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Os lucros e os clientes …

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Por Nelson Faria

Nos últimos dias, muitos têm sido as publicações de grandes empresas nacionais dos lucros obtidos no ano económico de 2022, nos mais variados sectores, por exemplo das tecnologias, sector bancário, serviços, com empresas como a CV Telecom, a ENAPOR, O BCA a CECV, a Garantia Seguros, interatlântico, entre outros, na linha da frente, sendo que em algumas situações são considerados “lucros históricos”, quer pelos valores quer pelo aumento percentual.

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Obviamente deve ser motivo de aclamação e regozijo de todos os cabo-verdianos porque uma empresa lucrativa é uma empresa que dá sinais de vitalidade, perenidade, de valor acrescentado e, espera-se, de qualidade. Não somente, mas as empresas existem para esse fim: obter resultados e trazer lucros para os seus acionistas. Portanto, não alinho com a mesquinhice de se ver os lucros das empresas com a inveja nossa ou como algo que não devesse ser louvado. Se as empresas estão bem, os serviços e produtos existem, a economia funciona, há trabalho, esperando que os colaboradores das organizações que fazem parte desses resultados também se revejam e tenham a sua justa gratificação por isso.

O que concordo e acho que deve ser objeto de reflexão das empresas, nem que seja pela responsabilidade social que têm com o meio onde se inserem, é com a perceção que todos os que não são acionistas acabam por ter, conforme os lucros obtidos à custa dos clientes e consumidores, particularmente no sector bancário e das tecnologias, estar atrelado ao “sacrifício” desses consumidores / clientes quer pela qualidade de serviço duvidosa em alguns casos, quer pelos preços praticados desajustados ao contexto inflacionista, de rendimentos praticamente inalterados dos consumidores… de sacrifício dos mesmos.

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O sacrifício dos clientes e consumidores em prol dos lucros das empresas é uma prática controversa, geralmente considerada antiética e creio ser esta parte que acaba por provocar uma reação, na minha perspetiva, anómala, aos lucros publicitados. No mundo empresarial, ético, as empresas devem procurar o equilíbrio entre o sucesso financeiro e o atendimento às necessidades dos clientes. Os clientes das empresas lucrativas estão satisfeitos com o serviço e consideram justa a política de preços? Estudo a ser feito por cada empresa.

Como referido, embora as empresas tenham como objetivo obter lucros, é importante lembrar que os clientes/consumidores são a base de qualquer negócio. Sem consumidores satisfeitos, uma empresa provavelmente enfrentará dificuldades a longo prazo. Priorizar exclusivamente os lucros em detrimento dos clientes pode levar a perdas de reputação, diminuição da fidelidade do cliente e, em última análise, quebras nas vendas e nos lucros.

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Empresas bem-sucedidas geralmente adotam uma abordagem orientada para os clientes / consumidores, procurando oferecer produtos e serviços de alta qualidade, atendimento de excelência e valor acrescentado. Isso não significa que os lucros sejam ignorados, mas sim que são alcançados através da satisfação do cliente e do desenvolvimento de relacionamentos a longo prazo.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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