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BestFly comunica suspensão definitiva das suas operações em Cabo Verde

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A BestFly decidiu abandonar de vez as operações aéreas em Cabo Verde. A informação foi avançada há momentos pelo jornal ExpressodasIlhas, que teve acesso a um comunicado da companhia. Na nota, a empresa justifica a medida devido a falta de condições para prosseguir com o trabalho que vinha desenvolvendo, enquanto acionista maioritário da TICV. Deste modo, diz, optou por suspender definitivamente a sua actividade em Cabo Verde, tendo já apresentado esse pedido junto da Agência de Aviação Civil – AAC.

No comunicado, segundo o Expri, a empresa refere que foi surpreendida com a receção no dia 19 de abril de 2024 de uma carta da AAC dando conta de que, após aprovação inicial, tomou a decisão de revogar a aprovação que tinha concedido para o contrato de wet lease de uma aeronave mobilizada para regularizar a conectividade interilhas em Cabo Verde, aparelho que já se encontrava no país.

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A chegada do avião a Cabo Verde, referiu a empresa, “tinha como objetivo assegurar a manutenção do serviço prestado, suprindo a ausência de duas aeronaves que se encontram imobilizadas por motivo de manutenção”. “Todos os esforços foram encetados para garantir a maior rapidez possível no processo de mobilização dessa aeronave, estando a TICV ciente de que a ligação interilhas em Cabo Verde desempenha um papel fundamental na coesão territorial, social e económica do país”, enfatizou a transportadora aérea.

Segundo a BestFly, foi surpreendida pela decisão da Agência de Aviação Civil, que justificou a mesma por considerar que “não é plausível” o enquadramento do pedido da TICV.  “No que a wet lease diz respeito, a regulamentação cabo-verdiana é clara: este mecanismo pode ser utilizado como reforço da frota ou devido à indisponibilidade da mesma em casos como trabalhos de manutenção”, diz a empresa.

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O enquadramento apresentado pela BestFly/TICV para o pedido de aprovação do contrato de wet lease, na perspectiva da companhia, está ao abrigo e em total conformidade com a regulamentação. Salienta, entretanto, que a AAC tratou o pedido com uma morosidade que não se coaduna com a premência do mesmo. A transportadora assegura ter procedido em absoluta conformidade com a regulamentação da aviação civil cabo-verdiana. No entanto, diz que o pedido de aprovação de um contrato para a entrada temporária de uma aeronave em operação, com vista a regularizar a ligação interilhas, foi recebido pela AAC num clima de desconfiança, lentidão e hostilidade.

Conforme Nuno Pereira, CEO da BestFly World Wide, acionista maioritário da TICV, a companhia tem cumprido o compromisso assumido para garantir as operações aéreas em Cabo Verde, ciente da importância das ligações aéreas num país arquipelágico. Neste sentido, prossegue, a empresa procurou nortear a sua ação pelo dever de fomentar uma relação de confiança e estabilidade com os seus clientes.

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“No entanto, temos operado num ambiente de negócios tóxico e punitivo, que condiciona severamente a nossa capacidade de ação, apesar do investimento contínuo que temos feito na conectividade doméstica”, aponta Nuno Pereira, para quem o contexto, “longe de ser o ideal”, tem sido marcado por situações de “franca anormalidade”, que impedem uma resposta rápida aos desafios com que qualquer operação aérea se depara e que em nada contribuem para o desenvolvimento económico de Cabo Verde.

“Sugiro que as autoridades cabo-verdianas façam a devida análise de quantas companhias já operaram em Cabo Verde nos últimos 10 anos”, desafia o administrador da BestFly. A seu ver, o resultado dessa análise deve justificar uma profunda reflexão sobre o ambiente de negócios vivido em Cabo Verde.

A revelação da BestFly foi antecipada pelo Presidente do PAICV, que anunciou em conferência de imprensa que a empresa se preparava para deixar de operar em Cabo Verde. No contato com a comunicação social, Rui Semedo salientou que esta é a terceira companhia aérea doméstica a despedir-se de Cabo Verde e em situações preocupantes. Relembra que a medida ocorre na sequência de uma degradação de serviços e encargos assumidos pelos cabo-verdianos através de impostos e às vezes até de propaganda do Governo na qualidade do serviço.

Rui Semedo acusou igualmente o Executivo de Ulisses Correia e Silva de estar “desaparecido”, por não se posicionar publicamente sobre o tema. Relembra que o Governo costuma fazer festas, brindes e comemorações nos momentos da chegada, mas desaparece quando há despedidas.

C/ExpressodasIlhas

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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