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Quase completando 12 anos do projeto, o que se sente por dentro da SIMABÔ?

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Por: Guilherme Regy Oliveira

O projeto SIMABÔ está completando 12 anos! Com sucessos, diga-se de passagem, atingindo em vários domínios as metas propostas. A associação vem sendo constantemente desafiada a se reinventar, para a aquisição e potencialização dos seus parcos recursos, para cumprir os objetivos e manter em funcionamento as suas estruturas básicas, como o Centro de Castração, o canil e o escritório. Tem o número de colaboradores mínimos necessários para o seu bom desempenho, principalmente após o término da subvenção da União Europeia, que era para os cinco primeiros anos do projeto-piloto. Reinventa-se, por exemplo, ao criar e gerenciar um hostel solidário, para ajudar na captação de algum recurso. 

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Mas, apesar do regozijo e do orgulho em fazer parte deste projeto, um sentimento que também surge entre os funcionários e os gestores é meio que de abandono. Abandono porquê? Por parte de quem? Abandono por parte das autoridades que deveriam ser competentes na matéria e que deveriam ser os responsáveis e executores de todo o trabalho que só a Associação tem feito. Ou, no mínimo, serem as partes mais interessadas ou então os maiores colaboradores. E nem é falando necessariamente em termos financeiros, mesmo que isso também possa sim otimizar o resultado final.

Apesar do Centro de Castração e Desparasitação funcionar sete dias por semana, com uma média de procedimentos bastante satisfatória, a sensação – mesmo com ótimos resultados ao longo desses anos – é a de que a caminhada para a redução dos animais em situação de rua para quase zero (o que seria o ideal), não consegue avançar  na velocidade que poderia…”

Pode-se perguntar o porquê de se estar a falar nisso agora, se o tema sempre está presente para quem está trabalhando no projeto diariamente, como forma de lamento, por falta da tal colaboração necessária. E por que estamos passando ou passaremos por uma série de eleições em menos de um ano, a pergunta que vem mais à tona no meio dessas conversas é: quando, quem e como algum desses intervenientes dos governos locais ou central irá olhar para este tema com melhores olhos?

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É que, apesar do Centro de Castração e Desparasitação funcionar sete dias por semana, com castrações de segunda a sexta-feira, com uma média de procedimentos bastante satisfatória, a sensação – mesmo com ótimos resultados ao longo desses anos – é a de que a caminhada para a redução dos animais em situação de rua para quase zero (o que seria o ideal), não consegue avançar  na velocidade que poderia, e por vezes tem-se a sensação de que há uma estagnação no meio caminho. 

Isso porque o número de animais castrados e todo o trabalho de sensibilização feito com os donos aos quais conseguimos chegar, que são a grande maioria, é contrabalançado negativamente e rapidamente pelos outros donos que têm ainda alguma dificuldade em compreender os motivos para a castração e as consequências da não castração dos seus animais. Ainda mais aqueles que ficam na rua, que quase conseguem repor a população com novos filhotes, na mesma velocidade da nossa atual capacidade de efetuar castrações.

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É neste ponto que se evidencia a necessidade de colaboração dos órgãos competentes dos governos locais e central. 

“O número de animais castrados e todo o trabalho de sensibilização feito com os donos aos quais conseguimos chegar, que são a grande maioria, é contrabalançado negativamente e rapidamente pelos outros donos que têm ainda alguma dificuldade em compreender os motivos para a castração e as consequências da não castração dos seus animais.

A SIMABÔ não pode (nem as outras similares pelo país) obrigar ninguém a cuidar do seu animal de estimação, a castrá-lo, ou a não o deixar em situação de rua. Mas o governo local e o governo central têm esse poder. O primeiro já o chegou a fazer, ou pelo menos em parte, através das imposições presentes nos códigos de posturas municipais; o segundo deve o mais breve possível providenciar leis que ajudem nessas causas, que exijam a responsabilização dos tutores e prevejam a devidas penalizações em casos de descumprimentos. 

É mais que possível, a nível local e também nacional, ter uma abordagem diferente do que se tem feito, ou não feito até então. Pode-se fazer muito mais, não desperdiçando tempo nem recursos, mas aproveitando a ajuda das instituições já montadas e em funcionamento, em vários pontos do país. 

É mais que necessário que os profissionais da área sejam escutados com ouvidos de quem quer realmente entender tecnicamente os motivos da defesa de melhores abordagens. Decerto que todos querem o melhor para o nosso país, com o mínimo de gastos e o máximo de eficiência possível, mas os profissionais da área e os que trabalham no terreno são os que devem ser escutados para melhor viabilizarem os planos técnicos para a abordagem eficaz da questão.

A população é um outro ponto importante. Falta ação adequada de sensibilização/informação amplamente divulgadas nos media oficiais nacionais? Falta. Mas muito já se sabe, e é necessário que comece a emergir, em cada zona ou bairro de São Vicente, uma Jaqueline Matias como a lá de Salamansa! Alguém que toma em suas mãos a função de explicar os propósitos a quem necessitar na sua vila, e ainda organiza a lista de castrações necessárias a serem feitas lá pela SIMABÔ, quando ela chamar, mais ou menos a cada seis meses. Proatividade cidadã e mudança de hábitos na nossa sociedade, também precisa-se. Porque é principalmente uma questão de educação.

É um trabalho amplo, em diversas vertentes, que já vem sendo desenvolvido mas que necessita da colaboração de todos esses intervenientes mencionados acima para a sua plena realização.

Veterinário na SIMABÔ desde 2012

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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