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Namorada e amigo de acusado de assassinar adolescente em Passarão negam intenção de matar: “Tentativa de defesa”

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A namorada Yara Fonseca, que está grávida de três meses, e um dos amigos procuraram o Mindelinsite para rebater a tese de assassinato premeditado do adolescente Admilson José Júnior, 16 anos, por Airton Patrick Neves, 22 anos, mais conhecido por “Piquin”. Segundo Yara, depois de ser agredido por um grupo de jovens e ficar internado em coma no Hospital Baptista de Sousa por cerca de um mês, Piquin fugia de confusão. “Ele tentou defender-se e atacou o Júnior, que o tinha atingido no rosto com um colar que levava sempre ao pescoço”, afirma.

Yara Fonseca é perentória ao dizer que os dois jovens não tinham nenhuma rixa antiga. Aliás, diz, sequer eram conhecidos ou falavam. “Estávamos a passar de moto, à caminho da casa da mãe de Piquin para saber notícias do irmão deste, que tinha caído de moto no período da manhã e partido um braço. Ao cruzarmo-nos com Júnior, este atirou-nos para a cara uma corrente que tinha no pescoço. Por pouco não caímos da moto. Deste modo, Piquin confrontou Júnior. Este alegou que estava cansado de ser ofuscado com a luz da moto e com a cara de zangado de Piquin”, relata.

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De acordo com a jovem, a discussão foi aumentando de tom e Júnior desafiou Piquin a levá-la para casa e voltar para se enfrentarem como homens. Nesse meio tempo, prossegue a jovem, Piquin tirou uma faca que antes estava a usar para reparar a moto que ficou danificada na sequência do acidente do irmão e feriu Júnior.

A intenção de Piquin nunca foi matar Júnior, mas sim defender-se. Esta é que é a verdade. Muitas pessoas estão a falar sem saber o que realmente aconteceu. Foi uma fatalidade. Piquin reagiu na base do medo, não para matar o adolescente. Ficou com medo de repetir a história de há um ano, quando foi atacado por um grupo de jovens e ficou um mês em coma”, desabafa.

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Agressão e coma

Foi a 10 de novembro de 2020 que, diz Yara, Piquin foi espancado e agredido com uma pedrada na cabeça, que o deixou à beira da morte. “Se ele quisesse vingar a agressão não tinha porquê esperar todo este tempo. Mas ele preferiu seguir a sua vida. Acho que, desde então, os seus agressores sentiram-se confiantes e fortes. Foi isso que aconteceu com o Júnior e, por isso, ele decidiu atacar-nos com uma corrente que usava no pescoço”, reforça Yara, que nega também que, ao longo do dia, Piquin tenha feito qualquer ameaça ao Júnior porque estava concentrado a reparar a sua moto.

Esta história é corroborada por um dos melhores amigos de Airton, que recorda aqui a agressão sofrida anteriormente por este e que quase o levou à morte. “Estávamos num bar quando Piquin foi atingido por uma bebida. Questionou o irmão da actual vítima, que o atacou com um soco após uma curta discussão. Pensamos que estava tudo terminado. Mas, no caminho para a minha casa, fomos cercados por um grande grupo de jovens. Atacaram Piquin a pedradas. Tentei apartar a briga, mas eram muitos. Consegui fugir e, mas tarde, encontramos o nosso amigo desfalecido em uma rua.”

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Ainda conforme este amigo, que prefere o anonimato por questão de segurança, Piquin ficou em coma e, quando acordou, não se lembrava absolutamente de nada. Por isso, duvida que o amigo soubesse que Júnior era irmão do seu agressor. “É muito pouco provável que Airton soubesse que Júnior foi um dos seus agressores. Penso que ele reagiu no automático à provocação deste, que atirou uma corrente à sua cara. Nunca pensou que a facada seria fatal. Aliás, logo a seguir ao ocorrido, falamos por telefone e ele disse-me que tinha feito uma grande asneira sem querer.”

Para este jovem, a imagem que tentam agora pintar do adolescente falecido também não é verdadeira. “Estão a dizer que Júnior era um adolescente prestativo, que não fazia mal a ninguém. Não é bem assim. Não estou aqui para falar mal de ninguém, principalmente de alguém que já não está entre nós para se defender. Mas Júnior não era esta pessoa que estão a descrever. Não quero dizer que era uma pessoa má, mas integrava um grupo de jovens que estão sempre na lixeira e que são conhecidos por serem delinquentes. Em Cabo Verde, sempre que uma pessoa morre vira santinho. Não é o caso”, pontua este colega de Airton Patrick Lima Neves.

Esta fonte justifica dizendo que foram duas vidas destruídas: Júnior, que faleceu, e Piquin que se encontra detido na Cadeia de Ribeirinha, enquanto a namorada, que está grávida de três meses tem de fazer pela vida. “É uma dor para ambos os lados, para a família que perdeu o seu ente querido e para a mãe, irmão e namorada que vão ver Piquin na cadeia.”

Presente ontem ao Tribunal da Comarca de São Vicente pela Polícia Judiciária, para efeito do primeiro interrogatório judicial de arguido detido, foi-lhe aplicado prisão preventiva como medida de coação pessoal.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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