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HBS e profissionais do serviço de Neonatologia ilibados no inquérito às mortes dos recém-nascidos 

O serviço de Neonatologia do Hospital Dr. Baptista de Sousa e os profissionais foram ilibados no inquérito às mortes dos sete recém-nascidos ocorridas no mês de Maio, conforme os resultados do inquérito divulgados hoje na cidade da Praia. Este conclui, entre outros, que todos os bebés eram prematuros e prematuros extremos que poderão ter falecido por sepse neonatal tardia. 

O relatório foi apresentado pela gineco-obstetra Iolanda Landim, que coordenou a comissão de inquérito, integrada ainda pelo médico neonatologista António Cruz e pela Coordenadora Nacional do Doente e dos Trabalhadores de Saúde, Edite Silva. Os jornalistas foram impedidos de fazer perguntas, limitando-se a equipa médica a esclarecer, a pedido destes, o significado de “sepse neonatal” – uma infecção generalizada. Quando ocorre nas primeiras 72 horas de vida é apelidada de sepse neonatal precoce e, tardia, após 72 horas de vida, clarificou. 

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Segundo Landim explicou, no processo de inquirição, reuniram-se no dia 22 de maio para definir a metodologia e o cronograma dos trabalhos, decidiram convocar os profissionais mais relevantes envolvidos no caso para audição e os familiares. Procedeu-se igualmente à analise da documentação. “Foram convocados seis profissionais de saúde, sendo quatro do serviço de Neonatologia e dois do serviço de Obstetrícia; foram convocadas também as mães dos recém-nascidos falecidos e elaborou-se a ficha de investigação de óbito neonatal que serviu de suporte para an]alise dos processos”, explicou. 

Da an]alise dos documentos, prossegue, constatou-se que a grande maioria das gestantes tinha uma gravidez com risco aumentado para parto pré-termo, pelos antecedentes, e foram seguidas nas estruturas prim]arias de saúde. “Todas tinham indicação para seguimento na consulta de alto risco para gr]avida”, pontuou, realçando ainda que o inquérito apurou que a assistência às mães no serviço de obstetrícia do Hospital Dr. Baptista de Sousa respeitou os procedimentos técnicos e os protocolos clínicos nacionais.

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Iolanda Landim afirmou ainda que, do ponto de vista humano, a assistência da parte dos profissionais foi admissível. “Foi aplicado o protocolo nacional para o manejo de situações de rotura prematura de membranas e de ameaça de parto pré-termo; Houve parco cumprimento do protocolo nacional de tratamento e seguimento dos recém-nascidos prematuros; Constatou-se uma ‘consciencialização’ da gravidade da situação pelos profissionais de saúde, o que despoletou numa investigação interna a nível do Hospital em articulação com o nível central, para se detetar as inconformidades, possibilitando assim a implementação das ações corretivas que poderiam salvar vidas”, sublinhou. 

Da análise dos documentos, da audição dos intervenientes e da visita realizada ao serviço de Neonatologia, a comissão concluiu que a assistência pré-natal foi cumprida, a qualidade e segurança da assistência durante o internamento do ponto de vista técnico e humano das mães e dos recém-nascidos foi razoavelmente satisfatória e ainda que eram recém-nascidos prematuros e prematuros extremos, que poderão ter falecido por sepse neonatal tardia. 

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Apesar disso, a comissão elaborou um conjunto de recomendações: reforçar ações de capacitação na área da comunicação/humanização/liderança dos profissionais; elaborar um plano anual de atualização/supervisão do cumprimento dos protocolos; promover a cultura de discussão interna dos óbitos não esperados e dos casos de não conformidade; promover a integração do psicólogo nas equipas, melhorando a assistência aos pacientes. Recomendou ainda melhorar a articulação e a interface entre os serviços da atenção primária, secundária e terciária; reforço ao nível dos recursos humanos por forma a melhorar a qualidade na prestação dos cuidados e melhoraria da comunicação entre o serviço e os pacientes no sentido a tonar mais eficaz e eficiente.

O documento realça ainda que a missão de qualquer profissional de saúde é prestar cuidados baseados na evidência científica e na competência e qualidade técnica, como também e principalmente cuidados imbuídos, em todos os momentos, do espírito e toque humanizado que tem um poder incomensurável no processo da cura. O trabalho desta equipa, refira-se,  decorreu de 15 a 31 de maio. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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