Pub.
Opinião
Tendência

A “Déboragate” e os “Homens do Presidente”!

Pub.

Por: Américo Medina

Quando um Presidente da República toma decisões erradas é fundamental, um imperativo do tempo político, que ele avalie a situação de maneira adequada, tanto em relação às suas escolhas quanto à responsabilidade da equipe que o assessora.

Publicidade

A exoneração de membros do staff e da Casa Civil é a incontornável e inquestionável queima dos fusíveis que se impõe (em qualquer democracia) e é importante por várias razões:

a) Responsabilidade e Accountability: Ao demitir aqueles que contribuíram para uma ou uma série de decisões erradas, o PR demonstra responsabilidade e sentido de Estado! Isso ajuda a manter a integridade da administração e a confiança pública na instituição que é a Presidência da Republica, tornando-se essa “imolação” (auto-imolacão nos casos onde há generosidade suficiente) um imperativo republicano;

Publicidade

b) A Renovação e Mudança de Direção por via da exoneração dos “Homens do Presidente” pode sinalizar uma mudança de fundo de facto, uma nova abordagem, uma nova estratégia na governança, na gestão e administração do seu consulado. Isso é inevitável para se poder corrigir erros e adotar novos caminhos que sejam mais eficazes, transparentes, razoáveis e que dão conforto a toda a sociedade ;

c) Prevenção de Contaminação Política: no caso em pauta em que as decisões erradas forem atribuídas a análise(s), falha(s) ou a conselhos inadequados, a exoneração dos “ Homens do Presidente” contribuírá para se evitar que a imagem do Mais Alto Magistrado da Nação continue a ser e seja mais negativamente afetada por associações com uma Casa Civil e seus integrantes (ver comunicados e aparições públicas) que não cumpriram suas funções adequadamente, com o rigor e profissionalismo requeridos;

Publicidade

d) Fortalecimento da Credibilidade: O sr. PR tem que demonstrar inequivocamente e em tempo que há consequências para decisões manifestamente desacertadas e inoportunas, eivadas de laxismo, improbidade e displicência, o que vai ajudar a fortalecer a credibilidade abalada do Presidente da República e seu desempenho! Por outro lado isso, ajuda a resgatar parte da confiança perdida, desencanto induzido, demonstrando que ele está disposto a tomar atitudes firmes em nome dos elevados interesses da Nação;

e) Estímulo à Melhoria Contínua: A mudança profunda na equipe pode promover um ambiente de uma sentida responsabilidade e aprendizado, incentivando um controle mais rigoroso e uma abordagem mais crítica nas decisões futuras.

Em suma, a ação de exonerar membros do staff, os “Homens do Presidente”, nesta dolorosa e surpreendente “Déboragate” não deve ser encarada apenas como uma solução para um problema imediato, mas sim como parte de uma estratégia mais ampla de liderança e melhor gestão da Presidência e coisa pública, de credibilidade da política, das instituições e dos que nós elegemos para nos representarem e servirem o país…, não para se servirem dele!

O ufanismo que emana da Casa Civil da Presidência da República, na gestão da “Déboragate”, a persistência numa estratégia de comunicação desvanecida, mortiça e de uma placidez infâmia, têm estado a contribuir sem dúvida para o enfraquecimento da imagem de uma Presidência da República ferida de morte, à deriva, literalmente no canto do ringue à beira do tapete, o que desassossega a Nação inteira! O tempo político e o tempo jurídico nesse tipo de “ hecatombe” são diferentes, necessariamente diferentes!

Estejam cientes os especialistas, e “apoiantes” do sr. PR que têm estado a emitir “teses” e “dissertações”, tentando justificar o injustificável, que isso tudo não passa de ações de recovery, algumas “medidas activas” próprias de quem reconhece e sabe que estamos perante uma “Catástrofe” e agora está fazendo gestão de danos e extraindo os estilhaços incrustados na carne!

Quem já estudou e entende os mecanismos e fases de uma Gestão de Crise irá entender-me!

Mostrar mais

Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo