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Artistas mindelenses gritam em silêncio pela retoma das actividades culturais: “Estamos de luto!”

Entre 30 a 40 artistas desfilaram ontem em silêncio pelas ruas desertas da cidade do Mindelo a exigir o retorno à normalidade das actividades culturais, que estão suspensas desde o início da pandemia. Trajados com camisolas pretas, muitos deles munidos de instrumentos musicais, concentraram-se na praceta Dom Luís e depois seguiram em fila indiana para a Rua de Lisboa e as sete ruas de morada qual um cortejo de luto.

“Este grito de silêncio e para dizer que estamos de luto. Vivemos em plena pandemia, mas acontece que não foi dada a devida resposta às necessidades do pessoal das artes. Há artistas que vivem da sua actividade cultural e hoje vemos alguns que regressaram de outras ilhas porque já não conseguem suportar as despesas”, descreve Boss Brito, porta-voz do grupo, que critica o encerramento dos espaços culturais pelo Governo e que antes eram o sustento de muitos colegas. Em contrapartida, realça, os partidos políticos promovem aglomerações sistemáticas durante a campanha. 

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Segundo Boss, noutros países a tendência é a reabertura dos espaços culturais, mas em Cabo Verde o sentido é inverso. “Eu e mais outros artistas plásticos fomos os primeiros a fazer uma exposição de artes plásticas via internet, entretanto surge o programa 100Artistas e somos esquecidos. Mas pergunta-se qual o impacto que os 10 contos que o Ministério da Cultura disponibilizou para os artistas teve em oito meses sem rendimento?!”, questiona o artista plástico, que pergunta ainda se foi feito uma seleção intencional dos artistas contemplados.

Este adianta que os produtores de eventos culturais têm merecido tratamento privilegiado, aliás chega ao ponto de considera-los “empregados do Estado”. “São eles que prestam serviços nas palestras, festivais e espectáculos do Estado e ganham durante todo o ano. Já isso não acontece com os criadores, por exemplo”, critica. Para Boss, a proposta passa pela reabertura gradual dos eventos culturais ou a classe vai-se desmoronar. 

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A passeata dos artistas, que aconteceu no Dia Nacional da Cultura, foi transmitida em directo nas páginas pessoais dos participantes.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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