Quem segue Marlyne Martins nas redes sociais certamente já ficou impressionado com imagens de “poses contorcionistas” que costuma publicar. Professora de Yoga, esta tem sido uma estratégia de marketing para desafiar a mente do público e promover essa prática na cidade do Mindelo. Hoje tem 33 alunos, distribuídos por 8 turmas, e os resultados, diz, são animadores.
“Há muitas pessoas que se sentem intimidadas com essas posturas. Assumem logo à primeira que nunca vão conseguir atingir esse nível. Mas digo-lhes que devem levar em conta que tenho 11 anos de prática do Yoga e eu também não conseguia quando comecei”, diz, em jeito de incentivo.
Um dos desafios desta jovem é desmistificar o conceito que as pessoas têm do Yoga. Mostrar, por exemplo, que praticar não implica fazer pinos ou colocar uma perna atrás da nuca. “O Yoga transcende o físico. O físico é um veículo para se chegar à mente”, pontua.
Alcançar a mente, segundo Marlyne, pressupõe activar a percepção interna e ir para além da consciência. A prática, acrescenta, ensina que, quem não conhece o corpo, acaba por ter uma assimilação limitada do eu. Daí essa disciplina nascida na Índia associar exercícios de respiração e a meditação.
Esta mensagem, diz, tem sido entendida pelos alunos das 8 turmas abertas em S. Vicente, sua ilha natal e onde agora reside, depois de um tempo a trabalhar no Sal e em Portugal em Ciências Aeronáuticas, sua área profissional. Segundo Marlyne, os alunos, na sua grande maioria mulheres, captaram de tal forma a lição, que resolveram voltar com mais empenho, após a reabertura das aulas em 2023. Isto após uma primeira experiência em 2021, com aulas para crianças e adultos.
“Regressei em 2021 para S. Vicente, mas acabei por voltar para trabalhar em Portugal na aeronáutica em auditoria. Mas, estando lá, reparei que sentia muita falta do Yoga, aquela parte da gratidão de ver o efeito dos exercícios e da disciplina no estado espiritual e físico das pessoas”, revela a jovem, que, entretanto, costumava receber muitas mensagens de pessoas amigas lhe pedindo para regressar a Mindelo. Mais um factor que a levou arrumar as malas e trocar a sua profissão pela sua paixão.
Hoje, revela, a sua única atividade é dar aulas de Yoga no espaço Columbim, no centro da cidade do Mindelo. Neste momento tem 33 alunos distribuídos por 8 turmas. As aulas decorrem nos períodos de manhã e à tarde e os resultados, diz Marlyne, são animadores. A sua pequena “tristeza”, no entanto, é ver que os homens ainda não se abriram a essa prática em S. Vicente, talvez por verem o Yoga como um “treino” direcionado para as mulheres. “A ser assim, isto é um engano. Só para constar, antigamente o Yoga era praticado apenas pelos homens, as mulheres estavam proibidas”, revela. Explica que o objectivo era os homens trabalharem o lado mais subtil da mente, que a mulher consegue alcançar mais facilmente.
Marlyne é procurada por pessoas que normalmente têm insónia, ansiedade, limitações físicas… Mulheres, na sua maioria, que querem melhorar a postura, aumentar a força muscular e a qualidade da saúde. “Muitas vão mais para a vertente Yoga-Saúde, focadas fundamentalmente no aspecto físico, descurando a outra componente que é a mental, a meditação”, conta a professora, cuja mãe é uma das suas alunas mais aplicadas. “Ela começou a frequentar as aulas só no período da tarde. Hoje ela vai para as aulas às 6 da manhã porque sente os benefícios: deixou de sentir as dores de cabeça e nas costas e já não sofre de insónia.”
Como é natural, Marlyne pratica o Yoga assiduamente. Mas, quando, por razões ponderosas, é obrigada a suspender os exercícios sente logo mudanças no seu estado físico, espiritual e emocional.
Sobre as posturas, que parecem ser muito exigentes, assume que muitas delas exigem flexibilidade, força muscular e equilíbrio. Isto porque as posições podem provocar tensões no corpo. “O que nos impede de estar numa postura em equilíbrio e manter a respiração é fundamentalmente o nosso estado mental. Se estivermos muito agitados não chegamos lá. Por isso, o objectivo é levarmos a consciência para o corpo”, reforça a jovem. Com a prática e a disciplina, diz, a execução dos exercícios vai ficando mais fácil.
Uma das grandes preocupações desta professora é levar os alunos a praticarem o Yoga sem provocar lesões. Alcançar as posturas corporais de forma confortável, em pleno equilíbrio físico e mental.
