O Delegado de Saúde de S. Vicente acredita que a variante Ómicron, considerada altamente contagiosa, já circula na ilha por conta da chegada de muitos emigrantes e turistas. Elísio Silva prevê, por isso, o agravamento da situação da Covid-19 na ilha depois do fim-de-ano. Mostra-se, porém, satisfeito com a elevada taxa de vacinação – mais de 91% com a primeira dose e 85% com a segunda -, o que poderá manter o quadro sanitário sob controlo.
O responsável local da Saúde Pública, que falava em exclusivo ao Mindelinsite, garantiu que testes já foram realizados para confirmar a presença de Ómicron e as amostras recolhidas serão enviadas para o laboratório do Instituto Nacional de Saúde Pública, que tem a responsabilidade de as encaminhar para o Instituto Pasteur de Dacar, no Senegal. Mas não tem dúvidas de que essa variante já circula na cidade do Mindelo.
“A variante Ómicron está presente em mais de 100 países e São Vicente recebeu, sobretudo nos últimos dias, pessoas oriundas dos quatro cantos do mundo. Acredito que esta variante já está a circular na ilha, por isso o aumento exponencial de casos positivos registados esta semana. Com as actividades e festas previstas para a passagem de ano, penso que a situação vai agravar-se ainda mais em janeiro”, perspectiva.
Felizmente, a adesão da população à vacinação é elevada, afirma Elísio Silva, fruto de uma campanha enorme que vem sendo feita pela Delegacia de Saúde de São Vicente e seus parceiros. “Vamos terminar o ano ultrapassando todos os objectivos traçados pelo Governo. A nível da primeira dose já temos mais de 91% da população adulta estimada vacinada e mais de 85% com as duas doses. Quanto aos adolescentes, aproximamos rapidamente dos 75% de pessoas com 12 a 18 anos vacinadas com a Pfizer. Está a correr muito bem e só temos a agradecer às pessoas que aderiram e colaboraram com a DS.”
Elísio Silva congratula-se também com as poucas e leves reacções adversas verificadas até agora. Lamenta, no entanto, o aumento das infecções diagnosticadas nos últimos dias, após São Vicente estar praticamente zerada em termos de casos novos. “Este aumento recente deve-se à grande movimentação de pessoas. Estamos na época festiva e as pessoas viajam muito para SV, sejam emigrantes, turistas e visitantes de outras ilhas. Em termos comparativos, foi nesta época, no ano passado, que os casos dispararam”, constata.
Por isso, o DS recomenda cautela às pessoas que vão participar nas festas familiares e mais alargadas. “Pedimos as pessoas para tentarem manter o distanciamento, evitarem formar grupos, sempre que possível que mantenham a máscara e que tenham o álcool-gel sempre à mão. Aos organizadores dos bailes particulares, pedimos que tenham o máximo de controlo e que sejam permitidas entradas apenas às pessoas com testes negativos”, apela Elísio Silva, que aproveita para lembrar que um teste negativo não é garantia de que o portador não esteja infectado – apenas que é assintomático.
Instado a confirmar as notícias que davam conta da falta de testes para as pessoas que pretendem participar de festas de maior dimensão, Elisio Silva tranquiliza a população. “Recebemos testes da Capital, mas nunca tivemos ruptura. E já estamos a fazer testes PCR para estas pessoas e para os viajantes. Montamos uma equipa especialmente para isso. Sabemos que os testes no privado são caros – custam entre 2.500 e 3.000 escudos – e, como as festas custam entre 4.500 e 5.000 escudos, a despesa aumenta de forma significativa. Estamos a fazer testes na Delegacia de Saúde por mil escudos e os organizadores das festas também estão a criar condições para reduzir os preços.”
Sobre este particular, Elísio Silva explica que alguns organizadores de eventos adquiriram testes no exterior e na Emprofac, como forma de diminuir o peso no bolso das pessoas. Serão realizados, entretanto, pela Delegacia de Saúde. “É uma forma de apoiar e ajudar estes eventos. Desde ontem estamos a fazer testes”, assegura.
Já as festas familiares, lembra, não podem ultrapassar as 20 pessoas. E haverá controlo apertado de uma equipa multidisciplinar, composta por agentes da Polícia Nacional, Forças Armadas e da IGAE, com apoio de profissionais da Delegacia de Saúde.
