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Terapeuta holístico Herculano Cruz: “A Cura Reconectiva é ainda um tabu para certos médicos cabo-verdianos” (2. parte)

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A Cura Reconectiva é uma prática aceite em países como o Brasil, mas parece ser ainda um tabu para boa parte da classe médica cabo-verdiana, segundo o terapeuta holístico Herculano Cruz. Adianta, no entanto, que grandes médicos cabo-verdianos já se submeteram a sessões no seu espaço e estudam essa matéria. Nascido em S. Nicolau, Herculano Cruz trabalha de forma rotativa nas ilhas de Santiago, Sal e S. Vicente, onde já tem um mercado fidelizado. Deste grupo, S. Vicente é onde obteve maior sucesso por conta da abertura dos mindelenses a experiências transcendentais e à espiritualidade. Nesta segunda parte da entrevista, Herculano Cruz revela que a maior parte dos seus clientes são mulheres, em particular as que sofrem de ansiedade. Enfatiza ainda que o sucesso da Cura Reconectiva depende da colaboração do paciente. Só que, afirma, nem toda a gente quer ser curada para não perder “ganhos secundários”.

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Mindel Insite – Afirmou na primeira parte desta entrevista que a Cura Reconectiva é despoletada por frequências disponíveis no universo que agem de forma inteligente para provocar o equilíbrio físico, emocional e psicológico no paciente. O nível do efeito dessas frequências tem a ver com a abertura mental do indivíduo durante as sessões?

HC – Quanto maior a abertura maior a perceção das transformações que as frequências têm, mas actuam independentemente do nível da abertura de cada um. O importante é a pessoa permitir-se à cura, mas, infelizmente, nem todas as pessoas querem ser curadas. Na verdade, há pessoas que têm muitos ganhos secundários com a doença. Desde criança receberam uma atenção especial dos pais, familiares e amigos e não querem perder esse tratamento a que já se habituaram, e às vezes a doença é um meio de garantir essa atenção. Por falta ou excesso, na infância.

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Um caso caricato e verídico: em um dos seminários da The Reconection, uma pessoa portadora de deficiência física recebeu as sessões com o Dr. Eric Pearl e ganhou autonomia e mobilidade física. Três meses depois, na decorrência do processo de divórcio a pedido da esposa, esta mesma pessoa voltou para a cadeira de rodas, pois percebeu que tinha ganhos emocionais quando neste estado. Um caso raro, porém, nesse caso subjacente estava uma dependência emocional, que alimentava uma relação tóxica e a crença de benesses emocionais. Não é, com certeza, o espelho de muitos deficientes físicos, mas é um caso típico de vitimismo…; Infelizmente é das formas mais tristes de um indivíduo levar a vida, escolhendo ser a vitima.

Logo, reafirmo, a cura não depende apenas do facilitador ou de qualquer outro profissional, mas é fundamental a colaboração de quem se propõe a receber a ajuda, e, nesse caso particular, quem recebe as sessões.

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MI – Está intrínseco à Cura Reconetiva de que tudo na vida é energia!? No fundo estamos em permanente processo de troca energética com o meio, objectos, animais e pessoas… Acha que a raça humana tem a consciência de que tudo o que nos rodeia é energia?

HC – Arriscaria dizer que mais de 80% não tem essa consciência. Estamos a chegar a um ponto em que a mecânica e física quântica vem-nos trazendo muita informação sobre a energia. É por isso que todo o trabalho da Cura Reconectiva e Reconexão tem respaldo científico, não é fruto da imaginação de um grupo. Isto é estudado e registado. Só que a maior parte das pessoas sequer tem a noção de quem são na realidade.

MI – O que quer dizer com isso?

HC – Há muita gente que se levanta todos os dias e cumpre a sua rotina com base numa programação social. Mas, se a uma delas perguntar quem ela é, haverá grandes chances de não obter uma resposta, pois ela mesma não sabe. Vai certamente dizer o seu nome, o nome dos pais, o cargo que exerce… Mas a pergunta é muito mais profunda. E esta foi exactamente a pergunta que me foi feita há algum tempo. Uma pergunta que me fez reflectir bastante. E foi necessário passar por uma experiência de cura profunda, e, nesse processo, o despertar para técnicas terapêuticas, às quais sou grato pois considero ter encontrado a minha resposta.

Raros são os que tiveram a oportunidade de cedo saber quem são e orientar as suas escolhas nesse sentido. Muitos de nós seguimos uma programação social que a dado momento pode nos levar a uma fase de questionamentos e muitas vezes a crises existenciais profundas. Sendo terapeuta, sinto ter encontrado quem sou.

Saber quem sou

MI – Quando lançamos a pergunta “quem somos”, a questão entra para a dimensão da espiritualidade?

