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Candidata a docente cansada de aguardar para lecionar, quando, diz, as aulas começaram e há vagas disponíveis em S. Vicente

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A candidata a professora Virgínia Ângelo está inconformada com o facto de ainda estar a aguardar chamada do Ministério da Educação para ministrar Educação e Moral, quando as aulas já começaram e sabe que falta docentes nessa disciplina em S. Vicente. Esta jovem afirma que participou no último concurso para lecionar Moral, ficou na 21 posição, sabe que os colegas que ocuparam as posições acima já foram colocados, no entanto o processo ficou congelado na sua vez, quando, reafirma, há turmas com necessidade de professores em Educação e Moral Religiosa na cidade do Mindelo, onde reside.

“Tenho a certeza de que há turmas sem professores, mas não posso precisar o número porque chegaram a encerrar algumas salas antes do início do ano”, enfatiza Virgínia Ângelo, que se mostra agastada com a situação.

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Os motivos de reclamação desta jovem não se esgotam, no entanto, nesse ponto. A saga, diz, começou em 2018 quando terminou uma licenciatura. Participou num concurso para docente e foi colocada na ilha do Fogo onde foi docente do ensino básico.

No ano seguinte, 2019, foi informada que precisava fazer novo concurso. Entretanto, a prova foi marcada para 10 de julho, data em que teria de viajar do Fogo para S. Vicente. “Comuniquei a minha situação ao Ministério da Educação e deram-me autorização para fazer o teste na cidade da Praia (em vez de ser no Fogo), pois da Capital apanhava o voo para Mindelo. Comprei uma segunda passagem, mas, quando cheguei em Santiago disseram que tinham cancelado a prova porque não tiveram tempo para preparar todo o processo”, conta.

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Segundo Virigina Ângelo, aproveitou para expor o caso por escrito à então ministra, que encaminhou a carta ao director dos recursos humanos, que prometeu resolver o problema. Com esta promessa, a jovem viajou para Itália, país onde nasceu, regressou a Cabo Verde e partiu logo para Fogo com a intenção de continuar a lecionar nesta ilha. Para espanto dela, em outubro chegou um professor para trabalhar no lugar dela. “Vi logo que não resolveram coisa nenhuma”, desabafa a docente, cujo nome tinha saído, entretanto, numa lista oficial de professores do Ministério da Educação.

Com o dinheiro de um subsídio de féria, regressou à cidade do Mindelo e, ao contactar o Ministério da Educação sobre o caso – e o facto de o seu nome constar da lista -, foi informada de que se tratava de um erro. “Disseram-me para esquecer essa lista!”

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Em 2020, Viginia Ângelo participou num novo concurso, porque, diz, não gosta de ficar à espera que as coisas caiam do céu. Passou na prova de conhecimento, mas tinha de fazer o teste de competência que, segundo ela, aparecia pela primeira vez. Deste modo, passou a consultar os websites da Direção Nacional da Administração Pública e do Ministério da Educação todos os dias para apurar a data do teste de competência. Segundo esta docente, a informação só viria a ser divulgada nessas plataformas digitais uma semana após a realização do teste. “E tenho testemunhas de que não publicaram essa informação de forma atempada”, assegura. Resultado: mais uma vez ficou “cancelada”, sem poder fazer nada para remediar a situação.

Persistente, essa candidata voltou a concorrer em 2021 a uma vaga. Informa que ficou em primeiro lugar na prova de competência a nível nacional e obteve boa classificação no teste de conhecimento. Já na entrevista, conseguiu a nota de 17 valores, que acabou por prevalecer. Ficou, deste modo, classificada na 21. posição da lista global dos candidatos. Porém, diz, houve uma candidata cujo processo não deveria ser aceite por falta de documentação fundamental no concurso para docente da disciplina de Educação e Moral.

“O processo dessa pessoa deveria ser anulado, no entanto foi aceite, o que é injusto. E o mais interessante é que essa candidata foi dar aulas numa outra disciplina”, informa Virgínia Ângelo, que se mostra ainda mais indignada porque, diz, quer trabalhar como docente, fez duas formações para o efeito, e não lhe dão a sua oportunidade. Acrescenta que tentou concorrer nas disciplinas de Moral e Artística, mas foi impedida de fazer as duas provas. Optou pela Moral porque fez uma pós-graduação em Ciências Religiosas e achava que tinha mais hipóteses de ser selecionada. “Pura ilusão”, exclama.

Aguardar a vez

A candidata Virgínia Ângelo ainda não foi chamada para lecionar porque, segundo Dulcínia Lima, directora dos Recursos Humanos do ME, ficou posicionada no 21. lugar da classificação geral e terá de aguardar a sua vez. Em conversa com Mindelinsite, assegurou que todos os candidatos anteriores já foram convocados, mas o processo parou justamente na posição onde se encontra a referida docente por falta de vagas. Deixa claro, entretanto, que o Ministério da Educação não chamou mais ninguém depois disto. Por outras palavras, nenhum candidato que ficou atrás de Virginia Ângelo foi selecionado.

“Os colegas anteriores já foram colocados todos, inclusivo temos candidatos que não aceitaram a vaga; vamos colocando conforme a necessidade de professores nas turmas”, informa a responsável dos RH do referido ministério. Esta fonte diz entender a ansiedade da candidata, mas assegura que será chamada consoante a disponibilidade de vagas. “Possivelmente será chamada nos próximos tempos porque estamos no início do ano lectivo”, acentua Dulcínia Lima, que desconhece, entretanto, a disponibilidade de vagas em S. Vicente na disciplina de Educação e Moral. Segundo esta responsável, cabe ao Delegado do ME confirmar essa informação.

Quanto a denúncia feita por Virgínia Ângelo sobre uma candidata que foi selecionada sem ter apresentado um documento fundamental, a referida directora dos RH diz que se trata de uma informação muito sensível. Isto porque, explica, o concurso foi regulamentado pela DNAP e o júri composto por pessoas competentes.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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