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Antes dos festivais é necessário investir na Proteção Civil

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Por: António Santos

Os cabo-verdianos precisam de uma Proteção Civil atualizada, simples, integradora e operacional. Na minha perspetiva, a nossa Proteção Civil, tanto a nacional como a municipal, tem que estar atualizada, mais do que moderna, porque o moderno de ontem é o ultrapassado de amanhã. Atualizada em meios tecnológicos, em capacidades, mas sobretudo em recursos humanos, no seu conhecimento e na sua permanente formação.

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Em termos de recursos humanos, segundo os rácios internacionais, é conveniente por cada mil habitantes existirem 2,3 elementos da Proteção Civil. O que não sucede em nenhuma das ilhas do arquipélago. A grande desculpa é sempre a mesma: não há dinheiro…

No entanto, existe sempre dinheiro para financiar, como sucede no Mindelo, o 40º festival da Baía, que, por “mero acaso”, vai acontecer alguns meses antes das próximas eleições autárquicas.

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Compreendo que este festival é um ótimo chamariz turístico. Contudo, considero que  o investimento necessário poderia ser, neste momento, canalizado para a “aquisição” de meios técnicos e humanos para a Proteção Civil Municipal do Mindelo, para evitar situações, como a que sucedeu há uns meses, durante um jogo futebol no estádio Adérito Sena, que foi necessário recorrer a um carro da Policia para transportar ao hospital um dos jogadores, por não existir uma viatura (ambulância) disponível. Todas estavam inoperacionais.

Por isso é que estranho que existam recursos financeiros para tudo, menos para prestação de socorro. É também, por isso, que não consigo entender as desculpas esfarrapadas do vereador da proteção civil municipal do Mindelo, que diz que não consegue arranjar meios suficientes para prestar um bom serviço.

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Não sei se esta não é uma desculpa para aligeirar as culpas do presidente da Câmara Municipal de São Vicente (responsável máximo da Proteção Civil Municipal) ou, pelo contrário, para sacudir “a água do seu capote” e desculpar-se por não desempenhar cabalmente a sua função.

Como é possível numa ilha com mais de 67 mil habitantes, os Bombeiros terem piquetes de serviço com três pessoas? O vereador e o presidente da Câmara não podem “esquecer” que foram eleitos para servir o povo e, por isso, têm de estar ao lado do Povo e preocupados em encontrar os meios que permitam socorrer atempadamente as populações.

Meus senhores, para arranjar meios basta querer e ter força de vontade. Existem vários países e muitas entidades privadas disponíveis para ajudar. Estou a recordar-me, por exemplo, da Câmara Municipal de Oeiras, em Portugal, que já realizou várias ofertas de equipamentos para os bombeiros de S. Vicente. E, se é necessário reduzir o número de festivais de música para “arranjar” dinheiro para a Proteção Civil, que se reduza.

Quanto aos recursos humanos é sempre possível, junto das universidades, escolas, instituições e associações, encontrar jovens disponíveis para essa missão, desde que os capacitem com uma boa formação básica na área do pré-hospitalar.

Senhores VEREADORES e Ti Gust, deixem de postar nas redes sociais o que, eventualmente, desejam e comecem a se preocupar com os reais problemas da nossa querida Ilha Monte Cara, onde, diariamente, crescem os índices de pobreza.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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