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Grupo cívico para valorização da Matiota decide hoje se deve criar entidade com personalidade jurídica

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A comissão cívica para a valorização da Matiota (CCVM) vai decidir hoje à tarde se o “movimento” será ou não transformado numa entidade oficial, com personalidade jurídica. Durante o encontro, adianta António Silva, serão decididas as próximas estratégias e intervenções do grupo de cidadãos em defesa da preservação da Matiota.

Para o activista António Silva, essa reflexão torna-se pertinente, ou seja, saber se a comissão deve ser legalizada e ter mais autoridade para agir enquanto defensora desse património mindelense, que é a área marítima da antiga praia da Matiota. Silva, que iniciou o processo de limpeza do chamado tanquim da Matiota, realça que o grupo de cidadãos precisa relacionar-se com certas instituições e deve por isso ganhar força para o efeito. “Sendo pessoa jurídica já teremos outra legitimidade para agirmos e defender o nosso propósito fundamental que é assegurar que Matiota continue a ser um sítio público e não entregue a um grupo privado”, frisa. A par disso, a reunião deve servir para a comissão elencar outras intervenções.

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Esta reunião acontece dois dias depois de um encontro entre a CCVM, a presidente da Assembleia Municipal de S. Vicente, os líderes das bancadas municipais e a Comissão para o Ordenamento do Território da CMSV sobre o dossier Matiota. Perante as dúvidas que pairam sobre os eventuais projectos imobiliários para essa orla, a CCVM pediu à presidente da assembleia municipal para agendar uma sessão, ordinária ou extraordinária, destinada para o debate sobre o futuro da Matiota. Silva faz questão de frisar que a CCVM quer o agendamento de um debate específico sobre essa matéria. E, se a sessão não for agendada por iniciativa da presidente da assembleia, pretende mobilizar 315 assinaturas para obrigar a AMSV a convocar os representantes municipais para o efeito.

“Este é um assunto de extrema complexidade e com muitas implicações, que pode até colocar em causa a soberania do país, se for permitida construções particulares nessa zona a dois-três metros do mar. Além do conflito social que porventura isso poderia gerar, estamos a falar de uma zona com uma água com 4 metros de profundidade, que pode permitir o uso de submergíveis para determinadas finalidades”, prognostica António Silva.

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Até ao momento ninguém sabe ao certo se algum projecto imobiliário foi aprovado para essa área. Porém, circula nas redes sociais um projecto para a construção de vivendas de luxo e que parecem abranger toda essa zona, indo mesmo até ao mar. A seu ver, essas obras ferem a estética dessa área e brigam com o conceito de cidade saudável. E tomou a iniciativa de encaminhar uma carta à Ordem dos Arquitectos para se posicionarem sobre o assunto e está a ponderar fazer a mesma coisa com as ordens dos Engenheiros e dos Advogados.

Com base nisso, António Silva entende que a Comissão para o Ordenamento do Território, os eleitos e a Assembleia Municipal devem investigar a fundo e trazer respostas cabais para o povo de S. Vicente. E esses dados, defende, devem ser disponibilizados na referida sessão da AMSV, seja ela ordinária ou extraordinária. “Queremos transparência nesse processo. Queremos saber se o terreno foi vendido, por quem, quando e para que finalidade. Se houver grupos de investidores interessados em S. Vicente que lhes sejam disponibilizados lotes noutros locais porque Matiota deve ser um local de acesso público”, salienta a citada fonte.

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António Silva recorda que a dinâmica da CCVM começou com um simples gesto: a limpeza do tanquim da Matiota com o fito de devolver essa antiga piscina às crianças e pessoas idosas. Aquilo que começou com uma pessoa foi ganhando adeptos e muita gente, inclusive Dora Pires, presidente da AMSV, pegou em baldes para retirar a areia que tem estado a cobrir essa estrutura. Mais tarde, o actual ministro do Mar realizou um encontro com os mentores da iniciativa, assegurou o apoio para a limpeza do espaço e efectuou uma visita ao local.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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