Cruzeiros do Norte conquista nove dos dez prémios: Tem tudo, tem tudo, falta só 1ª Dama
O Cruzeiros do Norte limpou os prémios do concurso oficial do Carnaval de São Vicente numa tarde de quarta-feira marcada, como era de se esperar, pela polémica. O problema nem foi tanto assim a atribuição do título ao grupo de Cruz João Évora, até porque as apostas nas redes sociais apontavam para essa vitória. O cerne da questão foi se o segundo lugar deveria caber a Monte Sossego ou Estrela do Mar. Quando Estrela foi anunciado no terceiro posto da classificação geral, o ambiente na Rua de Lisboa foi “abafado” por uma forte vaia, presume-se dos adeptos do grupo de Fonte Filipe. Aliás, a insatisfação já tinha encontrado terreno fértil entre os foliões do Estrela e Montsú com a atribuição ao grémio presidido por Jailson Juff de sete dos oito prémios até então anunciados.
Apesar da expectativa defraudada, o vice-presidente do Estrela do Mar aceitou a decisão com desportivismo, mas sem deixar de realçar que a vontade do povo era outra. “Somos um grupo histórico, o povo vai julgar. Basta ver o que corre nas redes sociais, mas foi assim que o júri entendeu. Está decidido e não vamos alimentar lamentos”, assume Papi Tavares, que promete analisar os pontos onde o grupo falhou e regressar à arena em 2020 para conquistar o título.
Esta foi, aliás, a atitude que levou o Cruzeiros do Norte a fazer esta “cruzada” no concurso deste ano. Segundo Jailson Juff, no ano passado o grupo regressou à casa triste, sem ganhar um único prémio. Analisou as falhas e trabalhou para corrigi-las, ciente de que só assim seria campeão. “Enfrentamos muitas dificuldades, mas conseguimos o objectivo com a ajuda da população da zona de Cruz, dos trabalhadores, foliões e empresas”, frisa Juff, que esperava ganhar todos os quesitos. Falhou apenas no prémio da 1ª Dama, que ficou nas mãos de Riza Soraia, figura de destaque do Monte Sossego.
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Este terá sido um dos desfiles mais penalizante na história recente de Montsú, um grupo sempre sério candidato ao ceptro. Com a ausência do Vindos do Oriente, que arrebatou o título ao Monte Sossego e o manteve cativo por dois anos, aumentaram as hipóteses do grupo liderado por Patcha Duarte vencer o desafio com um pé atrás das costas. Mas, para surpresa geral, Cruzeiros e o Estrela do Mar fizeram de tudo para ensombrar esse favoritismo. Resultado, Montsú ficou em segundo lugar e conquistou apenas o prémio de Primeira-dama. Algo impensável, quanto mais para a direcção desse emblemático grémio.
“O meu sentimento é de injustiça, óbvio, porque há um regulamento publicado e com quesitos claríssimos que devem ser avaliados. E o apuramento de forma nenhuma devia ter sido da forma como foi feito. Depois de um trabalho árduo dos grupos, continuamos a ter uma avaliação e principalmente o anúncio dos vencedores dos quesitos da mesma forma de antes”, contesta o presidente do Monte Sossego, que defende o anúncio de cada quesito avaliado e não do resultado pura e simples do vencedor ou vencedora. Mesmo assim, assegura António “Patcha” Duarte, o grupo aceita “serenamente” a soberania do júri, mas discorda da atribuição de uma “enormidade” de prémios. Agora, segundo Patcha, resta ao Montsú continuar o seu trabalho, até porque vai haver uma assembleia electiva proximamente e mostra-se disposto a continuar na direcção ou a entregar as rédeas, consoante a vontade dos sócios.
Cruzeiros do Norte conquistou nada menos que nove dos dez prémios anunciados, quando ficou a faltar o da batucada. O grupo arrecadou os títulos de melhor música (Sabura sem Fronteiras), Carro Alegórico, Mestre-Sala (Vandir “Cavera” Gomes), Porta-bandeira (Dina Taylor), Rainha de Bateria (Andrea Gomes), Segunda-dama (Glória Cabral), Rei (Arlindo Bandeira), Rainha (Joraina Leite) e, a cereja no topo do bolo – primeiro lugar do concurso.
Kim-Zé Brito
FLORES DO MINDELO
O Flores do Mindelo é um grupo com um historial relevante. Mas nos últimos tempos tem-se instalado numa espécie de zona de conforto, caracterizado pelo marasmo e pela inécia que poderão avançar para uma situação de irreversibilidade. Por isso a minha sugestão é a seguinte: deveriam nomear o seu colaborador Emanoel Ribeiro (o carnavalesco) como um dos Vice-presidentes do grupo. Ele tem uma vasta experiência no campo das artes, ele é qualificado e tem saberes que pode pôr à disposição do grupo. Ele seria uma espécie de braço direito da Dona Ana (pessoa que tem feito muito pelo grupo). Um Vice-presidente geral (executivo). Exprimentem novas aventuras. Com calma e ponderação, dialoguem e encontrem uma boa solução para o bem do grupo e para a alegria nossa, os amantes do grupo.