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Opinião

Geração em palco

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Por: Maria de Lourdes Jesus

O Ano 2022 entrou com novidades positivas para a nossa comunidade na Itália. A boa noticia é o sucesso atingido na área de espectáculo e da moda por duas jovens da segunda geração nascidas em Firenze – Toscana. Trata-se de Stephanie Dansou de 29 anos filha de Isabel Mendes de Santiago e Carmen da Cruz de 23 anos, filha de Avelina da Cruz de S. Nicolau.

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A Stephanie è cantora, bailarina e.actriz. Ela participou no concurso “Performer Italian Cup” organizado pela televisao italiana-Rai 2  e foi a vencedora da prestigiosa bolsa de estudo BIMA.- Brodway International Musical Academy – New York.

Carmen da Cruz está também vivendo uma grande notoriedade ao ter sido seleccionada através dum concurso como modelo para representar os produtos das melhores marcas no mercado italiano.

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A conversa que tive com as duas jovens sobre o percurso que empreenderam até atingir esse patamar é sem duvida um ponto de referencia importante para os jovens da segunda geração na luta para a realização dos próprios sonhos, e também para os pais se confrontarem com a educação e o tipo de relação que estabeleceram com os filhos.

Para Stephanie e Carmen o sucesso atingido é fruto de muita coragem, renuncia e sacrifícios sobretudo das mães.

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Carmen vive com a mãe e Stephanie mora por conta própria mas não consegue ficar um dia sem ligar para falar com a mãe. Outros aspecto   muito importante que caracteriza e distingue a segunda da primeira geração, está relacionado com o nível do auto-estima e da consciência da própria identidade: cabelo afro a remarcar com muito orgulho a própria origem africana, consciente da força que essa mensagem possa exercer nos jovens e na sociedade italiana.

Carmen tinha prometido a si mesma que tudo faria para que os jovens da segunda geração não sofressem de nenhuma forma de descriminação, bulismo e castigo como ela sofreu na escola quando ainda criança, porque diferente da maioria. “Sempre me senti diferente”, afirma Carmen. “Consegui superar gradualmente essa fase quando comecei a valorizar todos os aspectos de mim e da minha personalidade que os meus colegas na escola utilizavam para tentar ofender-me. Talvez seja por essa razão que tenho muita facilidade em transformar qualquer evento negativo que me tenha acontecido em positivo. Encontro sempre uma solução aos problemas.” Quando frequentava o liceu artístico participava em todos os eventos culturais com material da cultura cabo-verdiana. Fiz uma tese sobre Cabo Verde e sobre o nosso carnaval. Foi assim que comecei a valorizar, a gostar e sentir-me cada vez mais à vontade com a minha diversidade. E’ verdade que o mundo da moda ajudou-me muito. Antigamente as modelos deveriam ser somente brancos, agora não. Vê-se mesmo uma grande diferença na publicidade em televisão e nas revistas de moda. A moda permitiu que a diversidade física e cultural fosse valorizada e de facto muito apreciada hoje.

Vejamos agora as fases do percurso profissional da Carmen.

desde criança Carmen gostava muito de dançar e de imitar as modelos em publico. Sempre que mudava de vestido era uma ocasião para um desfile, mesmo que fosse um só. Frequentou desde criança uma escola de dança. 

Quando terminou o liceu a mãe inscreveu-a numa escola de moda e seguiu vários e diferente cursos de modelos.

Inicialmente começou a trabalhar como modelo, aos 14 anos, participando nos vários desfile de moda em varias manifestações culturais da comunidade africana em Firenze. Não era retribuído mas foi uma bela experiência para a sua profissão de modelo.

Com o book fotográfico o meu agente lançou-me no mercado da moda e com sucesso. Não passou muito tempo e comecei a receber algumas propostas, para participar em desfiles e desta vez retribuída e muito gratificada pela minha presença nas revistas de moda. A minha posição a nível profissional reforçou ainda mais quando fui contactada para fazer a publicidade de jóias na televisão italiana, RAI 1 2 e 3.

Por fim e sinceramente não estava à espera de ser seleccionada entre vários modelos, filhas de italianos. Grande satisfação para mim e também para minha mãe (que aqui agradeço) por ter investido muito na minha formação.

Passamos agora à Stephanie

Stephanie è ativista do grupo “Black Live Matter” e participa em vários encontros organizado pela segunda geração. Ela acha que nunca tive problemas de discriminação porque diz ser uma pessoa alegre, quase nunca se zanga e por isso não se ofende se for provocada com palavras racistas. Acha que a melhor reacção é não dar-lhes a satisfação de te ofender. A minha resposta contra o racismo e contra todas as formas de discriminação é sempre através da arte, no palco, numa relação direta com o meu publico.

Stephanie como Carmen começou com a dança que aprendeu com a mãe e o canto com o pai que lhe ensinou a falar francês através das cantigas. Quanto à arte foi uma descoberta feita por ela que sempre adorou recitar.

Stephanie tem uma alta consideração para duas mulheres que marcaram o seu percurso profissional: Sua mãe Isabel e a sua prima Elisangela, pessoas que ela admira muito e merecem um agradecimento muito especial da sua parte.

Apesar de ser assim tão jovem o curriculum profissional da Stephanie é muito rico.

Em 1997- inscreve-se na ginástica ritma

1999- danza classica, jazz, hip hop presso la scuola arte danza e teatro     com Saverio contarini

2011 -participação no programa televisivo SKETCH Up su Disney channel

2015 -estuda em Roma recitação em ingles/italiano.

2018 -segue o curso “musical times academy” de Denny Lanza

2021 -Stage com 1 janine molinari de Broadway.

2016 -Protagonista do cortometragem “muffin”video musicale com Lorenzo baglioni

2017- corazon videoclip lorenzo baglioni.

2017 vagamondi regia Denny Lanza

2018- Dynamite in hairspray direcore Claudio Insegno

2019 -Cynthia in civico 7 musical director Denny Lanza

2021 Participa no programma su rai 2 performer italian cup

Stephanie està neste momento no torneio com GHOST – IL MUSICAL  em varias cidades italianas até o mês de Abril. Terminado o torneo seguirà para os E.U.onde vai estudar no famoso BIMA- Brodway International Musical Academy -New York.

Boa viagem Stephanie e sucesso sempre também para Carmen.

Link performance da vencedora do prémio BIMA. Um monologo em italiano.

https://fb.watch/9C87mvAfqO/

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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