A empresa V&H Investimentos, criada em São Vicente por dois emigrantes, começa a ganhar terreno nesta ilha e não só com venda de peças e carros usados importados dos Estados Unidos, com financiamento até 50 por cento. Wandoerley Rodrigues e Hélio Monteiro, que já possuem um negócio próprio de entrega e montagem de electrodomésticos nas terras do Tio Sam desde 2017, fazem um balanço positivo dos primeiros seis meses de operações e garantem que esta actividade é apenas a sua “porta-de-entrada” no mercado cabo-verdiano.
Em entrevista ao Mindelinsite, Hélio Monteiro e Wanderley Rodrigues afirmam que desde sempre quiseram investir no seu país. São amigos e compadres e decidiram unir esforços e entrar na área de importação de viaturas usadas e acessórios, depois de constatar uma lacuna no mercado mindelense de peças para carros americanos. “Para nós, este negócio é a nossa porta de entrada para futuros investimentos que pretendemos fazer em Cabo Verde. Temos muitas ideias, mas o nosso foco é a imobiliária. É uma área que nos atraí”, diz um dos sócios-gerentes da V&H Investimentos, empresa cuja loja fica na rua dos Salesianos e tem ainda um armazém em Chã de Marinha.
A loja foi inaugurada em dezembro de 2020, mas, segundo Monteiro, já tinham feito um aturado trabalho de terreno para conhecer o mercado mindelense. “Desde 2019 vínhamos com regularidade e trazíamos alguma coisa, tendo em vista a abertura da nossa loja ou showroom. O nosso diferencial é que importamos peças e trouxemos um sistema inédito, mas muito usado nos EUA, que nos permite financiar as viaturas até 50 por cento. Apelidamos este sistema de ´financiamento dentro de casa` em que os nossos clientes não precisam recorrer a empréstimos bancários para adquirir uma viatura.”
Trocando por miúdo, segundo Wanderley Rodrigues, na compra de um carro, o cliente entra com 50% do valor. Os 50% restantes podem ser financiados pela empresa em prestações mensais. “Obviamente que o cliente tem de se qualificar para merecer o financiamento. Por exemplo, tem de ter um emprego fixo e/ou condições de pagar o restante valor, consoante um plano de pagamento que pode ir de dois a três anos, com liquidações mensais”.
Carros próprios
O propósito, reforça Hélio Monteiro, é ajudar as pessoas que queiram ter um carro próprio a realizar o seu sonho, sem juros a perder de vista. “Um outro grande benefício deste sistema é que o financiamento é sem juros. A empresa aplica apenas uma taxa, que se destina às Finanças. O preço que o cliente vai pagar é o mesmo da compra a pronto pagamento”, diz este empresário, que realça ainda o facto dos clientes beneficiarem ainda de 15% de desconto na compra de qualquer peça na sua loja. “Também fazemos encomendas quando não temos uma peça no nosso stock. Neste caso, o cliente paga uma pequena parcela, fazemos o pedido e na entrega paga o valor restante.”
E seis meses depois, o balanço é francamente positivo, de acordo com Wanderley Monteiro. “Estamos a afirmar-nos no mercado. Sabemos que é preciso algum tempo para singrar, sobretudo dada a situação que se vive no mundo por conta da pandemia da Covid-19. Mesmo assim, a nossa vinda para Cabo Verde através da empresa V& H Investimento superou todas as nossas expectativas iniciais”, refere este empresário, que já pensa em expandir.
“Pensamos cobrir toda a região de Barlavento, até porque não conhecemos o mercado na região Sul. O bom é que, quando decidimos abrir este negócio, investimos apenas capital próprio, ou seja, não precisamos recorrer à banca. E neste momento já garantimos pelo menos dois postos de trabalho directos e outros tantos indirectos”, pontua Hélio Monteiro.
Isto porque os carros usados que a empresa importa foram acidentados nos Estados Unidos. “São carros acidentados, mas em bom estado. São adquiridos e enviados para Cabo Verde para serem reparados e depois vendidos. Por conta disso, já temos parcerias com mecânicos, bate-chapas, pintores, pessoas que fazem uma limpeza de fundo nos carros, entre outros. Enfim, estamos a trabalhar com muita gente.”
O próximo desafio destes dois empresários é abrir uma oficina própria de bate-chapa. A ideia já está a amadurecer e esperam concretizá-la em breve. “Felizmente, está a correr tudo conforme os nossos planos. Os nossos clientes chegam até nós através da publicidade que fazemos na rádio, mas também através da página da empresa no Facebook e no passa-palavra. O nosso propósito é servir os nossos clientes. Neste sentido, temos também uma máquina para fazer chaves dos carros, que era outra demanda.”
Depois de 24 anos dos Estados Unidos como emigrante, Hélio Monteiro, que viajou com apenas 15 anos, afirma que não podia estar mais satisfeito com este “regresso” à ilha que o viu nascer como investidor e não apenas para desfrutar das férias, como faz todos os anos. Com menos tempo – 14 anos – Wanderley Rodrigues mostra-se igualmente entusiasmado.
