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Como a Blackwater estará a preparar 5000 mercenários para afastar Maduro

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Empresa de segurança privada americana está há meses a recolher apoios políticos e investimentos financeiros para criar um exército privado para apoiar o presidente interino da Venezuela Juan Guaidó, avança a agência Reuters.

Em vários encontros privados que decorreram tanto nos EUA como na Europa, Erik Prince tem procurado recolher apoio financeiro e político junto de apoiantes do presidente Donald Trump e de exilados venezuelanos, avança a Reuters, citando quatro fontes diferentes ligadas a este assunto. O objetivo? Criar um exército privado de cinco mil homens para ajudar o presidente interino Juan Guaidó a tirar Nicolás Maduro do poder na Venezuela.

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A empresa de segurança privada Blackwater ficou tristemente famosa em 2007 quando foi acusada de matar 17 civis em Bagdad, tendo quatro dos seus mercenários sido acusados de homicídio em dezembro passado.

Blackwater foi acusada de violar os direitos humanos no Iraque

Prince acabou por mudar o nome à empresa e vendê-la em 2010. Mas recentemente criou uma outra chamada Blackwater USA, que vende munições, silenciadores e facas. Influente junto da Administração americana – a sua irmã Betsy De Vos é a secretária da Educação de Trump, Prince tem procurado convencer o presidente a substituir os soldados americanos destacados no Afeganistão por mercenários. Até agora, sem sucesso.

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Inquiridas pela Reuters, nem a Casa Branca nem os próximos de Juan Guaidó confirmaram os encontros com Prince. Mas em janeiro, o conselheiro para a Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, surgiu numa conferência de imprensa sobre a situação na Venezuela com um documento debaixo do braço no qual se lia “5000 tropas para a Colômbia”.

Segundo a Reuters, o plano de Prince é precisamente criar um exército de 4000 a 5000 soldados que operem a partir da Colômbia. Primeiro em operações de espionagem e recolha de informação para derrotar Maduro. Um plano que nenhum dos vários governos que apoiam Guaidó confirma, no entanto. E, em termos militares, esses cinco mil mercenários estariam longe de ser suficientes para uma intervenção militar na Venezuela. Até porque neste momento a Venezuela tem 350 mil militares no ativo, mais dois milhões na reserva. A larga maioria parece por enquanto estar do lado de Maduro.

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Quem confirma o interesse de Prince na segurança da Venezuela é Lital Leshem, o diretor para as relações com os investidores da Frontier Resource Group (FSG), o fundo de investimentos de Prince. “Ele tem uma solução para a Venezuela como tem uma solução para muitos outros sítios”.

“Ele tem uma solução para a Venezuela como tem uma solução para muitos outros sítios”

Sediada no paraíso fiscal das Bermudas, mas cotada na bolsa de Hong Kong, a FSG desenvolve vários tipos de atividades, desde investimentos diretos a construção de obras públicas e de fábricas, passando pela venda de armas e construção de bases para o exército chinês.

Potencialmente perigoso

Questionados pela Reuters sobre as potencialidades do plano de Prince para a Venezuela, vários analistas consideraram-no politicamente pouco sustentado e potencialmente perigoso, falando mesmo na hipótese de poder levar a uma guerra civil. Um exilado venezuelano próximo da oposição ouvido pela agência noticiosa concordou em parte, mas admitiu que contratar seguranças privados pode ser útil em caso de queda do governo de Maduro, para garantir a proteção de Guaidó e da sua equipa.

Erik Prince no Congresso

Filho de um empresário que enriqueceu a vender peças para automóveis, Prince tem sido uma das vozes mais ativas a favor da privatização da guerra, com os seus mercenários presentes em zonas de conflito que vão desde o Médio Oriente a África, passando pela Ásia Central.

Nascido no Michigan em 1969, o antigo Navy SEAL deixou as forças armadas em 1995, quando o pai morreu, para assumir a empresa da família. Dois anos mais tarde mudou-se para o sector privado, tendo fundado a Blackwater.

Operação Liberdade

A Venezuela viveu na quarta-feira uma segunda onda de manifestações. O dia de terça-feira tinha também terminado em protestos violentos, dos quais resultaram um morto e 80 feridos, segundo um levantamento de um grupo de militares em Caracas.

Milhares de pessoas concentraram-se quarta-feira em vários locais da capital venezuelana, de acordo com o apelo de Guaidó. Os fiéis do governo concentram-se no centro e oeste de Caracas para participar nas manifestações convocadas pelo executivo a propósito do 1.º de Maio.

O presidente interino da Venezuela desencadeou na madrugada de terça-feira a chamada Operação Liberdade contra o regime de Nicolás Maduro em que envolveu militares e para o qual apelou à adesão popular. Um dos momentos mais emblemáticos da manhã foi a libertação de Leopoldo López, opositor que se encontrava em prisão domiciliária e que entretanto se refugiou na embaixada de Espanha em Caracas.

O regime ripostou considerando que estava em curso uma tentativa de golpe de Estado. Mas para já a situação continua dominada pelo regime.

Apesar de Juan Guaidó ter afirmado ao longo do dia que tinha os militares do seu lado, nenhuma unidade militar aderiu à iniciativa nem se confirmou qualquer deserção de altas patentes militares fiéis a Maduro.

C/Dn.pt

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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