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TCV em HD? Só se formatarem o HD!

Para ser sincero, a guerra entre facções na TCV, jovens contra veteranos, MpD contra PAICV, Sotavento vs Barlavento está tão ao rubro que daria uma novela melhor que as da Globo!

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Por: Alexandre Tey

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Compreendo perfeitamente que vocês mais privilegiados financeiramente têm parabólica e dezenas de canais de opção e que muito raramente vêm a TCV, mas convenhamos… Algum dia tínhamos que falar mais seriamente sobre a TCV e como temos os nossos Governantes andam muiiiito à vontade a gerir o que é nosso por direito e pagamento, tão nosso que pagamos mensalmente valores entre os 424 a 530 escudos de taxa audiovisual (maioritariamente 530$00), diretamente cobrados na fatura da eletricidade na ELECTRA, conforme a tarifa de cada contador. (530 X 12 = 6.630$00… poxa já tava dá bom fim de one!)

Os números que me disponibilizaram se calhar pecam por defeito, por isso talvez até sejam muito maiores, mas, referente apenas ao mês de maio, foram arrecadados pela Taxa Audiovisual mais de 37 milhões de escudos…, ou seja, 37 mil contos, pelo menos! Multiplicando por 12, temos o montante de 444 mil contos por ano!

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Esse valor sai do bolso dos contribuintes cabo-verdianos, por isso temos mais do que o Direito… temos o Dever de EXIGIR que nos sejam prestadas contas de como é gerido esse dinheiro, como é distribuído e sobretudo demandar melhores serviços às Empresas Públicas alimentadas pela Taxa Audiovisual!

Imagina que resolves assumir as tuas contas aos 23 anos e pagas a tua conta de luz… aos 75 anos já terás pago 330 contos! Que dava um Starlet, ou umas boas férias no estrangeiro, ou até 15 ou mais passagens aéreas de ida e volta entre ilhas! Feitas as contas, a taxa audiovisual doi-te e afecta-te diretamente na tua qualidade de vida, por isso não achas que devias não só exigir mais, como ter algum controlo do que se passa na Televisão Pública?

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Os sucessivos Governos têm se preocupado em manter a TCV como a sua máquina de propaganda, onde muito rara e timidamente são confrontados com as suas decisões e possíveis atos de negligência e corrupção! O simples facto de NUNCA ter existido um programa de sátira e humor na Televisão Pública que brinque com os nossos governantes só tem equivalência nas Ditaduras e nos regimes onde as Liberdades individuais não são respeitadas.

Aliás… em toda a programação da TCV não se vê um resquício de criatividade, sempre o mesmo de sempre! Nada que dignifique a criatividade intrínseca ao Povo Cabo-verdiano ou que demonstre o quanto somos bons em fazer muito com quase nada!

Como é possível que em meados de +´95 eram produzidos concursos a partir dos estúdios do Mindelo, com as condições que haviam na altura e agora, que tudo é exponencialmente mais fácil, tanto de filmar, editar, achar e contatar pessoas e serviços. Tipo o “Aos Pares”, do Luis de Matos e do Ivan Spencer, ou o “Mini-chuva de Estrelas”, da Margarida Moreira, entre outros.

Quantas horas semanais a TCV repete a mesma programação? Quantas vezes tem piada “Bem ma Nôs” até Boston ou Rhode Island? Uma vez até que vai… mas já vai em quantas?

REPOSIÇÃO!!!! Que nome bonito e pomposo!! Chamemos as coisas pelos seus nomes… É REPETIÇÃO!! Não sou nenhum especialista em dicionários, mas para mim “Repor” seria se nos colocassem nas nossas contas bancárias todo o dinheiro que já pagamos na taxa audiovisual, por algo que não consumimos e/ou é de má qualidade!!! Isso sim, isso é que seria uma boa reposição, não concordas? Porque, para mim, os programas eles repetem até à exaustão!

Impressionante como uma Televisão Pública não tem um programa que produza conhecimento, que ensine as massas, que mostre bons valores, que ajude a criar Cidadãos ativos e engajados… que ajude o País a produzir melhores Seres Humanos… se têm, são pouquíssimos e deviam ser muitos mais! Mas, o que constatamos é que, quando a Sociedade aperta o Governo – ou reparam que algo vai muito mal, (por exemplo casos de feminicídio ou violência doméstica) – gastam milhares em campanhas publicitárias passageiras que vão diretamente para os bolsos, muitas das vezes, de produtoras e marketeiros estrangeiros.

