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Hélio Africano preocupado com posicionamentos exacerbados em CV: “Qualquer opinião é autêntico combustível”

O engenheiro informático Hélio Africano revelou-se desgostoso e preocupado com o nível de tensão social presente neste momento em Cabo Verde, numa altura em que, diz, ocorre uma luta para que o maior número de cabo-verdianos sobreviva a uma das piores pandemias vividas pelo mundo, associada a uma recessão económica. Para Africano, o “exacerbado posicionamento” relactivo aos temas e desafios actuais – a pressupor o embate entre os “pros” e “contra” a aprovação do Estatuto Especial da Praia, o problema da pandemia e o assalto à residência do ex-Primeiro ministro José Maria Neves — parece estar indexado aos actos eleitorais que se avizinham. 

“Quando tudo, tudo o que nos preocupa tem sub-entendimento político, fica difícil encontrar a verdade, a razoabilidade ou o senso-comum. O que passa a ser relevante é se cada posicionamento afeta o voto no amarelo ou no verde. Isto não é aceitável quando está em causa a vida das pessoas, a segurança nacional ou ainda…. o que é certo”, reclama Hélio Africano num post hoje na sua página no Facebook e que já provocou a reacção de dezenas de pessoas. Na sua perspectiva, Cabo Verde não pode ter uma sociedade politizada a esse extremo. 

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Tenho opinião clara sobre a pandemia, sobre o que está mal e o que está bem; tenho opinião clara sobre o EE; tenho opinião clara sobre os posicionamentos dos partidos políticos e sua (in) flexibilidade para tolerar o contraditório; tenho opinião clara sobre o ataque à casa de JMN; tenho opinião clara sobre o posicionamento parlamentar nas grandes decisões; tenho opinião clara sobre o blackout do nosso país e a segurança nacional. Mas, a verdade é que, acima de todas essas opiniões, sinto que nos últimos tempos nos tornamos intolerantes, epidérmicos e prontos para atacar quem ‘achamos’ estar contra”, frisa. 

Para esse ex-quadro do NOSI, o fogo da intolerância está forte e impossível de conter. Qualquer opinião é autêntico combustível. “A razoabilidade desapareceu da nossa sociedade. Desapareceu o espaço do bom-senso”, lamenta Hélio Africano, para quem tais atitudes representam os “15 minutos de fama” dos que se sentem confortáveis com a agressão, o ódio e o radicalismo.

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Segundo esse cidadão, muitos cabo-verdianos expressam as suas opiniões e são de repente envolvidos num vendaval de agressões, desrespeito e marginalização, muitas vezes por quem menos esperavam. Hoje, salienta, está difícil fazer a distinção entre uma posição convicta e um ataque pessoal. “Separar o trigo do joio é missão impossível”, constacta, fazendo um forte apelo à tolerância.

Africano confessa recear que, no meio da pandemia e de uma recessão económica, e com o aproximar do ciclo eleitoral, a sociedade cabo-verdiana perca colectivamente a racionalidade tão necessária para tomar decisões importantes. Para ele, talvez este seja o momento para os “mais velhos” se posicionarem, apelando aos nobres sentimentos que ajudaram a nação cabo-verdiana a erguer-se e ser o que é hoje, respeitada em todo o mundo.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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