Pub.
EconomiaEscolha do Editor
Tendência

Produção de biogás: Proprietário de “A Nossa Quinta” comemora três anos sem comprar uma garrafa de gás butano

Pub.

O proprietário de “A Nossa Quinta”, em Ribeira de Vinha, comemora a autonomia total alcançada com a produção e consumo de biogás, obtido através de excrementos de animais, no caso de porcos de criação. Pedro Rocha, mais conhecido por Pedro de Fantastic, não compra gás butano há cerca de três anos e já pensa em expandir o fornecimento para alguns vizinhos por forma evitar algum desperdício. 

Em entrevista ao Mindelinsite, Pedro Rocha explica que gosta de pesquisar e inovar. Foi através das suas pesquisas que descobriu que grande parte das quintas no Brasil conquistaram a sua autonomia energética através da produção de biogás. Entusiasmado, procurou informar e trazer esta inovação para a sua quinta. “Contactei então o engenheiro mecânico Marcos Cruz, que é proprietário da empresa Prosol, e, juntos, desenvolvemos um projecto-piloto, que neste momento nos permite produzir biogás. Há três anos que não compro uma garrafa de gás sequer. Quando as autoridades anunciam os aumentos já nem me preocupo em saber a dimensão dos aumentos”, comemora. 

Publicidade

Este projecto, afirma, foi possível porque na sua quinta já fazia criação de porcos, com cerca de 50 cabeças. O estrume produzido era até então utilizado apenas como adubo para agricultura. Entretanto, tinha uma despesa mensal na ordem dos oito mil escudos com compra de gás butano. Com orientação do engenheiro Marcos Cruz, começou a compactar os excrementos de porcos em  biodigestor, uma espécie de cisterna, e fizeram uma canalização directa para o fogão a gás. “Antes de chegar no fogão, colocamos um filtro de gasolina para eliminar qualquer odor e desde então temos gás grátis em casa. É algo muito simples e não requer grandes investimentos”, clarifica.

Ilustração curral de porcos

Para este agricultor e criador de animais santantonense, o retorno do investimento feito é quase que imediato. “O investimento foi basicamente na construção da fossa e  instalação dos tubos PPR.  E é uma experiência que está dando muito certo”, detalha Pedro sem avançar os valores porquanto, diz, há uma empresa a fazer este trabalho e não vai “acabar” com o seu negócio. “O que posso dizer neste momento é que tenho gás butano em quantidade para cozinhar na quinta. No futuro penso adquirir um frigorifico a gás. Penso igualmente comprar um gerador para produzir energia, também com biogás.”

Publicidade

Pedro d’Fantastic garante que tem neste momento cerca de 100 quilos de gás que, se não for usado, acaba por ser desperdiçado. “Isto acontece porque este projecto foi empírico, ou seja, não tínhamos muita experiência. Mas nos próximos vamos dimensionar o espaço de armazenamento. E o excedente que não for consumido na quinta, vou canalizar para pelo menos dois vizinhos próximos. Isto porque, se o gás não for consumido, perde-se porque não tenho como engarrafar ou dar outro uso”.

Para distribuir este gás, explica este empreendedor, basta colocar uma válvula e fazer a canalização. Entretanto, para garantir uma chama forte e constante no fogão, terá de aumentar o abastecimento com excrementos de animais, seja porco, vaca ou cabra. “No meu caso, prefiro utilizar o excremento de porco porque é mais maciço. É um aprendizado diário e, felizmente, sou uma pessoa curiosa. Por conta disso, aliás, fiz uma canalização do curral para a cisterna, sem intervenção humana. Entra fezes de porco e saí biogás e NPK, esta um estrume muito forte para agricultura ”.

Publicidade

Significa que, a par do biogás, este sistema permite aproveitar os excrementos para agricultura e venda. “Vendo um saco de NPK por 100 escudos. Tem muita procura mas, infelizmente, a produção ainda é reduzida. Mas futuramente espero aumentar a produção. É um estrume sem monda e queimado, ideal para agricultura”, indica Pedro, que diz inspirar-se nas reportagens das televisões brasileiras e que levou-o a procurar o engenheiro Marcos Cruz para, juntos, desenvolverem este projecto. 

Foi um projecto para consumo caseiro, nunca para venda, aproveitando a criação de animais em “A Nossa Quinta”. Mas, com os conhecimentos adquiridos, este empreendedor desafia agora os governantes a transformarem a lixeira em um centro de biogás para os moradores locais e também a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) para distribuir para o centro da cidade do Mindelo. 

Mostrar mais

Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo