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Atletas Júnior, Lenine e Fred desiludidos com recusa de vistos pelo CCV: “Um murro no estômago”

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Os atletas Lenine Mendes, Júnior Soares e Fred Wilson dos Santos ficaram desiludidos e indignados com a decisão do Centro Comum de Vistos de negar-lhes a entrada em Portugal para participarem no estágio da pre-seleção de Cabo Verde para Mundial de Andebol Egipto-2021. Abordados pelo MI, os três jogadores questionam os argumentos apresentados por esse serviço, que, lembram, alega que a informação apresentada acerca da justificação e condições para a estada dos mesmos em Portugal não era fiável. Para os atletas, este motivo é por demais questionável já que não foi aplicado no caso dos dirigentes e do treinador-adjunto que estavam nas mesmas condições, mas conseguiram a permissão.  

Segundo esses jogadores, entregaram todos os documentos exigidos e jamais esperavam essa situação, que apelidam de humilhante tanto para eles como para Cabo Verde. Lenine, guarda-redes do Desportivo da Praia, lembra que um dia antes estavam presentes num acto oficial com a presença do Primeiro-ministro, o ministro do Desporto, o presidente do Instituto da Juventude e Desporto, do responsável da FCA e do Embaixador de Portugal em Cabo Verde pelo que nada poderia prever esse desfecho.

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“Foi um murro no estômago de todos. Senti uma forte decepção nos responsáveis do IDJ. Ninguém esperava uma atitude dessas, uma txacota (brincadeira) para com a imagem de Cabo Verde”, comenta o internacional Lenine Mendes, um dos atletas que integrou a equipa nacional que conseguiu o apuramento para o mundial na CAN, na Tunísia. Esta, no entanto, foi a segunda vez consecutiva que o Centro Comum de Vistos negou-lhe o visto para o espaço europeu. Na altura, conta, teve que viajar directamente para a Tunísia sem fazer qualquer treino com o resto da seleção.

No entanto, desta feita, Lenine Mendes confessa que o comportamento do CCV ultrapassou todos os limites. Como diz, todos sabem da qualificação de Cabo Verde para o “Egipto-2021” e houve a promessa do Governo que faria tudo para ajudar a missão da equipa de andebol. “Alguém precisa bater a mão em cima da mesa e acabarmos com as falinhas mansas”, defende o atleta.

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“Hostilidade” do CCV

Os atletas sentiram que algo não batia certo quando começaram o contacto com o CCV. Dizem que foram tratados com alguma hostilidade logo no início e estranharam quando o serviço pediu o extrato de conta e uma declaração do local de trabalho, o primeiro um documento normalmente solicitado para viagem de turismo. Neste caso, lembram, as autoridades desportivas cabo-verdianas estavam a assumir as contas com a estadia dos atletas, dirigentes e equipa técnica. No entanto, tinham a esperança que as coisas seriam resolvidas tendo em conta o motivo da viagem. So que foi uma esperança vã.

Júnior Soares e Fred Wilson sentiram que o CCV lhes cortou as asas e o sonho de jogarem no maior palco mundial do andebol. Ambos mostram-se desiludidos, sem entender a verdadeira razão dessa medida. “Fiquei profundamente desiludido. Mas começaram a criar embaraço logo no dia em que fomos entregar os documentos. Começaram a pedir mais papelada, como extrato de conta, declaração de vencimento… Entregamos tudo, mas não valeu de nada”, comenta Fred, interior esquerdo do Atlético do Mindelo.

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A mesma apreciação tem Júnior Soares, guarda-redes também do Atlético, que não entende como no dia anterior havia a garantia de “todo o apoio” do Governo, na cerimónia de lançamento da campanha Cabo Verde no Mundial de Andebol – com a presença do Embaixador de Portugal -, e depois apanham com esse balde de água fria. “Em principio estávamos à espera apenas de receber os nossos passaportes e viajar”, frisa Júnior Soares, que pergunta como é que o Primeiro-ministro e o Presidente da Republica de Cabo Verde aceitam um tratamento desses.

Apesar disso, ainda os três atletas têm a esperança de viajar, embora esta seja muito remota. Por aquilo que sabem, as autoridades cabo-verdianas continuam a envidar esforços nesse sentido. Porém lembram que já perderam pelo menos dois treinos e que o estágio é de apenas uma semana.

O 27º Campeonato do Mundo vai ser disputado de 13 a 31 de Janeiro no Egipto. Cabo Verde integra o Grupo A, juntamente com a Alemanha, Hungria e Uruguai.

Este jornal tentou contactar o Centro Comum de Vistos por um telefone disponível no website da instituição, mas sem sucesso.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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