HC – Sim, tem um cunho espiritual, mas não se resume a tal. Em nossos dias, já é possível usufruir de ferramentas que nos ajudam a descobrir e dirigir as nossas aptidões e talentos por forma a sermos mais felizes e realizados. Repare que nas escolas é possível o teste vocacional para que os estudantes saibam qual o curso é o mais indicado para as suas vidas. Muito provavelmente se eu tivesse feito esse teste, talvez as minhas escolhas de formação académica seriam diferentes.

 Vivemos numa era da conexão tecnológica avançada, mas também de desconexão com o nosso interior. Estarmos desconectados de quem somos é um desafio que afecta a maior parte da população mundial porque vivemos na base de um ideal social de felicidade. Quando ousamos sair desta programação, somos profundamente criticados. Foi o meu caso, assim como pode ter sido de várias pessoas. As nossas escolhas, quanto mais profundas forem, acarretam renúncias e sacrifícios. O importante é ter em nosso circulo próximo aqueles que de facto nos apoiam. É preciso ousarmo-nos a ser nós mesmos, independentemente das críticas. O reconhecimento é apenas um detalhe que vem com o tempo, se meritório.

A Cura Reconectiva não interfere com o tratamento médico

MI – Disse que foi alvo de críticas quando decidiu seguir o seu próprio caminho, por isso quero saber como a sua actividade como terapeuta é vista pela comunidade médica em Cabo Verde?

HC – As minhas críticas maiores não foram da comunidade médica. Mas, respondendo à sua questão, acredito que para alguns talvez ainda seja um tabu, por desconhecimento, provavelmente. Mas há médicos em Cabo Verde que já estão familiarizados com a Cura Reconectiva, inclusive tendo experienciado sessões e que se deram a oportunidade de estudar mais acerca desta matéria.

Se em outros países as terapias holísticas são já parte do sistema de saúde – por exemplo Portugal ou Brasil -, em Cabo Verde ainda não podemos dizer o mesmo, embora esforços estejam a ser feitos no sentido de mudanças. Esperemos que sejam para breve.

Ainda que possa haver algum desconhecimento acerca das terapias holísticas, e que se entenda natural, nunca interferimos no tratamento médico. Há muita gente que faz fisioterapia e faz cura reconectiva e recuperam rapidamente a amplitude dos movimentos, mas são aconselhadas sempre a continuarem o processo com o fisioterapeuta. Cabe a este profissional determinar se o tratamento termina ou continua. Acredito que podemos trabalhar em sinergia.

MI – Já há vários terapeutas de Cura Reconectiva em Cabo Verde?

HC – Neste momento somos cerca de 10 facilitadores, entre eles dois médicos de profissão, residentes em S. Vicente e no Sal, respectivamente. Mas sou o único facilitador que se dedica totalmente a esta actividade.

MI – Trabalha neste momento nas ilhas de S. Nicolau, Santiago, Sal e S. Vicente. Confirma?

HC – A ilha de S. Nicolau foi a minha base, onde nasci e tudo começou, mas a um dado momento iniciei atendimentos em S. Vicente, Sal e Santiago. Na altura, tinha procura em S. Nicolau, mas o meu objectivo era dedicar-me exclusivamente às terapias holísticas, o que me levou a constituir uma empresa dedicada a tal. Enquanto para alguns possa ser um part-time, e respeita-se, para mim é o meu trabalho/a minha missão. E constituir uma empresa, com os encargos que também acarreta, levou-me a fixar na cidade da Praia, local onde boa parte dos que procuram a Cura Reconectiva residem. Hoje em dia, posso dizer que tenho tido a oportunidade de trabalhar com cabo-verdianos residentes e além-fronteiras de forma presencial e à distância.

“A maior parte dos meus atendimentos ocorre em S. Vicente”

MI – Como S. Vicente tem recebido e aceitado a Cura Reconetiva?

HC – S. Vicente tem uma particularidade, pela sua condição histórica e pela dinâmica que o Porto Grande proporcionou ao seu povo. A ilha tem uma aceitação e facilidade de abertura ao novo muito singular. Isto em diferentes campos, quer seja social, cultural, como também espiritual. No caso da Cura Reconectiva não foi exceção. Tenho notado que muitas pessoas aqui têm facilidade em abordar temas como estes e a se permitir vivenciar as mesmas, o que facilita o seu processo de cura.

Nos últimos 2 anos, posso afirmar, São Vicente tem sido a ilha em que tenho registado mais procura de sessões de Cura Reconectiva. Acredito que o trabalho de informação/educação que tenho procurado fazer nos medias, a fim de esclarecer a todos quanto as frequências de Cura Reconectiva, tem resultado num maior interesse das pessoas, mas não só aqui como também em outras ilhas.

Ansiedade e Depressão

MI – Disse inicialmente que estamos a viver num ritmo acelerado. Hoje muita gente está afectada pela depressão e ansiedade. Daquilo que já constatou, acha que essas duas doenças estão sempre presentes nos pacientes que fazem sessões consigo?

