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Maçonaria: Desfazendo o mito (parte 2): Loja, Templo, Grande Loja, Grande Oriente.

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Por: Cídio Lopes (Doutorando em Ciências das Religiões)

Em todo grupo se constrói um palavreado que só os “entendidos” sabem seu significado. Assim, na cultura militar temos seus termos, na Igreja haverá uma terminologia, etc. Na maçonaria não seria diferente. Passemos a algumas dessas palavras.

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Loja é o grupo de pessoas que se reúnem. Tendo no mínimo de sete pessoas e tradicionalmente sem um limite máximo de membros. Sendo nossa apreciação de que haja no máximo de trinta pessoas; motivado por uma série de argumentos que apresentaremos em outro momento.

A palavra Loja tem uma origem histórica, mas nesse momento vale sabermos que se trata de um conjunto de pessoas, os membros. A Loja não é um lugar físico, mas o coletivo de pessoas. E essa é a parte mais relevante da maçonaria, é a base, o fundamento, onde maçonaria de fato acontece.

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Templo é o lugar físico onde a Loja se encontra; no Brasil, as reuniões podem ser uma vez por semana ou uma vez por mês nas Lojas vinculadas à Inglaterra. O Templo maçônico tem algumas variações de modelos, mas todos serão um lugar discreto, reservado, sem janelas (com ar condicionado). Em todo Templo temos também uma área destinada a confraternização, isto é, uma área destinada a se tomar um café, comer um lanche, fazer um churrasco, em épocas de comemoração. Nesse salão de recreação é o local que recebem os familiares próximos (Esposa, filhos, etc) e futuros maçons.

Podemos afirmar que a Loja é o núcleo mais importante da maçonaria, pois é nele que o coletivo de pessoas tem contatos regulares e como desdobramento se terá os sentimentos de fraternidade. O Templo é importante, mas uma convivência fraterna, humilde e harmoniosa é o ambiente necessário para a maçonaria se desenvolver. O Templo pode ser feio, mas as relações humanas precisam ser belas, caso contrário tudo se acaba.

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Os termos Grande Loja e Grande Oriente confundem as pessoas em geral. Uma Grande Loja nada mais é do que a junção de várias Lojas. Para fins de administração e expansão da proposta maçônica para todo um território, se faz necessário uma burocracia estruturada e muito bem administrada. Isso ocorre na figura da Grande Loja que nada mais é do que uma “Sede Regional”. Todos os membros das Grandes Lojas precisam estar vinculados à suas Lojas de origem.

Grande Oriente é uma expressão do meio maçônico e equivale a Grande Loja. Contudo, porque “oriente”? Dentre os vários “rituais” maçônicos todos mencionam a ideia de que a humanidade começou a “oriente” do ocidente. Soma-se a isso, fatos como o “Sol” vem do oriente para o ocidente. Nesse contexto se criou a metáfora de que toda Loja é um “Oriente”, isto é, um local que replica de modo simbólico esse “oriente” mítico de onde vem a sabedoria.

Com isso, é comum terminarmos textos dizendo Or.’. de São Paulo. Ou seja, oriente de Luanda, etc.  

Grande Oriente nesse sentido é o equivalente a Grande Loja. Ademais, ficou vincado na tradição inglesa, precisamente em Londres, o uso do termo Grande Loja, pois foi lá que houve a junção de Lojas já existentes formando a Grande Loja Unida da Inglaterra, que hoje consegue ter uma articulação internacional, isto é, o sistema de Grande Loja consegue ter relações de reconhecimento com as várias Grandes Lojas espalhadas pelo mundo.

Já Grande Oriente ficou vinculado à França. Existem várias possíveis explicações, mas podemos notar que em França sempre houve grandes interesses pelo “oriente”. Napoleão, por volta de 1800, representa um ponto máximo disso, com sua famosa expedição pelo Egito e todo o frenesi cultural em torno de um “saber” mágico, misterioso, potente, vindo desse Egito mágico no imaginário do século XIX.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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