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O caso dramático da jovem Bela

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Por: Alexandre Novais

Quem decide proclamar um caso de uma gravidade extrema como é o da Isabel “Bela”, seja pessoal pelos riscos da própria vida que esta incorre a cada dia e noite passados na rua, seja social pelos contornos sinuosos que o caso carrega…

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Quem decide proclamar um caso de uma gravidade extrema como é o da Isabel “Bela”, seja pessoal pelos riscos da própria vida que esta incorre a cada dia e noite passados na rua, seja social pelos contornos sinuosos que o caso carrega, de delinquência urbana, de presença e uso abusivo e descarado de drogas nas ruas da nossa cidade, de violência contra mulheres e nomeadamente mulheres fragilizadas, de estupro bastas vezes coletivo e mesmo público dos mais expostos às franjas mais marginalizadas da nossa sociedade. Sim, estupro! Dizia, quem decide classificar isto como um mero caso de toxicodependência e consequentemente não passível de ser tratado pelas estruturas de saúde existentes em Mindelo, não somente é desumano como totalmente irresponsável e absolutamente indigno de ocupar seja qual cargo for no sector da saúde deste país. Mas mais, poderá ser declarado culpado de não assistência a pessoa em perigo iminente de Vida.

Que não tenhamos uma estrutura de saúde mental funcional pelo menos em São Vicente para a Região Norte ainda é de uma grande gravidade, sim senhor, e auguramos que os trabalhos atualmente em curso nesse sentido prossigam e que, como anunciado, tenhamos essa estrutura pronta a dar as respostas que a sociedade precisa e merece em meados do próximo ano. São pelo menos as informações que tenho. Mas, e até lá?

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Que iremos fazer com uma doente como a Bela, uns 20 anos apenas, totalmente exposta e a sofrer os maiores abusos?Correndo o risco a cada dia de ser o dia fatídico! Cruzar os braços? Nunca! Aceitar que nos digam que nada se pode fazer? Nunca!

A Família é a primeira a o dizer, após o último internamento, que só durou 12 dias, ao que parece são as regras do HBS (sic), a Bela acalmou-se, mudou totalmente de fisionomia, dando a sensação de algures se ter reencontrado no meio do seu vazio. Mas é óbvio que 12 dias é muito pouco. É pouquíssimo! Só de pensar que a Bela está nisto há meses… A situações extremas, medidas extremas. E porque não fora da caixa de pensamento habitual.

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Se a Bela esteve internada 12 dias e melhorou, sabendo que não existe outra estrutura para tal, como recusar que a fique internada o tempo necessário para a sua estabilização? É que essa estabilização prévia é indispensável para qualquer tipo de tratamento posterior que se queira/pense/decida implementar para Ela. E que não venham com a tirada em como isso é só um problema de drogas.

Estão a ver os drogados cá do burgo a se exibirem nus pelas ruas da cidade? Assim sem mais nem menos? A troco de nada? A se atirarem aos transeuntes, mamas e rabo ao léu? A provocar não sei que Diabo? Sejamos honestos por favor, a Bela tem um grave distúrbio psíquico que vem explodindo a cada dia que esta passa nas ruas e aí sim no meio de drogas duras, mal social que tende a roer a nossa juventude, e não só, e para o qual temos tido uma mão mais que leve… visto a banalização pública de diversos locais de consumo no centro mesmo da cidade.

Eu não aceito viver numa sociedade onde as Autoridades não demonstram um mínimo de ponta de Alma. Então não merecem ser Autoridades. A nossa Sociedade tem que poder proteger os seus, os nossos. A nossa Sociedade deve ser uma sociedade solidária, inclusiva e amiga. Uma sociedade de todos, com todos e para todos! Vamos fazer uma corrente de pensamento positivo para que a Bela encontre nas estruturas de saúde existentes no Mindelo um poiso seguro…!!!

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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