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Oferta de emprego com redução “dramática” no subsector do alojamento complementar e turismo residencial, segundo a Cabo Verde Empresas

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A oferta de emprego no subsector do alojamento complementar e turismo residencial decaiu de forma dramática entre o ano 2019 e a actualidade, e com a previsão de novas demissões para a próxima temporada, segundo a associação Cabo Verde Empresas. Esta entidade especifica que cerca de 200 pessoas foram empregues em 2019, nas ilhas do Sal e da Boa Vista, sendo 80% mulheres, enquanto hoje o número de funcionários baixou para sessenta e com a possibilidade de haver mais despedimentos se a próxima temporada não for suficientemente lucrativa.

Estes dados constam de um inquérito concluído pela Cabo Verde Empresas, que visou avaliar a situação no subsector do alojamento complementar e turismo residencial, realizado no Sal e na Boa Vista. O principal objectivo foi perceber se as coisas voltaram a funcionar após a pandemia, como aconteceu com os grandes resorts “all inclusive”, que, conforme a associação, dominam o panorama turístico no arquipélago.

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“O resultado mostrou que na alta temporada (outubro-março) do ano 2019-2020, nenhum dos operadores entrevistados teve taxas de ocupação abaixo de 20%, sendo os percentuais que variam de um mínimo de 20% a picos de 80%. No mesmo período pós-pandemia, portanto 2021/2022, 71% dos operadores declararam taxa de ocupação inferior a 20 por cento”, revela a associação. Estes valores, diz, são sinal claro de que algo deu errado.

Segundo a organização, a maioria dos operadores do setor (57%) também denuncia a falta de atenção das políticas governamentais em relação ao subsetor do alojamento, enquanto os dados parecem mais confortantes quanto ao empenho das autarquias locais.

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Acima de tudo, enfatiza a associação, os operadores exigem investimentos em estradas, passeios, praças, iluminação, etc., e uma maior cooperação entre si. Estes não exigem, no entanto, ações específicas para melhorar a segurança, a revisão fiscal ou incentivos aduaneiros. Porém, continuam a criticar os elevados custos associados aos transportes internacionais.

A Cabo Verde Empresas diz desafiar, deste modo, o Ministério do Turismo e Transportes e a Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde a jorfarem uma maior colaboração operacional, em conjunto com os representantes do sector privado. Isto para que se compreenda melhor a lógica económica dos operadores e se definam políticas concertadas e concretas capazes de levar o mercado a voltar a funcionar. Estes incentivam ainda o licenciamento de forma partilhada das unidades, recordando que só nas ilhas do Sal e da Boa Vista o sector hoteleiro representa cerca de 3.500 camas e a arrecadação de cerca de 12 mil contos por semana da taxa de segurança aeroportuária e de 770 contos por dia da taxa de turismo.

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A Cabo Verde Empresas salienta que a próxima época alta está à porta, mas a perspectiva não é muito positiva para os operadores envolvidos no alojamento complementar e no turismo residencial. É que a previsão aponta mais uma vez para uma taxa de ocupação abaixo dos 20 por cento.

“E se somarmos os efeitos que atingem o sector com a pandemia desde 2019, estamos falando de 4 anos perdidos, aumentando ainda mais a distancia entre os poucos grandes operadores e os muitos pequenos empresários turísticos”, constata a associação, enfatizando que há uma concentração de poder nas maos dos grandes que dificilmente conseguira ser liderada pelo actual e futuros governos.

Menos de 20% de ocupação, segundo a CV Empresas, é um factor que faria qualquer operador turístico tremer! Por outro lado, diz, se um turista sai de seu contexto artificial para entrar no mundo real, “aquele em que a população vive”, nem sempre volta feliz com o que viu e com o que encontrou. “O choque entre as duas realidades, Resorts e Cidade, são enormes”, afirma, elucidando com falta de infraestruturas (especialmente no caso da Boavista), “assédios” aos visitantes, proliferação contínua de cães vadios ou abandonados, interrupções contínuas no abastecimento de água e eletricidade sem aviso prévio à população e, em geral, a ausência de uma política de acolhimento organizada… Cenário que, segundo a CVE, incentiva os turistas a se refugiarem nos acolhedores resorts.

Para essa entidade, Cabo Verde continua a ditar uma agenda turística alinhada com os Grandes Operadores Turísticos (GOT) e os grandes investidores, que têm o mérito considerável de saber promover o destino nos mercados e poder acolher os turistas.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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