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Qual a saúde da nossa Saúde Pública?

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Por: Nelson Faria

A saúde é o bem mais precioso que devemos almejar e cabe a cada indivíduo zelar pela sua, porém, mesmo com todo o zelo e cuidado que se tenha, o risco de ficarmos doentes é real, pois, somos seres humanos e faz parte da nossa condição nesta caminhada até a hora final a possibilidade contrairmos algumas enfermidades, esperando e desejando que sejam tratáveis de modo que possibilite vivermos muitos anos. Afinal, viver com saúde é viver com prazer, é viver na plenitude. É a nossa condição de saúde que possibilita e condiciona todo o resto.  Não há nada primeiro e mais importante que a saúde, a razão do brinde e da celebração.

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Bem, em caso de doença, contamos, naturalmente, que o país tenha condições satisfatórias para nos acudir, particularmente nos serviços públicos de saúde pelo qual contribuímos, pelo qual, em nosso nome, são solicitados apoios externos e contraídas dívidas para o efeito, numa perspetiva de universalização dos cuidados de saúde abrangendo igualmente quem pode e quem não pode pagar por esse bem tão precioso e único. O desejo do cidadão comum é contar com um serviço satisfatório que lhe possibilite recompor-se e cuidar da doença para viver da melhor forma possível. A promessa de quem gere e governa o bem público neste quesito também é de facultar o melhor possível para todos os cidadãos, ao menos garantir que o essencial exista e seja satisfatório. Os serviços têm correspondido aos anseios da população?

Bem, pelas denúncias públicas dos utentes, de várias formas em diferentes plataformas e algumas notícias preocupantes sobre o sector, é assinalável o facto de não corresponder integralmente aos anseios de quem se propõe servir: a população. Creio que seria pertinente ser estudado este fenómeno: Qual o grau de satisfação / insatisfação com o serviço público de saúde? Onde paira a responsabilidade da insatisfação dos utentes? Tem um ou vários responsáveis? Quem são? Como estão interligados? Quais as razões que levam ao cenário atual de aparente insatisfação?

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Quando a preocupação e a reclamação com o serviço público de saúde extravasam o utente e é denunciado pelos profissionais da área, alarma mais ainda. “O Sistema Nacional de saúde está em crise e a beira de um colapso, é a convicção que profissionais de saúde têm, é a verdade que tem de ser dita aos cabo-verdianos” Tito Rodrigues – Médico Ortopedista do HBS – na Conferência de imprensa de anúncio do Pré-aviso de greve dos profissionais de saúde no dia 1/11/2023. Ouvido isto, a minha questão é qual a verdadeira situação do sistema? Como curioso, gostaria de saber mais detalhes porque sou um potencial usuário dos serviços. Do que se tem visto, há uma insatisfação generalizada dos profissionais de saúde pelas razões indicadas nessa conferência de imprensa, o que, per si, é grave e pode provocar estrangulamentos no serviço prestado. Que outras causas ou fatores colocam o sistema nacional de saúde em crise à beira de um colapso?

Sabemos que não viemos para ficar e nem ficaremos para sementeira, porém não desejamos certamente que nos seja apressada a passagem para o outro lado, sem os devidos e merecidos cuidados. Por isso, a saúde e as garantias de tratamento na doença, caso ocorra, são fundamentais para o nosso equilíbrio físico e emocional nesta passagem. Se os utentes estão insatisfeitos, se os profissionais de saúde estão insatisfeitos, quem poderá estar satisfeito com o sistema de saúde pública? Os discursos convenientes a mim já não satisfazem, a demonstração material de algumas ações sem grande impacto pouco me dizem, mormente se o ser humano, a pessoa a ser cuidada quer como profissional de saúde, quer como utente do serviço não for ouvida e atendida corretamente. Se cabe a cada indivíduo enquanto gestor do seu corpo cuidar da sua saúde, penso que cabe aos governos enquanto gestores temporários do Estado, cuidar do sistema de saúde. Que diagnostiquem e apliquem o remédio para a satisfação e saúde do nosso sistema público.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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