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Evacuada sem acompanhante, Albertina dos Reis regressou a Cabo Verde e faleceu ontem no Porto Novo: “Revoltante”, diz amiga

"Dra dzê ke jame ka tem solução", este foi o desabafo que Albertina Reis fez a uma amiga em agosto. Quatro meses depois faleceu na sua casa na cidade do Porto Novo. O funeral será esta tarde.

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Faleceu na cidade do Porto Novo a paciente Albertina dos Reis, que foi evacuada em 2022 para Portugal para tratamento a um cancro no útero e que criticou a Junta de Saúde por ter alegadamente negado conceder-lhe a possibilidade de ser acompanhada pelo marido. Segundo Adilson dos Reis, a irmã morreu ontem por volta das 6 horas da manhã na sua casa, um mês após regressar à ilha de Santo Antão, a seu pedido, para passar os últimos momentos de vida.

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“Ela foi enviada para Cabo Verde no mês de outubro praticamente sem possibilidade de sobrevivência. Esteve alguns dias internada no hospital de S. Vicente, mas depois pediu para vir para a sua casa, em Porto Novo”, conta o irmão, que descreve a malograda como uma pessoa ímpar, que adorava ajudar o próximo. Adilson dos Reis acrescenta que essa paciente foi evacuada para Portugal e passou os primeiros tempos sozinha numa casa. Sofreu alguns desmaios e acabou sendo transferida para um lar hospitalar onde tinha assistência.

“Ela fez a primeira fase do tratamento e deveria regressar três meses depois para os médicos verem a evolução da doença. Foi para Itália, onde tem uma filha, mas um mês depois as dores regressaram com intensidade e ela teve que voltar para Portugal”, descreve Adilson dos Reis. Conforme o seu relato, os médicos constataram que o estado do cancro piorou e que já não havia hipóteses de cura.

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Albertina dos Reis, 40 anos de idade feitos em maio deste ano, enfrentou dificuldades impensáveis, nas palavras de uma amiga. “Ela sofreu demais. Tinha tanta dor que nem a morfina conseguia fazer mais efeito”, comenta esta fonte, que se mostra revoltada pelo facto de a paciente ter sido enviada para Portugal sem um único acompanhante, quando o seu estado de saúde era preocupante.

Durante o tempo de tratamento em Portugal, Albertina dos Reis, 40 anos, fez quimioterapia, sessões que, segundo esta fonte, a levaram a um elevado estado de sofrimento. “Na minha vida nunca vi uma mulher tão guerreira. Apesar daquilo por que passava, e era evidente, mantinha um estado de espírito elevado e falava da sua situação”, realça.

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Esta fonte acrescenta que Albertina dos Reis enfrentou ainda sérias dificuldades em encontrar e manter uma residência, muito por causa da política do INPS. Explica que ela chegou a perder o apartamento onde foi alojada quando foi internada no hospital. Isto porque, diz, o Instituto deixou de lhe dar o subsídio de alojamento, o que, para ela, é inaceitável.

Albertina dos Reis chegou a relatar a sua indignação numa entrevista concedida ao Mindelinsite. Ontem deu o último suspiro e será enterrada na sua cidade do Porto Novo hoje à tarde, a partir das 16 horas.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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