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Enxurrada desvia de obra em ribeira em Chã d’Alecrim e derruba contentor: “Mal já está feito”

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A torrente de lama carregada ao longo da ladeira da Canalona nestes dias de chuva tomou o caminho que muitos previram e temeram, devido a construção de dois prédios numa ribeira que antes era o trajecto natural da água pluvial. Ao esbarrar numa parede que serve de protecção das novas construções, a enxurrada acabou por se espalhar pelas margens e provocar alguns estragos. Um de dois contentores dessa obra tombou nas traseiras e o outro ficou em risco de também sofrer o mesmo destino. Além disso a terra ficou “rasgada” e com alguns entulhos. 

Para os moradores Félix Almeida e Corsino Gomes, essa obra é a causa evidente dessa situação. Ambos entendem que a ribeira deveria ficar como estava e permitir o curso da enchente que normalmente começa a formar-se na rocha da Canalona e desce em direcção à zona de Chã d’Alecrim – praia da Lajinha.

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“Acontece que esta obra veio influenciar o movimento da água, houve algumas consequências, que poderiam ser piores se tivesse chovido com mais intensidade. A chuva caiu durante dois dias, mas com alguma mansidão”, frisa Félix Almeida, 35 anos, que mesmo assim nunca tinha visto tanta chuva em S. Vicente. 

Este lembra que antes a água descia pela ribeira e não galgava a margem direita, como agora aconteceu. Para ele é evidente que o contentor caiu por causa do desvio da água.

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A mesma opinião tem Corsino Gomes, que critica essa medida da Câmara de S. Vicente de autorizar a construção nesse espaço. Para ele, o mal já está feito, agora só resta remediar a situação. “Agora terão que criar um novo caminho para a água ou esta situação vai repetir-se sempre que chover com alguma intensidade”, diz Gomes, que estava acompanhado do colega Félix Almeida no momento em que uma grua tentava erguer o contentor que caiu nas traseiras da obra.

Obra polémica

Esta construção provocou muita polémica em S. Vicente em Maio de 2018, com o Sokols-2017 e o PAICV a insurgir-se contra essa medida da CMSV, por considerarem que se tratava de uma intervenção perigosa e sem planificação urbanística. O movimento cívico tentou mesmo embargar a obra, mas sem sucesso.

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Já o edil Augusto Neves reagiu às críticas e garantiu que houve um estudo técnico minucioso, que ele próprio acompanhou, antes da autorização. Numa intervenção na assembleia Municipal, o presidente da CMSV realçou que a primeira acção da edilidade foi a correcção torrencial. Neves asseverou que a autarquia construiu quatro diques, dois em Canalona e dois em Fonte Mestre antes da obra nesse leito. O autarca frisou na altura que a sua equipa camarária trabalha com seriedade e disse estranhar que não tenha havido protestos a quando da requalificação de outras ribeiras.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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