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Funcionárias do saneamento da CMSV e da fábrica ICCO saem à rua: Sindicato Siacsa satisfeito com esse acto de “coragem”

Funcionárias do serviço de saneamento da CMSV e da fábrica de calçados ICCO juntaram ontem as suas vozes para clamar por justiça laboral e sindical, num protesto pacífico liderado pelo sindicado Siacsa. A manifestação, que estava marcada para a semana passada, percorreu a passos largos algumas das principais ruas da cidade do Mindelo para regressar à Praça Estrela, ponto de partida. Neste local, Gilberto Lima, presidente da referida organização sindical, deu os parabéns às participantes – as mulheres eram maioria – pela “coragem” que tiveram de dar a cara e exigir respeito pelos seus direitos laborais e sindicais. Esse sindicalista confessou estar satisfeito com o nível de adesão e disse esperar que a situação venha a mudar daqui para a frente tanto na Câmara de S. Vicente como na unidade da ICCO.

“É lamentável que o desrespeito pelos direitos laborais e sindicais aconteça em Cabo Verde e pior ainda em S. Vicente. Queremos dizer-vos que são corajosas, que o medo já acabou. Agora podemos exigir os nossos direitos sem problema”, proclamou Gilberto Lima de megafone na mão para o grupo de manifestantes concentrados na Praça Estrela. “O presidente da CMSV tem de nos respeitar, e vice-versa; agora, nunca iremos aceitar actos de bloqueio da liberdade sindical e de manifestação”, enfatizou o líder do Siacsa, que espera sentar à mesa da negociação com as duas entidades e discutirem a situação da classe laboral, mas sem prepotência de nenhum dos lados. A seu ver, todas as partes têm tempo para pensar e agir, antes que seja preciso partir para outras formas de luta.

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A esperança de Vera Santos é que a edilidade mindelense oiça as reclamações do pessoal do saneamento e melhore o salário e as condições de trabalho, com mais materiais. Para esta varredora de rua, a autarquia sabe que as suas reivindicações são justas, pelo que espera uma atitude mais colaborativa do poder local.

No caso da fábrica ICCO, a situação laboral é descrita como preocupante por algumas das funcionárias. Há quem mesmo aponte para casos de maus-tratos. Segundo Eneida Dias, tiveram de apelar à intervenção do Siacsa porque muitas vezes passam por situações inaceitáveis, além de auferirem salários bastante baixos. “No meu caso, vou completar 17 anos de serviço e ganho pouco mais de 13 contos. Já exigimos aumento salarial, mas a fábrica nega, esquecendo-se que somos mães, que largamos a nossa casa de manhã e regressamos à noite e que no final do mês o nosso dinheiro é destinado praticamente para pagar renda, energia e água. Quinze dias depois já estamos sem nada”, desabafa essa trabalhadora da ICCO. Esta espera que as coisas mudem, mas sublinha que nem todos os funcionários estão unidos nessa luta.

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Jorgina Lourenço é também outra empregada indignada com a situação laboral nessa fábrica onde trabalha há coisa de 26 anos. Apesar deste tempo de serviço prestado, aufere 18.750 escudos. Isto porque, diz, foi aumentado o prémio de assiduidade, porque antes ganhava 18.630 escudos. “Dá para ver qual foi o impacto desse prémio no meu salário. Para mim isto não é aumento salarial”, comenta Jorgina, para quem as instituições do Estado deviam ver o que se passa nessa fábrica, apesar de ser uma empresa privada. A sua expectativa é que a manifestação provoque uma mudança de atitude nos gestores da fábrica e que procedam a um verdadeiro aumento salarial a partir do mês de Janeiro.

Kim-Zé Brito

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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4 Comentários

  1. Vocês querem fechar a fábrica.
    Que fecham e vão para o desemprego.
    A ICCO,pode facilmente deslocalizar a fábrica e depois vocês vão trabalhar para o Gilberto.
    Deixem ser enganados.

    Quanto a Câmara,tem gente a mais na limpeza pública.
    O Presidente tem a limpeza a funcionar como a FAIMO.
    Devia despedir metade e a conversa acabava.
    Iam limpar o SICASA,pois aí deve haver bom salário.

  2. Têm de escolher:
    Ou aceitam ser escravos…
    Ou serão despedidas.
    Como seres humanos, o Delgado não tem outra proposta para voces.

  3. E o Delgado poderia ir limpar o rabo do presidennte da Câmara e já agora, de todos os militantes do partido que ele tanto adora..

  4. Não se dialoga com pernas abertas nem no absurdo . Voltem ao dialogo com vontade da melhor e justa solução ,ao final e’ mais DIGNO pagar os funcionários do serviço de saneamento que a os forâneos que levam mais por uma Palestra, x uma condecoração ,por desfilar no carnaval e de passo na algum hotel com entradas proibitivas para a maioria que esta a reclamar.

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