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A indignação de um país e a necessidade urgente de responsabilização no Sistema de Saúde

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“Recentemente, mais um episódio cruel e inadmissível chocou o país: o desaparecimento e a descoberta do corpo de um bebê entre o lixo hospitalar, com membros amputados supostamente no Hospital Agostinho Neto, na Praia. (…) Será que estamos diante de tráfico de órgãos?

Por quanto tempo mais Cabo Verde será palco de tragédias que poderiam ser evitadas? Recentemente, mais um episódio cruel e inadmissível chocou o país: o desaparecimento e a descoberta do corpo de um bebê entre o lixo hospitalar, com membros amputados supostamente no Hospital Agostinho Neto, na Praia. Esse fato, aliado a outros casos de negligência e má gestão no Sistema Nacional de Saúde, levanta uma série de questões que exigem respostas imediatas e ações concretas das autoridades competentes.

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Será que estamos diante de tráfico de órgãos? Como podemos aceitar que o corpo de um bebê desapareça misteriosamente de uma unidade hospitalar e, posteriormente, seja encontrado por um pai desesperado, mutilado e jogado como se fosse lixo? A quem interessa o silêncio diante de um caso tão absurdo? Será que não estamos diante de um caso de tráfico de órgãos? Não seria essa uma possibilidade a ser investigada a fundo, dado o cenário alarmante de descaso e falta de transparência que parece imperar no sistema de saúde do país?

Auditorias prometidas, mas nunca realizadas.

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O Presidente da República José Maria Neves recentemente reiterou a necessidade de uma auditoria global ao Sistema Nacional de Saúde para avaliar a qualidade dos serviços prestados. É uma necessidade que já havia sido destacada em 2023, após a morte de sete recém-nascidos no Hospital Baptista de Sousa, em São Vicente. No entanto, um ano depois, o que foi feito? Nada. Absolutamente nada.

A auditoria nunca foi realizada e agora estamos diante de novos casos de negligência e desrespeito à vida humana. Quantas mais tragédias são necessárias para que haja ação? Quantos mais pais terão que enterrar seus filhos sem explicações? Quantas mais mulheres terão que morrer em situações evitáveis durante o parto? Quantos mais cidadãos cabo-verdianos terão que viver com o medo de serem vítimas de um sistema que parece indiferente à vida? Estamos falando de vidas humanas, e não de estatísticas que podem ser ignoradas ou manipuladas.

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Inquéritos que nunca trazem respostas

A ministra da Saúde Filomena Gonçalves anunciou a abertura de um inquérito para apurar as recentes situações no hospital. Mas será que a população ainda confia em promessas de inquéritos e investigações? Quantas vezes já ouvimos essas mesmas palavras? Quantas vezes a população foi enganada com falsas promessas de transparência e justiça? As famílias querem respostas, querem que as responsabilidades sejam assumidas, e não podem mais esperar por uma burocracia lenta e ineficaz que se arrasta enquanto vidas são perdidas. Onde estão as consequências?

Chega de palavras vazias e discursos bem elaborados para acalmar o povo. É preciso ação! Os responsáveis por estas tragédias precisam ser identificados e punidos, não apenas com demissões simbólicas, mas com ações legais que demonstrem que em Cabo Verde a vida humana tem valor. Onde estão as demissões? Onde estão as ações legais? Onde está a responsabilização real?

A degradação do sistema de saúde: uma realidade inegável

Os casos recentes mostram uma realidade clara: há uma degradação evidente no Sistema Nacional de Saúde. Um sistema que deveria cuidar da vida dos cabo-verdianos parece estar a falhar na sua missão mais básica. E essa realidade é inaceitável. Não podemos mais fechar os olhos para os problemas estruturais, para a falta de recursos, para a má gestão e para a falta de empatia e humanidade de alguns profissionais que deveriam proteger vidas, não destruí-las.

Chegou a hora da indignação se transformar em ação. É hora de a sociedade civil, os cidadãos e todos os que prezam pela dignidade humana se unirem e exigirem respostas e responsabilização. Não podemos mais aceitar que vidas sejam tratadas como descartáveis. Não podemos mais permitir que famílias chorem por seus entes queridos sem saber a verdade.

A indignação é o primeiro passo, mas não basta. É preciso transformar essa indignação em ação, em protesto, em exigência de mudança e justiça. Se o governo não tomar medidas imediatas, se as promessas de auditorias e inquéritos continuarem apenas no papel, será a própria sociedade cabo-verdiana que deverá exigir respostas.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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