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Religar-se – novo livro de Arlindo Rocha

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“[…] Quando a fé é completamente substituída pelo credo, o culto pela disciplina, o amor pelo hábito; quando a crise de hoje é ignorada pelo esplendor do passado; quando a fé se torna um mero objeto herdado em vez de uma fonte de vida, quando a religião fala somente em nome da autoridade em vez da compaixão, sua mensagem se torna sem sentido […]” (HESCHEL)

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Por: Priscilla Lundstedt Rocha 

Somos seres humanos, e assim continuaremos, mas em tempos tão polarizados, e agora com uma pandemia precisamos ainda mais estudar, entender a necessidade humana de abertura para o diálogo, o respeito, a empatia e a tolerância entre os homens em sua procura incessante pelo transcendente, ou de forma mais simples, pelo seu melhor.

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Religar-se não tem a pretensão de ser um guia de como fazer ou ser, jamais!  São artigos com idéias, críticas, reflexões éticas, religiosas e filosóficas, a cerca de temas ligadas a Ciência da Religião. O que o autor propõe é a compreensão do ‘fenômeno’ religioso, como parte do ‘fenômeno’ humano a partir do seu contexto histórico, político, social e religioso, com seu alicerce plural, ou seja, sustenta-se sob diversas perspectivas epistemológicas, métodos e metodologias de pesquisa inter-e-transdisciplinares, percurso este, que possibilita a integração da Ciência da Religião com a Sociologia, a Antropologia, a Filosofia e a Psicologia, 

Vi cada artigo nascer, mas antes disso presenciei o estudo, a ‘devoção’, o relegere, isto é, o (re) ler, a (re) visitar, o (re) interpretar (…) e a busca por opiniões sólidas e ideias edificantes. Vi o autor crescer como ser humano, repensar sua vida, seu caminho e seus objetivos. Vi alicerçar sua família, dia a dia, e estimular cada um ao seu redor a ser melhor. Não pensem que as palavras foram doces, pois quando se tem em si, uma revolução conceitual, ou seja,  o desejo de autotransformação, de aprimoramento e da escolha de uma nova visão sobre questões que ainda não foram absolutamente esgotadas, as reflexões, por vezes, inquietam e desestabilizam.  

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/ Ao ler Religar-se devemos pensar num jogo de frescobol: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, fazemos o maior esforço para devolvê-la no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado

Mas, a grandeza maior é que não há julgamentos, não há ganhadores, nem perdedores, há apenas discussões, (re) interpretações, problematizações e depois o religar-se, ou seja, o verbo transitivo que pressupõe: o atar, o apertar ou, simplesmente, tornar a ligar, ligar ainda melhor. 

Ao ler Religar-se devemos pensar num jogo de frescobol: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, fazemos o maior esforço para devolvê-la no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado: ou os dois ganham ou ninguém ganha. Ninguém fica feliz quando o outro erra, pois, o que se deseja é que ninguém erre. 

Como metáfora a bola são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Ler, (re) interpretar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá, é comprometer-se com um futuro melhor, fazendo sempre a diferença.

Apesar de muitos considerarem o verbo religar, uma forma prosaica, considero-o uma das melhores formas de autotranscendência humana, pois, o homem aprende que não é um fim em si. Apesar da imanência, seu destino é sobrenatural, por isso, deve aprender a harmonizar seus paradoxos, refletindo, questionando e contribuindo com novas ideias, em fim, evoluir sempre, ultrapassar-se…

Muitos, com razão, devem questionar: o que significa ser um ser humano melhor? Eu respondo: sendo melhor, fazendo a diferença na vida das pessoas, não julgando, apenas contribuindo com novas reflexões com empatia, respeito, fé e acima de tudo amor. Religar-se, ligou-me ainda mais com minha/ nossa realidade, com a minha família, com o real significado do amor e com o além homem.

Religar-se é o terceiro livro do meu companheiro de caminhada Arlindo Rocha, o qual tenho orgulho e admiração, além é claro de muito amor. Escritor, pesquisador e professor, um ser humano iluminado, que em meio a turbulência deste ano, dor e ‘desesperança’, não nos desamparou. Em meio às minhas angústias sempre esteve atento, cuidando, protegendo, mesmo quando essa proteção era de mim mesma. Nossa família se manteve unida, pois nos religou, lutou, abraçou e acima de tudo nos ensinou o caminho para ir à luta e superar os novos desafios. 

Seu exemplo de superação diária, dedicação aos estudos e a família nos uniu em um laço, onde estamos amarrados pela coragem, força, perseverança, fé e acima de tudo o amor. Que todos possam entender e sentir a necessidade de Religar-se (sentido religioso ou não), pois, a crescente desumanização e a liquidez das relações humanas, certamente, são os problemas que nos causam tantos danos pela falta de ética e caráter globais. Que leiamos, mas nos “ligando de novo” ao que é essencial, e não apenas comercial e superficial.

Boa Leitura!

Rio de Janeiro, aos 20/10/2020.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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