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Verdade ou demagogia? Bô ek sabê…

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Por Nelson Faria

O normal em políticos que se preze é querer o bem comum. Sonhar, idealizar, quiçá, se eleitos, concretizar cenários de desenvolvimento que favoreçam a todos, ou a maioria. Mesmo que sem unanimidade, ao menos servem os interesses dos concelhos e do país. Isto é legítimo, desejável e aceitável. O que já não é, é o que temos visto de vários quadrantes, proponentes e eleitos ainda no ativo: Demagogia, simples pura e crua. Ao menos, bsot cuznhal um csinha... Demais faz mal. E começa a ficar indigesto… Estou farto!

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Tem havido muitos discursos e atuações circunstanciais, convenientes, com um claro interesse de manipular ou agradar a massa popular, incluindo promessas que muito provavelmente não serão realizadas, bastando ver, também, algumas “primeiras pedras”.

Mas, quanto a mim, o problema nem é que me servem, é sim, o que disponho a comer. Pena que haja muita gente a comer gelado com a testa servido por alguns proponentes e por alguns eleitos. Infelizmente, não somente os lambedores, interesseiros e “clubistas” dos partidos. Coisas sem lógica, sem racionalidade, sem fundamento, sem sustento, sem orçamento e sem argumentos. Retórica irresponsável, caça ao voto, aproveitamento de acontecimentos, bons e maus, com ou sem interferência, mas por conveniência, para lançarem-se na arte da demagogia. Uns com mais experiência e talento, outros nem por isso. Meros iniciantes sem cabedal pá ess slabonc.

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Matéria não tem faltado. Desde a pandemia da COVID-19, sua gestão, contexto eleitoral e suas promessas ou “compromissos”, agora as chuvas e suas consequências. Tudo tem servido para quem não tem nada a apresentar e apenas pretende aproveitar as circunstâncias, consumir o eleitor e manipular a sua mente.

Quem tem sonhos, quem tem ambição coletiva sustentada, tem também argumentos válidos e um projeto a apresentar. Na defesa das ideias com elevação e preparo, com atenção, é possível separar “o trigo do joio”, é possível saber quem vende banha de cobra e quem vende banha de tchuck. É possível distinguir bons e maus políticos. Cientes de que perfeito ninguém é. No discurso, na consistência dos percursos e atos praticados, até nesta fase, é possível ver, com clareza, quem quer e pode fazer o melhor possível que a realidade e circunstância permitem.

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O meu pragmatismo e a minha racionalidade rejeitam, sem tolerância e paciência, o oportunismo e a demagogia. Se calhar, por sentir que alguma vez fui traído pelo ilusionismo político. Disto, apenas agradeço o aprendizado. Definitivamente, embarcar na demagogia como se apresenta, independentemente da origem, é burrice eleitoral que se paga nos anos seguintes. Tenham cuidado!

Não me canso de o dizer, há que estar atento ao que se diz, porquê se diz, ao oportunismo, aos discursos que carregam uma vertente demagógica que nada abona ao bem comum e ao momento que vivemos. Mais do que isso, há que estar atento a quem diz o quê, que projetos tem, como os apresenta, qual a sua possibilidade de realização, se servem ou não ao bem comum ou apenas a outros interesses.

Já é tempo de estarmos mais esclarecidos com o aprendizado de eleições anteriores e de experiência da nossa vivência após eleições. Já é tempo de não aceitarmos ilusões, oportunismo e demagogia. Acho que somos mais crescidos, esclarecidos e maduros do que pensam. Por isso, é tempo de saber escolher. Com racionalidade, com inteligência, com ponderação, neste tempo margose que vivemos, é momento para escolha de ideias, políticos, equipas e projetos que sirvam a todos. É tempo de escolher a verdade e a realidade em detrimento do ilusionismo e da demagogia.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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