratório particular, mas foi informada que não podiam realizar um novo teste à criança porque o primeiro exame deu positivo. 

PCR negativo

Dois dias depois, EL recebeu o resultado do seu teste PCR, que foi negativo. Para ela era mais uma prova que o filho não estava infectado, visto que vivem na mesma casa e dormiram juntos. Mesmo assim, a enfermeira que a telefonou para relatar o resultado disse-lhe que deveria continuar de quarentena com o menor.

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“Respondi-lhe que sou trabalhadora-estudante, estava em fase de testes, que já havia falhado uma prova, e que não podia continuar sujeita a quarentena. Voltei a perguntar-lhe como continuam a negar fazer o teste PCR ao meu filho. Ela aconselhou-me a fazer um segundo teste rápido, que custa 2.500 escudos, dinheiro que eu não tinha”, relata EL. Apesar disso, a mãe decidiu pedir dinheiro emprestado e fazer um segundo exame ao filho. O resultado foi negativo. 

Após isso, EL recebeu uma chamada telefónica do referido centro de saúde por parte de uma médica. Voltaram a conversar sobre o caso e, segundo EL, a médica disse-lhe que houve ruído na comunicação porque a clínica nunca disse que o resultado do primeiro teste rápido era duvidoso. Revoltada, EL decidiu divulgar o caso e contactou o jornal Mindelinsite. Para ela, foi negado ao seu filho o direito à saúde pública.

Centro de Saúde agiu correctamente

Este diário electrónico procurou falar com a médica responsável pelo Centro de Saúde de Chã de Alecrim, mas foi informado que ela estava hoje de folga, pelo que deveria tentar ouvir a Delegacia de Saúde. Em contacto com o Delegado Elísio Silva, este frisou que o centro agiu correctamente. Explica que, a partir do momento em que a clínica comunicou um caso positivo, a criança, a mãe e outros contactos têm de cumprir quarentena. “E neste caso não fazemos o teste PCR à criança, apenas à mãe”, esclarece Elísio Silva, frisando que é levado em linha de conta o resultado do teste positivo, que, lembra, deu resultado positivo.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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