David Chantre, um jovem cabo-verdiano formado em design e residente em Portugal, construiu um Drone FPV (drone de corrida) especializado na captação de vídeo e o seu próximo objectivo é lançar no mercado uma versão melhorada capaz de acoplar uma máquina fotográfica dslr para gravar imagens de qualidade cinematográfica 4k e 8k. O drone DC-FPV foi criado a partir de peças que comprou e funciona com e sem conexão com óculos FPV, que fornecem ao utilizador imagens em tempo real First Person View – visão em primeira pessoa.
“Quando usamos os óculos FPV ficamos com a sensação de um pássaro a voar. Deixamos de ver o posicionamento do drone porque vemos apenas as imagens captadas pela câmara acoplada no drone”, explica David Chantre. Para ele, o uso dos óculos é uma vantagem porque o utilizador pode ficar sentado num sítio e viajar para onde quiser. Porém, adverte, tem de estar preparado. É que, adianta, a sujeição às imagens, ainda mais quando o drone está a deslocar-se à alta velocidade e contornando obstáculos, pode provocar tonturas.
“Se a pessoa sofre de vertigens isso pode ser um handicap. Por isso é aconselhável que passe a usar este sistema após algum tempo de preparação”, diz Chantre, que passou cerca de 100 horas a usar um simulador de voo antes de estrear o equipamento. Se não fosse assim, diz, corria o risco de bater o drone numa parede e danificar a sua estrutura logo no primeiro voo.
O drone concebido por David Chantre pode ser comandado por um controlo até 3 quilómetros de alcance. Ultrapassado esse limite, pode perder o sinal e cair. No entanto, o equipamento pode ser recuperado graças a um beeper que emite sinais sonoros. Além disso, as imagens captadas durante o voo ficam gravadas na memória dos óculos e o utilizador pode orientar-se por elas até chegar ao local da queda.
Nascido em S. Vicente, na localidade de Monte Sossego, David Chantre fez a sua formação académica na Escola Técnica. Em 2006 viajou para Portugal, onde concluiu em quatro anos o curso de design na Universidade Técnica de Lisboa. Depois foi escolhido para fazer na China um mestrado em gestão na área do turismo, que concluiu em 2017.
Apaixonado pelos drones, foi na China onde comprou o seu primeiro exemplar, um Phantom, que ainda hoje possui. No entanto, tal como outros curiosos, queria saber como esses planadores funcionam. E resolveu arriscar, investindo cerca de 600 euros em peças. Para conseguir a montagem, teve que fazer muita pesquisa, ler livros técnicos e conversar com amigos com experiência na área.
“Passei mais de uma semana a montar o drone. Nem tudo funcionou de imediato e tive que resolver alguns problemas. Mas as coisas estão a funcionar normalmente até hoje”, diz David Chantre, que já gravou vídeos em Santo Antão, Sal e S. Vicente. Para ele, Cabo Verde tem sítios exuberantes que ainda são pouco conhecidos. E quer registar a beleza dessas paisagens através do seu drone.
Segundo este técnico, os Drones FPV que utilizam os óculos são a nova tendência. Estes equipamentos, diz, são ideais para o registo de cenas dinâmicas em publicidade e cinema. “As cenas de ação, quando por exemplo seguem um carro, são normalmente acompanhadas por um outro carro com uma câmara acoplada. Estas cenas podem ser gravadas com este tipo de drone”, exemplifica o jovem, que almeja entrar para o mundo do cinema. “Estou a preparar-me para o que der!”
O drone DC-FPV tem cinco minutos de autonomia de voo se for usado em alta velocidade e num dia ventoso. Duplica essa capacidade com bom tempo e menos velocidade. Para ele, este tempo é suficiente para se captar imagens usadas em vídeo clipes e outros tipos de trabalho, em que normalmente não são precisas muitas cenas filmadas por drones. Mesmo assim, dispõe de 6 baterias para o caso de serem necessárias. Já a próxima versão será um drone FPV Cinelifter desenhada para acoplar uma máquina digital com o máximo de um quilo de peso e ter 10 minutos de autonomia de voo. David Chantre espera ter o novo drone pronto ainda neste verão.