Pub.
Desporto

Atlético “demolidor” vence o Desportivo e conquista binacional em andebol masculino, galvanizado pelo público

Pub.

O Atlético do Mindelo derrotou ontem à noite o Desportivo da Praia por uma margem de seis golos (35-29) e sagrou-se bicampeão nacional de andebol de Cabo Verde. Perante um adversário possante, experiente e agressivo, o Atlético respondeu com as mesmas armas nos sectores defensivo e ofensivo e adicionou ainda uma boa dose de disciplina táctica, que se mostrou determinante para o sucesso. A formação treinada por Aquilino Fortes levou a lição estudada e adaptou-se à defesa do Desportivo, que ora usava o sistema três-três ora aplicava a marcação.

Iniciada a partida, o Atlético inaugurou o marcador, mas viu o Desportivo da Praia saltar para o comando do placar na metade do primeiro período e alcançar uma vantagem de quatro bolas. Em poucos minutos, no entanto, a equipa liderada no ataque por Dibanda igualou o marcador e foi para o intervalo a vencer por dezassete a onze.

Publicidade

No segundo tempo, o Desportivo entrou decidido a assumir as rédeas do jogo. A estratégia foi dar marcação individual a todos os jogadores, eliminar o poderio atacante do Atlético, o que até deu os seus resultados nos primeiros lances. Só que o Atlético já estava à espera dessa táctica e mostrou uma rápida capacidade de adaptação. Mesmo sob pressão, ora Dibanda provocava o desequilíbrio na zona central, ora surgiam os interiores Sandy e Fred disparados para a baliza defendida por Lenine. Entretanto, entre os postes, o guarda-redes Júnior mostrava segurança e reduzia grandemente a eficácia dos remates dos pontas da formação azul e branca da Capital.

Galvanizado pelo público, o Atlético dilatou a margem para oito golos e soube gerir a vantagem até o apito final, apesar das entradas fulgurantes do insatisfeito Alex, interior esquerdo do Desportivo, que nunca quis baixar os braços. Protagonizou e concretizou vários lances individuais, na esperança de manter a confiança dos colegas. “Há que reconhecer que o Atlético foi superior porque soube aproveitar os nossos erros. Desperdiçamos várias oportunidades de golo, mas lutamos até ao fim. Quem não viu o jogo pode pensar que houve uma clara supremacia do Atlético, mas foi uma partida bem disputada e temos de dar o mérito aos adversários”, comentava Alex, considerado o melhor jogador da prova, que ficou entretanto surpreso com o resultado. Para ele, tendo em conta o equilíbrio entre as duas equipas, o mais natural era que o jogo fosse decidido nos últimos segundos.

Publicidade

O próprio Dibanda ficou também surpreendido com a margem de golos alcançado pelo Atlético nessa final. “Sinceramente não esperava ganhar desta forma. Conhecemos o potencial do Desportivo, que se reforçou com o legítimo objectivo de conquistar o título, mas temos também de reconhecer o nosso empenho. Respeito todas as equipas, mas há que admitir que o Atlético e o Desportivo são as melhores da actualidade em Cabo Verde”, salienta Dibanda, que enalteceu o incentivo do público, que foi efusivo no apoio à equipa da casa.

Para o guarda-redes Júnior Soares, que se agigantou entre os postes apesar da sua pequena estatura, o Atlético mereceu ganhar o campeonato. A equipa, diz, entrou focado e com uma estratégia bem traçada, fruto da sua experiência e da leitura do jogo do Desportivo. No entanto, na sua opinião, toda a magia aconteceu no sector defensivo. “Nos anos anteriores, nós é que corremos atrás do Desportivo, agora foi a vez deles. Jogamos muito bem porque conseguimos atingir e gerir uma margem de sete-seis golos”, considera o atleta. Agora, diz, é focar no torneio dos clubes campeões africanos, que acontece no mês de Outubro na cidade da Praia. Lembra que o Atlético é estreante nessa prova, pelo que o objectivo será enfrentar um jogo de cada vez.

Publicidade

Foco na taça dos clubes campeões africanos

Ganhar dois títulos nacionais no espaço de duas semanas foi um sonho realizado por Aquilino Fortes, técnico que liderou as equipas feminina e masculina do Atlético do Mindelo. Reconhecido como o melhor treinador desta época, Fortes confessa que o objectivo era difícil, mas não impossível. “Vamos agora festejar e depois focar nos preparativos para a Taça de Clubes Campeões Africanos, que acontece este ano em Cabo Verde. Será uma logística complicada para as duas equipas do Atlético, mas vamos trabalhar e contar com o apoio das autoridades e empresas. Seria triste Cabo Verde ficar sem participar nesse evento dentro de casa por falta de condições financeiras”, confessa o técnico do ACM, para quem o Atlético revalidou o título porque funcionou como um colectivo, sem se preocupar com prémios individuais.

O Atlético do Mindelo, segundo Nelson Martins, é um digno representante de Cabo Verde na Taça de Clubes Campeões Africanos, prova que este ano acontece na cidade da Praia de 4 a 13 de Outubro, nos escalões feminino e masculino. Segundo o presidente da Federação Cabo-verdiana de Andebol, há uma rúbrica no contrato-programa que costumava atribuir 900 contos aos clubes interessados em competir nessa prova. No entanto, diz, esse valor caiu para metade. “Esse apoio foi diminuído, mas não sei explicar os motivos. No entanto, penso que dá para alguma coisa”, diz Martins.

Na perspectiva deste dirigente, é natural que o Governo venha a ajudar o Atlético a estar presente na prova, enquanto legítimo campeão de Cabo Verde. As inscrições estão a decorrer e a expectativa da FCA é que a competição envolva 10 equipas masculinas e 10 femininas. Por enquanto a federação não pode avançar o nome de todos os países, mas Nelson Martins conta com a participação de Angola, Egipto e Marrocos.

Prémios individuais e colectivos

Atleta revelação: António Cabral (Fidjus di Tabanka)

Melhor marcador: Maurício Fernandes (K Kobra)

Melhor Guarda-redes: Júnior Soares (Atlético do Mindelo)

Melhor jogador: Alexis Miranda (Desportivo da Praia)

Taça Fair-play: Académica do Sal

3° classificado: Académica da Boa Vista

2° classificado: Desportivo da Praia

1° classificado: Atlético do Mindelo

Kim-Zé Brito

Mostrar mais

Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo