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Caso Jocileide: PN diz que mulher estava sob efeito de “alguma substância” e nega que agente tenha introduzido a mão no seu sexo

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Uma investigação feita pelo Comando da Polícia Nacional, na sequência de uma notícia publicada pelo Mindelinsite, indica que Jocileide Silva estava sob efeito de “alguma substância” quando contactou a Esquadra de Fonte d’Inês na madrugada de 26 de Junho e conclui que não há provas que um agente de serviço tenha introduzido a mão no sexo da mulher. A PN confirma que o policial “aplicou” duas bastonadas à mulher, porque ela desacatou uma ordem e foi preciso “manter a autoridade”, e que deteve um amigo da mesma por injúria e ameaça.

Vinte dias após a publicação de uma reportagem do Mindelinsite, dando conta de um incidente ocorrido na Esquadra de Fonte d’Inês envolvendo Jocileide Silva, a PN revelou o resultado de uma investigação interna instaurada para apurar a veracidade da versão apresentada por essa fonte. É que, como chegou a alegar o próprio Comandante Regional da PN, se as informações fossem verdadeiras o caso seria de extrema gravidade, já que a jovem acusava um agente de detenção ilegal, ofensa corporal gratuita e de ter introduzido a mão no seu sexo supostamente à procura de droga no seu corpo. 

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A investigação da PN veio, no entanto, revelar uma versão diferente da história. A Polícia Nacional confirma que a jovem contactou a Esquadra de Fonte d’Inês por volta das 3 horas da madrugada de 26 de Junho, mas com “manifestos indícios” de estar sob efeitos de “alguma substância”, nomeadamente bebidas alcoólicas ou outro produto. Esse quadro, conforme a PN, foi confirmado por uma testemunha que afirma ter visto Jocileide Silva minutos antes a correr com duas bolsas na mão “descontrolada”, com evidentes sinais de estar embriagada e “dopada”. A mesma testemunha, prossegue a PN, assegurou que a “Joyce”, como é tratada pelos amigos, é “consumidora de cocaína e usuária de álcool forte”.

Jocileide Silva

 

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A PN explica que, após ter informado a um agente que foi vítima de um assalto, este perguntou-lhe se podia indicar o local e as características do suspeito para que fosse acionada a brigada de resposta rápida. Só que a queixosa negou colaborar com o agente e fornecer-lhe os dados. Jocileide Silva, conforme a PN, limitou-se a dizer esse era o trabalho da PN. “Acto contínuo aproximou-se do agente – sem estar com máscara e sem respeitar o distanciamento recomendado pelas autoridades sanitárias face ao contexto da pandemia – gritando em tom agressivo e se aproximando cada vez do agente. Face ao comportamento demonstrado motivado pelo estado ébrio em que ela se encontrava foi solicitada que se retirasse e que regressasse no dia seguinte pelas 8 horas da manhã, sóbria e com maior serenidade para apresentar a sua denúncia e ajudar na identificação do suspeito”, explica a PN em nota enviada à redacção do Mindelinsite

Em vez disso, diz a PN, Jocileide Silva desacatou e resistiu à ordem, pelo que o agente aplicou-lhe duas bastonadas “como forma de quebrar a resistência continuada e fazer valer a sua autoridade”, facto que está relatado no auto de detenção remetido ao Ministério Público. Quanto às escoriações que a moça apresenta na coxa e joelho, a PN diz que foi impossível comprovar se foram provocadas devido a um empurrão do agente.

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Em relação à denúncia da jovem, segundo a qual o dito agente calçou luvas e introduziu a mão no seu sexo supostamente à procura de droga, a PN enfatiza que um amigo da própria Jocileide Silva, e que acabou também detido, assegura não ter visto tal cena. “É de acrescentar que a própria Jocileide declarou que, no momento da detenção, trazia vestida uma calça jeans, tipo elástico, que fica apertada no corpo, o que demonstra que, para que o agente introduzisse a mão no seu corpo seria preciso despir-lhe as calças, o que em nenhum momento ela afirma ter acontecido”, realça a PN. A Polícia enfatiza ainda que a mulher foi apresentada no dia seguinte ao Ministério Público com a mesma roupa que alega ter o agente limpado a mão ensanguentada pela sua menstruação, pelo que, querendo, poderia ter apresentado as suas vestes como prova.

Na sequência desse incidente, um amigo de Jocileide Silva acabou também detido. A moça diz que ele não tinha a ver com o caso, mas a PN explica que Jocy regressou à Esquadra acompanhado desse colega, voltou a ofender o agente de serviço e que o amigo começou também a “injuriar” e a “ameaçar” o policial. Conforme a nota, o jovem disse que “conhecia” o agente e que ele um dia iria “tomar” aquilo que era dele. Além disso chamou o policial de “filho da puta”. Enquanto dizia isso, o jovem foi-se afastando da Esquadra juntamente com Jocy, pelo que o agente acionou uma equipa de Piquete que efectuou a sua detenção de imediato. 

A PN assegura que tanto Jocileide como o amigo foram apresentados ao Ministério Público dentro do prazo legal, pelo que compete à Procuradoria da República decidir se houve alguma infracção na conduta da Polícia Nacional.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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