“Os jovens estudantes universitários querem ser voluntários. Só para termos uma ideia, abrimos a inscrição para um curso de voluntariado num sábado e em 24 horas fechamos a lista. Só na primeira hora recebemos manifestação de interesse de 35 pessoas, e isto num final de semana.”
Esta declaração pertence a Evandro Lopes, docente na Universidade Técnica do Atlântico, instituição que se aliou à OMCV para organizar uma formação sobre voluntariado, que decorre de 11 a 14 de fevereiro em S. Vicente. Segundo o professor, a meta era abrir uma turma com 20 participantes, mas alargaram a inscrição para 25 devido ao número de interessados. Mesmo assim, vários alunos, na sua maioria ligados ao departamento de Ciências Biológicas, ficaram a aguardar a realização do próximo curso, cuja data ainda não foi definida.
Tendo em conta a vontade demonstrada pelos universitários, Evandro Lopes está convencido que será fácil preencher a inscrição, que deve rondar mais 25 pessoas. Para o professor, este facto comprova que os jovens querem doar algo positivo à sociedade. Além disso, prossegue, estão cientes de que terão muito a ganhar no mercado do trabalho pelas experiências que poderão adquirir. “O mercado do trabalho quer pessoas dinâmicas, que não estejam formatadas pelos cursos efectuados. Pessoas dispostas a sair da caixa e serem activas”, frisa o docente, para quem o voluntariado possibilita a participação em actividades em diversas áreas a nível local, nacional e até internacional. Os voluntários, acrescenta esta fonte, passaram a dispor de um sistema de cadastro online, onde ficam inscritos e as suas informações actualizadas consoante a participação em novas formações e actividades participadas.
Sem muita estranheza, a sala é composta essencialmente por mulheres, na faixa etária dos 23 aos 25 anos. Para Fátima Balbina, delegada da OMCV em S. Vicente, essa forte adesão dos jovens a essa formação é um sinal reconfortante. Como explica, a OMCV é uma organização sem fins lucrativos, que realiza um leque variado de ações que dependem basicamente do voluntariado. Acontece, conforme as suas palavras, que a organização perdeu quase 90 por cento dos voluntários que dispunha antes da pandemia da Covid-19. “Chegamos a ter 100 voluntários antes da Covid e descemos para dez pessoas. Isto é preocupante porque acaba por haver uma sobrecarga para este pequeno grupo”, salienta.
A ideia da formação em voluntariado surgiu durante um evento organizado pela UTA no Mindelo a 9 de janeiro deste ano sobre o voluntariado. Enquanto oradora, Fátima Balbina abordou a importância desse acto para uma organização como a OMCV, que realiza várias ações de carácter social direcionadas para as famílias. Nesse encontro, que reuniu organizações e instituições diversas, foi lançado o desafio da realização de uma formação sobre o tema, que agora acontece.
Apesar de a ação formativa decorrer nas instalações da OMCV, não significa que os participantes sejam destinados apenas para os programas organizados por esta organização. Fátima Balbina esclarece que cada um é livre de escolher a área que mais lhe interessa e com que instituições quer trabalhar.
A OMCV e a UTA, refira-se, tornaram-se parceiras com base num acordo rubricado e que, segundo Fátima Balbina, tem dado bons frutos. Revela que vários jovens indicados pela OMCV têm estado a frequentar cursos na universidade sem custos, desde que tenham desempenhos positivos. Um acordo que, diz, tem trazido grandes benefícios para os estudantes e suas famílias.