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Siacsa, promotor do Torneio 1º de Maio, acusa empresa gestora do “Piscinão” de cobrança excessiva 

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O Siacsa, sindicato organizador do torneio de futsal alusivo ao Dia dos Trabalhadores que arranca a 11 de março e termina no dia 27 de abril, acusa a empresa gestora do polidesportivo “Piscinão” de cobrança de taxas excessivas para o uso do espaço, que é do município. Heidi Ganeto diz que, para além da taxa diária de 500 escudos/hora para o fornecimento de electricidade, a empresa Zona Sport propôs o pagamento do montante extra de três mil escudos por dia para reparação e manutenção do polidesportivo. A gerência da empresa justifica com despesas extras que, afirma, não são suportadas pela Câmara de São Vicente. 

De acordo com Heidi Ganeto, esta é a terceira vez consecutiva que o Siacsa promove torneios de futsal, masculino e feminino, sendo que a primeira edição aconteceu em 2022 no Polivalente de Cruz João Évora e a segunda no ano passado, no Polidesportivo Piscinão. “Na primeira edição, a entrada no recinto era mediante a doação de um quilo de alimento. Recolhemos, no total, meia tonelada de produtos, que foram entregues à Escola do EBI Semião Lopes. Em 2023, realizamos um torneio beneficente e doamos 50 mil escudos para esta mesma escola, com quem o Siacsa tem uma parceria. O nosso espaço é pequeno e, quando pretendemos realizar alguma reunião, é nesta escola que nos encontramos”, justifica.   

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Para este ano, o Siacsa resolveu promover o torneio por altura do 1º de Maio, visando recuperar uma tradição de provas desportivas inter-empresas e instituições, que antes eram realizadas pela UNTC-CS, mas que há alguns anos não acontecem. “Enviamos uma nota ao vereador do pelouro do Desporto da CMSV solicitando autorização para realizar este torneio no Piscinão, por ser um espaço do município. E também abordamos o gestor do polidesportivo, que nos enviou uma tabela de preço onde teríamos de pagar o fornecimento de luz no campo no valor de 500 escudos por hora e uma taxa de reparação e manutenção de 3 mil escudos/dia, totalizando 108 mil escudos em 36 dias de jogos.”

Espantado, Heidi Ganeto conta que abordou o vereador, primeiro informalmente e posteriormente em uma audiência, que lhe garantiu que a responsabilidade da manutenção do espaço é da CMSV. “Pelo que fui informado, o vereador entrou em contacto com o gestor do Polidesportivo e este justificou que a taxa era para a manutenção das redes, pinturas, vedação e limpeza das casas-de-banho. Mesmo assim, decidiu fazer uma redução do valor para mil escudos por dia. Se juntarmos a taxa de 500 escudos/h, tendo em conta que normalmente permanecemos cerca de três horas no poliesportivo, as despesas diárias andariam à volta dos 2.500 escudos. E, caso usarmos colunas de som, a conta aumentava ainda mais. No final, a factura seria o mesmo, ou seja, mais de 100 mil escudos para usarmos o Piscinão.”

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Piscinão: privado ou do município?

O delegado do Siacsa confessa que está descontente e questiona, a final, se o polidesportivo é um espaço privado ou da CMSV, tendo em conta que, afirma, o vereador garante que não precisam pagar nenhuma taxa. Entretanto, a empresa gestora apresenta valores incomportáveis, na sua ótica. Tentando esclarecer esta situação, Ganeto relata que procurou os gestores de outros campos para conhecer as suas estratégias e confirmou que as taxas extras são cobradas apenas pela Zona Sport. “Diante dos factos, optamos por realizar o torneio no polivalente da Ribeira Bote, onde iremos pagar metade do preço exigido por esta empresa, ou seja, 1.500 escudos/dia, que contempla três horas de luz, com possibilidade de ligar colunas de som disponibilizadas pelos gestores do espaço, balneários, etc.”, afirmou, acrescentando que as próprias associações desportivas da zona estão também descontentes. 

Sobre este torneio de futsal 1º de Maio, Heidi Ganeto especifica que a prova engloba equipas de empresas e instituições de São Vicente, distribuídas por seis grupos no masculino – 24 equipas – e oito equipas no feminino. Os jogos iniciam no próximo dia 11, a partir das 19h30, com a Lase Electrónic a defrontar a Enapor, seguida da partida entre Professores e MJ Drogaria, masculino. “Desta vez o torneio não é 100% beneficente porque percebemos que temos muitas despesas. A par do aluguer do espaço, vamos pagar 50 mil escudos de arbitragem, o policiamento, de entre outras. Mas, depois de liquidarmos todas as despesas, se houver sobra, será para a Escola Semião Lopes.”

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Empresa REMPE

Confrontado, o gestor explica que Zona Sport está inscrita no regime jurídico das micro e pequenas empresas (Rempe) e, quando assumiu o Piscinão, definiu um valor de 10 mil escudos/dia para os torneios com fins lucrativos. “São 2.500 escudos para realização de jogos entre as 19 e zero horas, ou seja, 500 escudos por hora para electricidade, valor que é pago na maioria dos campos de São Vicente. A este juntamos um valor de quatro mil escudos para a segurança – Zona Sport disponibiliza quatro segurança diários, sendo que cada um recebe a quantia de mil escudos. Mas os promotores dos torneios podem optar por ter ou não segurança. Neste caso, pagam apenas a electricidade”, pontua Nelson Fortes, explicando que os demais valores pagos são para a manutenção do campo.

Somos nós que compramos as redes, fazemos reparações elétricas, a vedação, pintamos as linhas do campo, balizas e ainda garantimos a limpeza do espaço, incluindo dos balneários. Temos de pagar a uma pessoa para fazer a limpeza, por exemplo, antes e depois dos jogos. Mas os organizadores dos torneios também podem assumir esta parte, ou seja, receber e entregar o campo limpo e ficamos isentos desta despesa.”

Segundo Nelson Fortes, inicialmente os promotores de eventos desportivos questionaram o valor de dez mil escudos diários, mas depois perceberam que não precisam pagar este custo na totalidade, desde que assumam parte das responsabilidades, designadamente a limpeza e a segurança. “Posso garantir que o valor máximo já pago para uso do espaço nunca excedeu os três mil escudos por dia, inclusive o próprio Siacsa quando realizou o outro torneio, que não tinha fins lucrativos. A Zona Sport entendeu apoiar a causa e pagaram apenas a energia. E muitas vezes usufruíram de até quatro horas de luz porque os jogos se prolongavam até uma ou duas horas da madrugada.”

A questão, segundo esta fonte, é que o referido sindicato nunca apresentou nenhuma conta sobres montantes arrecadados, sendo que começaram por cobrar 50 escudos por pessoa nos primeiros jogos. Nos quartos-de-final aumentou a entrada para 80 escudos e, nas meias-finais, e com o Piscinão cheio – a lotação é de cerca de 700 pessoas – passou a vender o bilhete por 100 escudos. “Estava em Portugal, mas, pelas fotos que me foram enviadas, o campo estava lotado, inclusive a Polícia teve de atuar para obrigar a suspensão da venda dos bilhetes. Estavam cerca de mil pessoas no polivalente. Entretanto estão a questionar o pagamento da taxa de mil escudos”, desabafa.

Em suma, diz o gestor da Zona Sport, não querem ter despesas, mesmo com ganhos elevados, sobretudo em atividades com fins lucrativos. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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