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Aeronegócio não é para quem quer… “Setembro negro” para a TACV?

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Muito contestada, a opção de cancelar 100% dos seus voos, devido a greve da PORTWAY nos aeroportos da VINCI em Portugal (ou outras razões não confessadas?), a TACV fecha um Agosto amargo, para entrar num Setembro que, se não forem acauteladas algumas decisões e ações em tempo, poderá ser o seu “Setembro Negro”.

Por: Américo Medina

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Olhemos e analisemos :1) O RCP ou “Return on Equity” (Rendibilidade de Capitais Próprios), um indicador financeiro dos mais importantes para a gestão é drasticamente negativo: Resultado Líquido/Capitais Próprios; 2) O REA (Rendibilidade Económica do Activo, EBITA/Activo) é negativo, o que confirma a péssima performance operacional da empresa, ou seja, os activos estão sendo mal utilizados; 3) Autonomia financeira inexistente, inibindo a empresa de honrar os seus compromissos a vários níveis.

A insuficiência de capital próprio não facilita dentre outros o crédito, nem permite a liberdade suficiente para colocar de pé rotas, pacotes e investimentos necessários para competir com os concorrentes, nem alargar a frota com o ritmo e flexibilidade requerida; até questões vitais/cruciais podem ser adiadas como por exemplo planos de manutenção, formação, atualizações a nível dos RH´s e substituição de peças em conformidade com as normativas.

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4) Gastos Fixos incomportáveis para a conjuntura que atravessa a empresa, dando mostras de uma flexibilidade de 0,0(!) o que a impede de ser competitiva, a não ser que seja o tesouro/contribuintes a financiarem as viagens dos passageiros; 5) Existência de atropelos vários (“findings”) detetados à luz dos CV-CAR ( Normativas) que se manifestam através de ações várias sem notificação prévia à AAC, como regulamentado, e que abrangem várias esferas das operações/administração que podem levar a autoridade aeronáutica a suspender o AOC6.

Incertezas quanto à continuidade da Base Operacional no Sal (na realidade já não existe), prevalecendo neste momento uma situação híbrida (nem Sal, nem Praia) o que levou a AAC a fazer uma inspeção à base declarada (Sal) resultando num ultimato, solicitando à TACV para repor a normalidade da situação até o dia 27 de Agosto (esta não-conformidade de Nível 1 pode levar à perda do AOC, a base foi desmantelada sem notificação prévia à AAC, CV-CAR 9)… – a intenção, é criar uma Base Operacional na Praia, mas há procedimentos a serem observados que o CA desconhece ou desvaloriza;

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7) Outra não conformidade não menos relevante (passível de suspensão de AOC) é a inexistência neste momento de um Centro de Gestão de Emergência (de Primeira Linha) que foi desmantelado pelo CA e que… (pasmem!) nunca mais foi montada. Em caso de emergência, a gestão da crise terá que ser feita algures, em “casa alheia”, grave!

Já estamos em Setembro, mês de todos os “perigos” como podemos ver pois que, para além da caótica situação financeira, crise de liderança e inabilidades várias do CA – já pública e abertamente destapadas – os gestores têm entre mãos o facto do Administrador para a Área Operacional já ter avisado que não ficava para além do mês de Agosto!

Como Accountable Manager, terá que ser substituído por alguém que terá que passar por uma audição na AAC (normativas existentes) e terá que ser substituído internamente numa AG da empresa que indicará o novo administrador – tudo isso está sendo acautelado? Espero bem que sim pois, caso contrário vamos ter uma nova não-conformidade de Nível 1: a empresa a funcionar sem um Accountable Manager legitimado pela AAC(!).

Setembro é também o mês em que a aeronave em operações terá que passar por um “Check C” (realizado aproximadamente a cada 20/24 meses, ou um número específico de horas de voo reais, ou conforme definido pelo fabricante. Essa verificação coloca a aeronave fora de serviço por 1 a 2 semanas. Ora, isto quer dizer que o CA (ou serão os donos da aeronave, isso foi acautelado?) vai ter que pagar o Check, o leasing de uma aeronave imobilizada, mais um contrato de wet lease, para se manter no mercado…, num momento em que a empresa nem os salários do pessoal navegante consegue pagar!

Setembro/Outubro terá tudo para ser um período nada fácil para a TACV…, que tudo corra bem! Não preconizo “algazarras”, mas precisamos todos saber realmente a quantas andamos com a nossa “Bandeira”…, alguns há anos que dizem, “Cruz”(!) – parece que já me convenceram. É que no aeronegócio não se funciona à base de uma “fé”, nem o “tribalismo” funciona, muito menos os cabos-eleitorais!

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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