A professora Liliana Fonseca, a emigrante Jeicelene Fortes, médicos, clínicas privadas sedeadas em S. Vicente, juristas e outros parceiros estão a tentar melhorar a condição de vida de PW, uma criança de 11 anos de idade portadora de uma doença incurável, nascida em Santo Antão. Através de campanha lançada no Facebook, foi possível sensibilizar pessoas dentro e fora de Cabo Verde, que têm estado a contribuir financeiramente para suportar os custos das análises clínicas, tratamento e aquisição de bens de primeira necessidade.
Desde a semana passada que a criança está na cidade do Mindelo em consultas médicas, que visam determinar com segurança a sua patologia e a medicação adequada. Em paralelo, conta Liliana Fonseca, o menino iniciou um tratamento dentário e foi submetido a uma consulta de vista. “A criança nasceu na localidade de Santa Isabel, uma das mais pobres do coneclho do Porto Novo, e, por causa da doença, tem deficiência motora, de fala e de visão. Alimenta-se exclusivamente de líquidos e usa fralda”, ilustra a professora de Educação Física, que conheceu a mãe do menino durante um funeral, em S. Vicente. Quis o destino que ela fosse passar a noite na casa da professora que ficou, entretanto, a par da situação do menino.
“Fiz logo um post no Facebook sobre esse caso, mas não teve o impacto esperado. Entretanto, a Jeicelene Fortes lançou uma campanha na Holanda, em concertação com a irmã da criança e aderi a essa iniciativa. Juntamos as mãos e fomos à luta”, revela Fonseca, que evidencia outras acções, como a iniciativa de um grupo de jogadores que organizou um torneio beneficiente na ilha do Sal e de advogados em Santiago que decidiram atribuir uma pensão mensal de 16 contos à mãe.
Já foi possivel conseguir um colchão, o próximo passo é arranjar uma cama, pelo que há espaço para quem quiser ainda dar o seu contributo. Para Fonseca, todas essas acções estão a ter um forte impacto na situação dessa família residente numa zona bastante fustigada pela seca em Santo Antão e onde ainda não chegou a energia eléctrica. Aliás, a falta de energia está a dificultar a implementação de outras medidas que, segundo Liliana Fonseca, visavam proporcionar à mãe uma actividade geradora de rendimento. “Está a ser difícil identificar alguma coisa que ela pudesse fazer para ganhar um dinheiro extra. Sem energia fica complicado”, enfatiza.
O certo é que a mãe do menino, que reside na casa da avó, já pode contar com uma ajuda financeira depositada directamente na sua conta bancária. Além disso, há ainda a possibilidade de conseguirem financiamento para a construção de um quarto para a mãe e a criança, que dormem neste momento na mesma cama que a avó.
A criança deve ficar mais alguns dias em S. Vicente para terminar as consultas e o tratamento dentário. Pelas informações que Liliana Fonseca dispõe, tudo indica que a mãe e o pai da criança são portadores do gene dessa doença, que é rara e ainda incurável.
Kim-Zé Brito