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Covid-19 fora de controlo: IGAE quebra silêncio e diz que não vai ser “complacente”

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A propagação do vírus da Covid-19 nas ilhas está fora de controlo com o registo ontem de 237 casos novos e cerca de 3 mil activos. O Director Nacional da Saúde admite uma “piora nos indicadores”, nomeadamente a duplicação do número de óbitos este mês. Depois de um recuo estratégico, a Inspeção Geral das Actividades Económicas (IGAE) emitiu um comunicado a endurecer o tom de voz, mas este não foi recebido de ânimo leve pelos cabo-verdianos que tem destilado críticas contundentes nas redes sociais.

Na nota, o IGAE diz que o número de novos casos da doença tem preocupado as autoridades nacionais, pelo que está num processo de “fiscalização rigorosa”. Neste quadro, afirma, está a trabalhar de forma intensa e atuante em todo o país, em todas as áreas económicas, em parceria com as Forças Armadas, Polícia Nacional, Proteção Civil, Entidade Reguladora da Saúde (ERIS) e Inspeção Geral do Trabalho. “No tocante ao funcionamento dos estabelecimentos de diversão noturna, a IGAE têm tido atenção às questões de aglomeração, utilização de máscaras, festas privadas, restaurantes, bares e discoteca, que até agora se converteram em lounge bar”, refere.

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Entretanto, prossegue a Inspecção Geral das Actividades Económicas, face a inobservância, o incumprimento ou a violação das normas, condições de segurança estabelecidas, constitui a infração e o cancelamento da licença ou encerramento do espaço, com base nos termos da Resolução nº4/2021 de 15 de janeiro. “A IGAE não vai ser complacente com os incumpridores e, neste fim-de-semana passado, na sua fiscalização noturna, encerrou alguns estabelecimentos de diversão noturna e vai continuar a fazê-lo sempre que haja violação destas normas estabelecidas.”

Também o DNS assinala um agravamento da situação. Em termos de mortes, diz, abril foi o mês em que houve mais óbitos, praticamente o dobro dos ocorridos em março. “Já vamos no total de 40 óbitos este mês. E ainda o mês não terminou”, afirmou, realçando que, com a identificação de tantos positivos, a probabilidades de haver casos graves e, consequentemente mortos por causa de covid-19 também aumentam. “Fazemos, por isso e uma vez mais, um apelo para o cumprimento das medidas de prevenção, principalmente a questão do distanciamento e da utilização correta das máscaras, para além da higienização das mãos e limpeza das superfícies”.  

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Para Jorge Barreto, cada vez mais se torna necessário que as pessoas compreendem o seu papel tem nesta luta, no sentido de evitarem situações de aglomeração. “Temos verificado ajuntamentos, principalmente em relação a atividades lúdicas, festas privadas e em espaços públicos que não estão em concordância com a evolução da pandemia. Temos a sensação de que as pessoas ficam abaladas com os números que temos estado a verificar, mas o seu comportamento não coaduna com a situação epidemiológica.”

Porém, o apelo do DNS e o comunicado do IGAE não foram bem recebidos.  Criticam sobretudo a IGAE que afirma ter “estado de quarentena”, outros há que esperavam “medidas mais sérias”, como estado de emergência ou calamidade. tendo em conta a evolução da pandemia. “Fala sério…Estão a brincar com a cara das pessoas”; “Cara de lata ká tem limite”; “Hipocrisia”; “Estavam a fazer campanha”; “Cara de pau…mas alguma coisa tem de ser feita urgentemente pois o mal já está feito, agora precisamos de atitude para minimizar o estrago”; “As autoridades que deviam dar ao respeito para serem respeitadas, agora têm a alcunha de belas adormecidas”. Estes são apenas alguns dos comentários.

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Outros há que esperavam medidas mais assertivas, alegando estarem cansadas da insistência nas questões de prevenção e sensibilização, quando as pessoas sequer seguem o conselho de utilizar máscaras. “Temos neste momento 41 pessoas internadas nos diversos hospitais, cinco em estado grave e 2 crítico. As estruturas hospitalares estão em vias de colapsar. E o número de novos infetados não param de aumentar. E ainda se perde tempo assobiando para o lado e adia-se o inevitável”, constata Rocca Vera-Cruz.

Já para o deputado da Nação e Vereador da Camara da Ribeira Grande de Santiago, Alcides de Pina, as críticas à estas medidas são de “Paicvistas nos seus lamentizinhos”. “Medidas acertadas nunca é tarde. Covid-19 está a aumentar e é preciso medidas adicionais, que estão a ser adoptados. Não é só campanha. A população começou a descuidar antes e, perante o crescimento dos casos, é preciso agir. Nada mais correto e necessário. Vamos cumprir e nada mais”. Esta publicação mereceu reação imediata de um internauta, que alertou Alcides Pina que a Saúde Pública não pode ser assunto de política ou partidário. “Se alguém de agredir fisicamente e depois fizer um curativo, então o que interessa é que, apesar da agressão, ele é uma boa pessoa porque está a cuidar de ti?, interroga.

Criticas à parte, a verdade é que ontem Cabo Verde registou 232 casos novos em 1159 amostras. Destes 74 foram em S. Vicente (334 exames), 59 na Praia (164 testes) e 36 na Boa Vista (155 analises). Estes dados constam do comunicado do Ministério da Saúde e da Segurança Social que revela ainda que 321 doentes receberam alta. Ainda assim, o país contabiliza 2839 activos, há 19525 recuperados, 208 óbitos por Covid-19, 6 por outras causas, 8 transferidos, perfazendo 22.586 casos positivos acumulados em pouco mais de um ano de pandemia no país.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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