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Investigador Ildo Rocha: “Cabo Verde – Caminhos da História” visa mostrar aos jovens a importância da travessia aérea de 1922

O investigador sócio-cultural Ildo Rocha enalteceu ontem que o projeto “Cabo Verde – Caminhos da História” tem como um dos seus objectivos dar aos jovens estudantes a oportunidade de conhecerem a importância histórica, cultural e económica da Travessia Aérea do Altântico Sul, realizada em 1922 pelos pilotos portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Este jornalista cabo-verdiano, que falava com o Mindelinsite a propósito das actividades comemorativas este ano do 99º aniversário desse feito histórico, lembrou que essa viagem – iniciada a 30 de março em Belém (Portugal), tendo passado por Canárias e Cabo Verde, antes de chegar ao Brasil, seu destino final – permitiu a inserção do arquipélago na rota da aviação internacional.

Assim, e dentro da continuação das atividades que assinalam este acontecimento histórico de importância crucial para a história e economia do arquipélago, Ildo Rocha Fortes fez saber que, à semelhança do que foi feita no dia 30 de Março em Portugal, a equipa de Cabo Verde da Associação Lusitânia 100 evocará no dia 5 de Abril, na cidade do Mindelo, o 99º aniversário da chegada ao país da travessia Lisboa – Cabo Verde – Brasil.

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Salientou o facto de as atividades agendadas para a próxima segunda-feira incluirem uma evocação junto ao monumento na Avenida Marginal dedicado à travessia dos aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral pelas 11:30 h, onde será feito um resumo da história dos  acontecimentos e das principais peripécias da viagem. Será também colocado um ramo de flores com uma característica especial, onde estarão representadas as cores das bandeiras de todos os países que participaram na travessia: Portugal, Espanha/Canárias, Cabo Verde e Brasil. A cerimónia vai contar com representações da Câmara Municipal de S. Vicente, do Ministério da Economia Marítima e da UTA – Universidade Técnica de Cabo Verde. 

Segundo Ildo Rocha Fortes, “Cabo Verde – Caminhos da História” é um projecto de empreendedorismo social focado em três pilares essenciais: Educação, Cultura e Cidadania. “Pretendemos encetar acções pedagógicas nos níveis escolares básico, secundário e superior para dar aos mais jovens a conhecer a importância histórica e cultural bem ainda económica da primeira travessia aérea do atlântico sul, que permitiu inserir Cabo Verde na rota da aviação internacional”, fez saber o responsável do projecto, para quem esse acontecimento ganha maior relevo quando, sobretudo, em 1927 foi instalado na cidade da Praia e S. Martinho, na ilha de Santiago, o primeiro avião ou entreposto comercial em África, Europa e América Latina. Foi nessa altura criado um corredor a nível aeropostal com grande impacto económico, sobretudo para Cabo Verde.

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Pode-se ainda inserir a importância de Cabo Verde, segundo Rocha, a nível da aviação internacional com a instalação na ilha do Sal do aeroporto internacional, que aconteceu em 1939 graças a essa experiência adquirida de localização geoestratégica e da segurança da navegação aérea.

A partir daí, frisa, o arquipélago de Cabo Verde, que foi considerado como umas ilhas perdidas no Atlântico, constituiu-se, deste modo, num espaço importante como grande entreposto – primeiro para o caminho marítimo para a Índia, mas também pelo caminho aéreo para Brasil.

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Assim, em conjugação com os promotores do “Lusitânia100”, projecto de divulgação das celebrações do centenário da primeira Travessia Aérea, a acontecer em 2022, continuam em ações que visam divulgar esta iniciativa, que contempla uma forte componente cultural, pedagógica e educacional.

Deste modo, aquando das celebrações do 99º aniversário desse feito mundialmente reconhecido, a Direcção da Associação Lusitânia100 lançou um website que será uma plataforma suporte da divulgação das atividades que irão decorrer durante os próximos 12 meses.

No entender desse responsável, o acontecimento foi e continua a ser importante para Cabo Verde na medida em que o país situa-se na rota entre a Europa, América e Ásia, o que, no dizer de Ildo Rocha Fortes, potenciou todo o desenvolvimento do arquipélago.“Em primeiro lugar com a expansão marítima em 1460, quando o arquipélago foi descoberto pelos portugueses, e depois em 1922, através desta travessia aérea em que Gago Coutinho e Sacadura Cabral chegaram num hidroavião à Ilha de S.Vicente a 05 de Abril de 1922”, indicou Ildo Rocha Fortes, lembrando que os navegadores viajaram depois para a cidade da Praia a 17 de Abril. 

A partir desta passagem veio a etapa mais difícil da travessia, que foi a viagem para o Brasil com uma duração de 11h40m, tendo-se revelado perigosa para a própria segurança da navegabilidade e da vida dos dois tripulantes do hidroavião, que chegaram mesmo a perder o aparelho nas águas do Atlântico. A viagem só viria terminar a 17 de Junho após terem perdido mais um hidroavião, o que demonstra a determinação dos responsáveis governamentais portugueses para que essa travessia chegasse ao fim com sucesso.

“Cabo Verde – Caminhos da História”, é um movimento de cidadania e está apoiado por uma equipa de homens e mulheres de ambos os países. Em Cabo Verde tem como promotor o investigador sócio-cultural Ildo Rocha Ramos Fortes, fazendo parte da equipa o Eng. Carlos Monteiro, Engenheiro, ativista cultural e ambiental – representante em S. Vicente – Yara Santos, profissional da Comunicação, Relações Públicas, escritora e ativista social – representante em Santiago -, Dice Évora, Advogada e Consultora Internacional – Representante para Espanha (Canárias) – e Gláucia Nogueira, Antropóloga e investigadora – representante no Brasil. Em Portugal é operacionalizado pela Associação Lusitânia 100. 

A Associação “Lusitânia 100” destina-se a divulgar a 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul, realizada em 1922 entre Lisboa e Rio de Janeiro. Nesta viagem foi usada, pela primeira vez na história da aviação mundial, navegação aérea astronómica de precisão, usando métodos e instrumentos desenvolvidos por Gago Coutinho. Destinou-se a ligar, pelo ar, Portugal e o Brasil, e principalmente comemorar o 1º Centenário da Independência do Brasil.

A Associação foi criada em 2013 e está sediada em Lisboa. Está aberta a todas as pessoas que queiram participar neste projeto, independentemente da nacionalidade e da sua localização. É uma entidade sem fins lucrativos.

João A. do Rosário

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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