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Autorizado registo de bandeira do Chiquinho BL: “Navio é seguro e dentro de dias estará pronto para operar”, diz Malik Lopes

O coordenador da Comissão de Acompanhamento da Concessão Marítima garantiu na tarde desta sexta-feira, 28, que o navio Chiquinho BL já está autorizado a fazer o seu registo de bandeira e que, nos próximos dias, estará com a inspecção feita e pronta para operar na linha S. Vicente/S. Antão. Malik Lopes convocou a imprensa para prestar esclarecimentos relativos à concessão do Serviço Público de Transporte Marítimo de Passageiros e Carga Interilhas na sequência das alegadas desinformações que, afirma, vêm sendo veiculadas pela comunicação social. Mas teve de ser acudido por Antúnio Barbosa, assessor para os transportes marítimos, tendo em conta a dificuldade em avançar com informações precisas. 

Lopes justificou este “esclarecimento” com a muita “especulação e desinformaçāo”  que se está a gerar sobre o desempenho do navio, que sequer começou a operar, enquanto as informações que se conhecem sobre a embarcação estão a ser “intencionalmente ignoradas”. A título de exemplo, este garantiu que o navio é novo, tem uma capacidade de passageiros superior aos outros existentes, isto é consegue transportar 430 pessoas, e a sua garagem é mais larga e mais cumprida, podendo transportar um maior número de viaturas, atrelados e camiões. A estes atributos positivos, somam-se ainda a capacidade de encurtar as viagens entre S. Vicente e Santo Antão em 10 minutos e ainda oferecer maior conforto nas condições de mar adverso. 

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Por isso mesmo, segundo este responsável, dizer que o processo de registo do navio apresenta insuficiências a nível da segurança é uma negação ao bom-senso. “Que informação sobre essa matéria dispõe para fundamentar tal afirmação”, interroga Malik, que lança ainda uma outra pergunta: “Em que medida o registo deste navio pode comprometer a relação com os organismo internacionais e as convenções assinadas e/ou ratificadas por Cabo Verde?”. Lopes deixou suas perguntas sem resposta e convidou os “interessados” a esclarecer o alegado deficit de segurança de forma conclusiva para evitar suspeições que não abonam o bom nome da instituição.

Relativamente às informações de que a concessão tirou os armadores do mercado, o coordenador da Comissão de Acompanhamento enumerou todos aqueles que estão no mercado: Enamar, Conchave, Verde Lines e as embarcações que estão a operar: Mar Liso, Djon Dade, Baovista, Estrela Nova, Baltimore, Conceição Maria e Ribeira do Paul. “Só não está no mercado desde a entrada da concessão a empresa Polaris cujos dois navios encontram-se num contrato de afretamento com a concessionária e o seu gerente integra o Conselho de Administração da Cabo Verde Airlines.”

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Sobre o afretamento do San Gwan, Lopes voltou a repetir que este foi decidido para atender uma situação de emergência  decorrente da avaria do navio Kriola, aliado à paralisação do Praia d’ Aguada, cuja documentação tinha sido revogada. Quanto às críticas de que a gestão da concessionária não trouxe quaisquer melhorias para o sector, o responsável realça o facto de esta estar a operar há pouco mais de seis meses. Ainda assim, diz, neste período o tráfego de passageiros cresceu 25% face aos dados de 2018 e o registo de segurança até agora é impecável, de entre outras vantagens.

Inspecção do IMP 

Foi, no entanto, o assessor para os transportes marítimos quem disponibilizou as informações mais concretas relativamente à questão da flutuabilidade e segurança da embarcação. Antúnio Barbosa garantiu que o navio vai ser objecto de uma inspecção sob a responsabilidade do Instituto Marítimo e Portuário (IMP) pelo que as pessoas devem aguardar os resultados da mesma antes de fazer qualquer especulação.

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Não é a opinião de um ou outro, com motivações alheias à parte técnica da instituição, que vai determinar se o navio serve ou não. O navio se foi adquirido pela concessionária, representada por uma empresa credível que é a Transinsular, detentora de 51% da CVI e que já opera há algum tempo no país. Parte do seu pessoal é cabo-verdiano e conhece a natureza dos mares de Cabo Verde. Na minha opinião é improvável que esta empresa iria adquirir um navio que não se adapta às condições dos mares”, pontua.

Aliás, diz, é uma falsa questão os receios das vagas e/ou ondulações, justificando com outras embarcações, caso dos ferrys Liberdadi e Kriola, que alegadamente também não se adequam aos mares de Cabo Verde e outros como o 13 de Janeiro e o Dragoeiro, que foram obrigados a paralisar por largos períodos para reparação. “Penso que as pessoas estão a avançar informações avulsas para tentar criar uma narrativa negativa em relação ao navio Chiquinho BL, sem qualquer base. Deviam aguardar o desfecho da inspecção para depois tirarem as suas conclusões”, refere Antúnio Barbosa que, à semelhança de Malik Lopes, também atesta a segurança do navio. 

“Por causa das aberturas laterais, que são para reduzir o efeito da vela, ou seja, foram feitas para que o navio não fique sujeito ao balanço provocado pelo vento, há risco de entrada de alguma água em dia de alguma agitação marítima elevada e com vagas de três metros. Mas a água entra e ê drenada por algumas aberturas que existem no navio, pelo que não existe perigo quanto à sua flutuabilidade ou estabilidade”, reforça este assessor, que aproveita para lembrar que esta embarcação fez uma travessia de 53 dias, passando pelo Pacífico, Índico, Mar Mediterrâneo (Estreito de Gibraltar) e Atlântico e chegou a Cabo Verde intacto. 

Barbosa confirma igualmente que existe o risco da carga molhar, um problema que será resolvido com cobertura, como aliás já é pratica na grande maioria das embarcações que operam no país.  “Ninguém aqui está a dizer que tudo vai às mil maravilhas. Agora, não é admissível e correcto estar-se a fazer afirmações categóricas sobre custos exorbitantes e segurança e a criar suspeições com efeitos negativos para o mercado”, completa, não sem antes negar qualquer pressão sobre os inspectores.

Constança de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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