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Maçonaria: Desfazendo o mito (parte 3): A Iniciação, as sessões e os graus

A iniciação é um ato simbólico. Igual a um casamento ou batizado na Igreja.

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Por: Cídio Lopes (Doutorando em Ciências das Religiões)

Iniciação

Da mesma forma que a “solenidade” na Igreja não será responsável para que seu casamento “dá certo” ou por você levar uma vida cristã, o mesmo é a iniciação. Aliás, o termo também é utilizado na comunidade cristã. “Iniciação á vida cristã” e se trata do mesmo fundamento filosófico e teológico.

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Da mesma forma que a solenidade de casamento tem variações de acordo com a Igreja, na Maçonaria temos quatro tipos de ritos. Sendo o mais breve e de pouco simbolismo o rito de origem inglesa/USA. De outra perspectiva em termos simbólico, temos o Rito Escocês Antigo e Aceito que é carregado de símbolos e ritualística.

O Rito Escocês Antigo e Aceito – REAA é praticado pela maioria das Lojas no Brasil, diria sem medo de errar que por 90 por centro. Outros 9% pelo Rito de York ou rito da Marca. E o restante por outros ritos (R. Brasileiro, R. Moderno ou Francês, R. Schroeder, R. Adhorinamita). Um ponto comum entre todos os ritos é que todos eles terão uma história em comum, o que varia é a forma de “explicar”.

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O rito é um recurso teatral para auxiliar a pessoa a se colocar em estados mentais capazes de pensar a vida sob uma ótica da totalidade da realidade. Como o nome diz, ele é simbólico, e, portanto, é um auxílio. O rito é uma estratégia de exercício para que o espírito vá se colocando em situações favoráveis a perceber estados espirituais que fogem à vida cotidiana. Esses estados são aquilo já mencionado sobre mistério. Não se propõe “ver” nada além disso. A missa católica é um rito que tem o mesmo propósito. Aliás, o REAA é considerado em sua estrutura de início, meio e fim muito próximo à missa católica.

Como prática histórica, se faz uma cobrança financeira para se entrar na maçonaria, como em qualquer clube de “desporto” (Clube Paineiras, Clube Pinheiros, Minas Tênis Club, etc) . Hoje no Brasil as Lojas Históricas têm valores variados, que podem ficar entre 4 a 15 mil reais. Esses valores servem para pagar gastos atinentes à iniciação e, muito relevante, servir como critério de afugentar curiosos aventureiros. Pode não parecer um problema, mas é muito desagradável os curiosos e fofoqueiros, eles não se comprometem com nada, inventam histórias; e só ficam na superficialidade da vida.

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Esses valores monetários pertencem à Loja e só o coletivo decide sobre ele. No geral, esses valores são utilizados para se fazer algum tipo de “benemerência” (Doação de medicamentos, cadeiras de rodas, etc.) ou para promoção de algum evento cultural para familiares da Loja. Com o tempo, a Loja, no seu coletivo, faz planos de “ação beneficente, promoção cultura e assistência” e faz a gestão coletiva desses valores que por ventura pertence ao caixa da Loja.

3.3. As sessões maçônicas

Uma sessão maçônica é o momento de reunião durante a semana. Nelas se tem um horário fixo para começar e terminar. Após o término, se faz um recreio que damos o nome de “ágape”, momento fraterno no qual se faz um “lanche”. No Brasil se come pizza (o que engorda), toma-se moderadamente cerveja, café, etc.

Durante as sessões, toda ela seguindo o ritmo do manual, o que gera um ritual, se faz leituras nas quais se rememora os motivos para os quais estamos ali; além de leituras de trabalhos sobre filosofia maçônica que os membros são convidados a fazer; O trabalho maçônico consiste em ler temas filosóficos, bíblicos, e discorrer sobre eles; no estilo escolar mesmo. Esses temas estão todos nos manuais do Rito que se adota. Adiciona-se a esses temas a especificidade simbólicas da maçonaria, para fixa-los na memória, que no geral é toda uma simbologia oriunda da construção civil.

Existe três tipos de seção. Dedicada a cada grau de formação e as mesmas são distribuídas segundo agenda da Loja.

3.4. Graus Maçônicos

Esse é outro tópico que gera muita confusão no público em geral. O cerne da maçonaria são 3 graus. Aprendiz, Companheiro e Mestre. Nesses três momentos de formação está tudo que comporia a maçonaria. Todo o conteúdo necessário está contido neles. Eles se chamam de simbólico pelo fato de utilizar símbolos na instrução. Todo símbolo comporta múltiplos significados. Assim, se lhe mostro uma “pedra” (pedra de construção) sem trabalho algum, ali no seu formato bruto, podemos transpor essa figura para outras esferas. Tal como, associar a pedra bruta aquele aspecto rude que há em cada um de nós e que, ao trabalhar essa pedra bruta, devemos passar a outro estágio, lapidando essa pedra. Como podemos ver, a pedra bruta é um símbolo e dele podemos fazer associações.

A Igreja Católica utiliza largamente a mesma técnica simbólica de formação, quando, por exemplo, chama Jesus de “cordeiro”. A maçonaria apenas copiou essa estratégia, utilizando largamente símbolos da construção civil medieval para tal. O que confunde até mesmo maçons é que nos símbolos há muita indicação de conteúdos a serem estudados e trabalhados. E se você não for procurar as indicações, fica a ideia de que eles não estão contidos nos 3 graus simbólicos.

Então porque se fala de maçom grau 33? Como se fosse o papa da maçonaria? Vamos explicar. Você pode encontrar a expressão maçonaria simbólica e maçonaria filosófica.

Por maçonaria simbólica são os 3 graus acima indicados. Por filosófica, tem uma variedade segundo o “material didático” (Ritual) adotado. Se for o Rico Escocês Antigo e Aceito, aí sim falaremos dos 33 graus. Sendo os 3 primeiros da parte simbólica, Aprendiz, Companheiro e Mestre, e os outros 30 da maçonaria filosófica.

A maçonaria filosófica é um complemento ou aprofundamento dos 3 graus. E há algumas diferenças nesses percursos de formação. Se no R.’. E.’.A.’.A.’. ficou mais conhecido com seus 33 graus, o Rito Moderno tem apenas 14. O Rito de York 7 e o Rito Schroeder (alemão) apenas os 3 simbólicos.

Mas há outros ritos com muitos graus, porém não são aceitos na Maçonaria Histórica do Brasil. Dentre eles temos noticias do ritual chamado egípcio, praticado por algumas maçonarias não-históricas, que vão aos 90 graus.

O que importa é que a base da maçonaria são os três graus. E, para progredir nesses graus, se exige que o novato, no grau de Aprendiz, leia, faça trabalhos escritos, faça apresentações orais, e na vida “profana” estreite a convivência social com outros irmãos.

Em maçonaria se utiliza muito os termos vida “profana” e vida “maçônica”. Trata-se de um clichê de área ou um trejeito maçônico. Por vida profana estamos falando das coisas cotidianas, da vida social para além das relações maçônicas. Por vida maçônica são os assuntos restritos a Loja, Grande Loja, etc. Deve-se, contudo, tomar o devido cuidado para não compreender a vida cotidiana sob uma ótica de apreciação negativa, o que é um equívoco, pois o maçom é e deve ser alguém apaixonado pela família, pela vida da comunidade onde vive.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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