HC – A ansiedade afecta cerca de 70% dos casos dos que procuraram sessões Cura Reconectiva facilitadas por mim, por isso tive o cuidado de passar a gerar mais conteúdo informativo no meu Instagram, enquanto um veículo de comunicação que utilizo para  temáticas como esta. A depressão também não está muito longe, mas a maioria são pessoas afectadas pela ansiedade. A faixa etária varia, existe na camada jovem, que mais procura fazer abordagens através das minhas redes sociais. Posso dizer que o público vai dos 25 aos 43 anos e 90% são mulheres. Raramente sou procurado directamente por homens, sendo alguns casos trazidos pelas mulheres ao verem o estado de desgaste e cansaço de amigos, pais, esposos, filhos, entre outros.

MI – Quais são as principais causas da ansiedade nas mulheres?

São fundamentalmente problemas derivados dos relacionamentos, esgotamento, cansaço, abusos/violência emocional que vivenciaram, outras vezes são profissionais executivas vítimas da pressão do trabalho; comparativamente a  homens que, na sua maioria, está  associado à pressão no ambiente laboral, eventos traumáticos, entre outros.

Terapia à distância

MI – É possível fazer terapia com alguém à distância?

HC – Na Cura Reconetiva temos 2 modalidades: presencial consciente – a pessoa sabe que vai receber a sessão -, ou à distância, podendo estar ciente da realização da sessão – e à distância,  mesmo não tendo conhecimento da realização da sessão. Há muitas pessoas em quadros depressivos profundos, que precisam de ajuda, mas só querem estar isoladas. Muitas vezes os familiares pedem sessões e fazemos.

MI – Como é possível fazer uma terapia sem que a pessoa saiba e sequer o terapeuta sabe de quem se trata?

HC – Isto acontece porque cada um de nós tem a sua impressão digital também ao nível energético. A única coisa que precisamos é o nome da pessoa.  Temos o relato de uma experiência no Brasil e em que facilitadores de Cura Reconectiva realizaram sessões a idosos de um lar, tendo os responsáveis do espaço identificado os quartos apenas por letras, sem terem os nomes. O Rogério Perez, um dos facilitadores explicou, que todos os idosos, mesmo não tendo indicado o nome, sentiram as frequências. Embora seja uma modalidade menos procurada, os efeitos são sentidos dado a esse detalhe, todos temos a nossa própria identidade energética

Cura Reconectiva e Reconexão

MI – Algo bem diferente da Cura Reconetiva é a Reconexão, que também executa...

HC – A Reconexão exige um trabalho diferente. Na Cura Reconetiva não precisamos saber nada da vida da pessoa, mas na Reconexão há um pedido consciente da pessoa, que quer acelerar o processo de alinhamento com o seu Eu. A Reconexão exige aplicação de uma técnica especifica, que vai activar 3 dimensões: a grade energética do nosso corpo humano, os meridianos e a grade energética do planeta terra/universos.

Quem quiser entender isso mais profundamente deve pesquisar sobre Linhas Leys ou Linhas Axitonais. As linhas leys são as linhas que atravessam o nosso planeta e que muita gente ignora. A maior parte dos grandes monumentos foram construídos sobre essas linhas, como as pirâmides do Egipto, Stone Range, Matchu Pichu, etc. Engraçado é a linha que se cruza com as pirâmides do Egipto passa em Cabo Verde, mais precisamente na ilha da Boa Vista, na zona de Fátima, depois da Marine Club. Sei que os judeus tinham esse conhecimento. Coincidência ou não, um judeu de nome Davi, que viveu na Boa Vista, escolheu construir a capela para a sua esposa justamente em cima dessa linha.

MI – Quais são os benefícios que podemos tirar dessas linhas?

HC – Vejamos, o Vaticano e Fátima estão em cima dessas linhas e elas têm um magnetismo natural, que nada tem a ver com a religião. Tudo o que está em cima fica sob influência de um campo magnético elevado e com poder de cura, que restabelece a nossa ordem. Quando vou para Boa Vista vou obrigatoriamente para essa área passar algumas horas recebendo essa energia. E esse local está bem delineado porque a terra muda de cor nesse ponto, fica mais avermelhada. Essa mesma linha é que vai passar no Egipto. É um momento de transcendência, estar ali. Quem gosta de se conectar e estar em contacto com a natureza sente algo diferente. O mesmo acontece para quem vai a Fátima, em Portugal.

Assim, a perceção da dimensão sobre Reconexão é-nos mais compreensível, em grande medida por ela visar o activar da grade energética com a grade do planeta Terra e com a grade do universo. Isto leva-nos a estarmos sintonizados com quem somos. Numa palavra, Reconexão seria a Evolução; a Cura Reconectiva, numa palavra, seria Equilíbrio.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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