Piroc, amigo e companheiro da cantora Cesária Évora, faleceu hoje no hospital Baptista de Sousa, devendo o funeral ser realizado esta tarde na cidade do Mindelo.
A notícia, que foi anunciada por Artur Monteiro na sua página no Facebook, apanhou Luís Graça de surpresa, ele que tinha uma forte relação de amizade com Piroc, pessoa que conheceu desde a infância na zona da Ribeira Bote.
“Ele era uma pessoa sempre amável e prestativa, que não tinha maldade no coração. Ele era um exímio cozinheiro, que Cesária Évora levava consigo para as suas turnés. Diria que Cise não dava um passo sem a companhia de Piroc”, comenta Luís Graça, que se lembra de ouvir Piroc dizer que viveu do melhor que podia ter enquanto colaborador de Cesária Évora.
Numa entrevista ao Mindelinsite, Piroc chegou a afirmar que não tinha “manha” de nada da vida, por ter disfrutado de momentos de glória, comido e bebido do melhor que havia. Confessou, no entanto, sentir saudades dos tempos em que não lhe faltava uma sopa “de osso de vaca” na panela e nem precisava sentar-se ao pé da sua casa, ou do antigo salão de beleza Gia, à espera de passar “uma alma bondosa” que lhe desse “qualquer coisinha”.
Na conversa com este jornal, revelou que a sua vida tornou-se num pesadelo após a morte de Cesária Évora, a artista mais famosa de Cabo Verde. Esse acontecimento virou a sua vida de cabeça para baixo, passando a viver com imensas dificuldades financeiras, sem garantias de comer as três refeições por dia. Segundo Piroc, que tinha diabetes, passou a depender da ajuda de amigos para sobreviver.
Luís Graça confirma que ele fez parte de um grupo de amigos residentes em Cabo Verde e na diáspora que passou a ajudar Piroc. Para o efeito fizeram uma campanha e conseguiram angariar algum valor financeiro para poder assegurar a sua alimentação diária. “Acredito que ele não passou por tantas dificuldades para garantir as suas refeições nos últimos tempos. Ele enfrentou algumas vulnerabilidades, mas que são naturais na vida de qualquer pessoa”, diz Graça, que não se mostrou muito surpreso com esse desfecho devido ao estado de saúde de Piroc, embora tenha ficado triste com a notícia.
Artur Monteiro foi outro amigo muito próximo de Piroc, a ponto de ajudar o malogrado a escrever as cartas que enviava à sua mãe. Para ele, Piroc, de nome próprio José Carlos Delgado, 54 anos, era uma pessoa tranquila, amiga de toda a gente.