Podem explicar-me como é possível… como entra na cabeça de alguém?! Num dos horários mais nobres e de maior audiência a nível semanal (domingos à noite) a TCV passa em diferido um programa que passou em direto na quinta-feira noutro canal, que também temos disponível na nossa TDT!! Isto é o cúmulo dos cúmulos! Uma afronta total… é a assinatura autenticada da TCV no seu próprio certificado de incompetência!

A mim dá-me uma profunda vergonha e tristeza e não tenho nenhuma ligação laboral com a TCV, por isso não compreendo de nenhuma maneira como é que aos dirigentes e decisores não lhes arde a cara! Atenção… Não é tanto porque o programa é Português! É porque parece que eles não entendem que o sinal já não é analógico… agora é digital, então TODOS os canais da TDT estão disponíveis em todas as casas… Logo, quando ao domingo repetem um programa que deu na quinta-feira em direto noutro canal da TDT, estão a fazer o que fazem sempre… não a dar algo novo aos cabo-verdianos, mas sim a REPETIR… e desta feita a repetir algo que deu noutro canal! É de uma falta de brio colossal!

Quanto ao telejornal e à informação em geral, parece que apenas vemos o “País sentado”!! Que é o termo que se utiliza quando as peças de reportagens são feitas somente sobre onde os organismos de estado e alguns outros, vão fazer palestras, work-shops, conferências, encontros, inaugurações, bienais, congressos, semelhantes e afins…; ou seja, o jornalismo investigativo é quase inexistente! Não se nota nada de sair para a rua à procura de uma notícia para informar a população, ou de desmascarar algum esquema de corrupação… Credo, viajei na mayonese!! Ver isso em Cabo Verde é praticamente utópico!

Parabéns à TCV pela transição a Full HD em termos de imagem…, mas dá pelo menos para equalizarem o som? É como disse há dias, temos que ver o telejornal com o telecomando na mão, pois umas peças estão com o volume mais alto de que outras e, para tentarmos ouvir, subimos o volume, depois chega a publicidade e vem aos altos berros!

Pelo pouco que vi nos últimos dias parece que resolveram (espero mesmo que sim!) o problema das constantes gralhas e erros nos rodapés e no cabeçalho das notícias. Mas o que importa mesmo é que não é só a imagem que tem que ser Full HD… a mentalidade também, o brio profissional também, o amor à camisola e principalmente o espírito de equipa e a solidariedade dentro da mesma! Porque, se vão continuar a autossabotar-se, nem sequer vale a pena!

Como podem os canais privados, com muito menos capital e recursos humanos estarem a fazer melhor trabalho em muitas àreas? Como pode uma pessoa singular, num live nas redes sociais fazer um melhor trabalho a cobrir um Carnaval? Como pode um canal privado, sem muitos recursos financeiros, sem acesso a verbas do Estado, ser quem cobre as emissões de jogos de futebol nacional e regional!? Bem como outras modalidades!

Resumindo e concluíndo… Precisamos como Povo tomar as rédeas, de saber como são gastos os fundos arrecadados pela Taxa Audiovisual e decidir se é assim que queremos que seja gasto. Vamos nos organizar e tomar TODAS AS HORAS de programação repetida da TCV, pois quem quer produzir algo novo e diferente não deve pagar nada para dar uma lufada de ar fresco na nossa TCV e valorizar a nossa juventude talentosa que está a despontar nessa área!

Estamos fartos da TCV ser o braço direito do Partido no Poder… Temos que despartidizá-la e torná-la realmente independente! Juntas-te a mim? Como vamos fazer? Petição? Jam kalká na start.. agora dá bo help tb!

Peço às pessoas e empresas que trabalham na produção de conteúdos audiovisuais para entrarem em contato comigo para juntos traçarmos estratégias para exigir à TCV tempo de antena!! Se eles não dão conta do recado e até repetem programas de outros canais… que deem licença que nô krê dá nôs best tb!

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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