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Conselho da Cruz Vermelha demite-se em S. Vicente e voluntários entregam coletes

O Conselho Local da Cruz Vermelha em São Vicente demitiu-se esta semana, poucos dias após a tomada de posse do reeleito presidente da CVCV, tendo a maior parte dos mais de cem voluntários entregue os seus coletes. Conforme noticia a agência Inforpress, o motivo dessa decisão tem a ver com a “incompatibilização” com os responsáveis máximos da Cruz Vermelha de Cabo Verde, na Cidade da Praia. Mais concretamente, alegados bloqueios sucessivos e desrespeito para com a estrutura local dessa instituição na cidade do Mindelo, por parte de funcionários na Capital.

“Um exemplo mais claro disso é que o presidente do Conselho Local quer realizar actividades e ele é bloqueado. Ele dá uma ordem e funcionários com apoio do Conselho Executivo e Administrativo na Praia contrariam a sua ordem quando os estatutos dizem que o presidente local tem autonomia porque é ele que conhece os problemas locais”, explicou à Inforpress uma fonte que pediu anonimato. Esta assegura que os problemas de desautorização do conselho local acontecem há muito tempo, são do conhecimento do presidente da Cruz Vermelha, mas que nada tem feito para pôr cobro a essa situação.

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A gota de água, acrescentou essa fonte, foi a falta de respeito para com o conselho da Cruz Vermelha em S. Vicente, que foi impedido de ter acesso ao link para acompanhar via internet a tomada de posse do presidente reeleito. Um presidente que, adianta, foi reeleito com base num novo Estatuto ilegal, que, diz, não seguiu os trâmites normais. Para essa fonte, o mesmo foi aprovado para silenciar os voluntários da CVCV.

Para a aprovação do novo estatuto este deveria ser enviado à Cruz Vermelha Internacional, na Suíça, depois para o Presidente da República, em seguida para a Assembleia Nacional e só depois ser publicado no Boletim Oficial, mas não seguiu esses trâmites e a eleição do presidente foi feita com base no novo documento”, explica a fonte da agência noticiosa. Esta vai mais além e classifica de vergonhoso o relatório de uma auditoria à CVCV, dando como exemplo uma rubrica em que apontam um valor de cerca de três mil contos para programas relacionados com a Covid-19, mas o documento não comprova e nem especifica se o montante foi usado e como foi aplicado.

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Abordado o secretário-geral da Cruz Vermelha de Cabo Verde, Salomão Furtado esclarece que a renúncia é um direito que assiste a qualquer titular de cargo, tal como o direito de ser eleito, porém não concorda com as alegações dos renunciantes, constantes da carta dirigida ao presidente da CVCV e, muito menos ainda, com as razões alegadas à Inforpress. Sobre a alegada desautorização, o mesmo explicou que “os órgãos centrais da CVCV não só têm reconhecido a autonomia aos Conselhos Locais, como a vêm respeitando e reforçando, em conformidade com os estatutos e os princípios de separação de poderes entre os órgãos de governança e de gestão.

Tal separação e articulação entre os poderes, reforçou, são extensivas a todos os Conselhos Locais dispersos pelas ilhas e municípios do país, entre a direção e respectivo órgão de gestão e administração. Conforme Salomão Furtado, a razão da renúncia tem a ver, essencialmente, com a problemática da liderança local e não com a ausência da auditoria.

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“A auditoria às contas da Cruz Vermelha de Cabo Verde é feita anualmente por uma empresa independente. Porém, sempre que necessário e fundamentado poder-se-á desenvolver mecanismos com vista à clarificação de situações e assumpção de responsabilidades, em todas as estruturas da CVCV”, adiantou.

Furtado afirma que convidaram “a presidente do Conselho Local e os demais para a tomada de posse do presidente, vice-presidente e membros do Conselho Superior da CVCV, que teve lugar nos dias 10 e 11 deste mês, e que, “estando criadas todas as condições logísticas para viabilizar a sua participação presencial, não fazia sentido o envio do link para assistirem aos eventos”.

Sobre a denúncia de que os estatutos não têm respaldo legal, o secretário-geral da CVCV revelou que foram colhidos e socializados subsídios para a feitura de uma panóplia de diplomas jurídicos da CVCV, entre os quais os seus Estatutos, no Conselho Local em São Vicente, pelo que não acredita “que tenha sido manifestada tal desconfiança pela direcção”.

“De referir que a direcção do Conselho Local de São Vicente participou na discussão e aprovação dos estatutos e demais instrumentos jurídicos, em sede da Assembleia-Geral da CVCV”, reagiu Furtado, desmentindo também a renúncia dos voluntários em São Vicente e da rubrica na auditoria que aponta a falta de justificativos para o gasto de três mil contos, destinados a programas relacionadas com a covid-19.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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