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Campeonato Balizinha d’Pion provoca aumento da procura de pião em São Vicente

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O campeonato Balizinha d’Pion iniciado no passado Sábado está a provocar o aumento da procura de pião em S. Vicente, um simples brinquedo feito de madeira e parafuso. Os emigrantes e nostálgicos deste jogo tradicional estão entre as pessoas que mais interesse demonstram em adquirir este objeto. Alguns compram para ver se ainda sabem jogar, outros para guardar de recordação e mostrar aos filhos e netos.

Só por esse motivo, assegura Kim-Zé Brito, organizador da prova, o campeonato está a cumprir o seu objetivo primordial, que é resgatar esse jogo. Deste modo, para ele, o facto de as pessoas estarem à procura do pião, nomeadamente na praia da Laginha, onde decorre a competição, prova que está a conseguir despertar de novo essa antiga paixão. “Posso destacar o caso de um emigrante residente na Holanda que adquiriu dois ‘pion’ para oferecer aos netos. Gostei de ver o entusiasmo daquelas crianças quando viram o objeto a rodopiar no chão e também quando sentiram o seu movimento nas palmas das mãos. Reparei no rosto delas que ficaram fascinadas”, diz, orgulhoso.

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O aumento da assistência nesta terceira edição, intitulada Taça Zeferino, também é motivo de observação deste jornalista de profissão. “Nas duas outras edições, as pessoas apareceram mais na fase final. No entanto, desde sábado passado, o primeiro dia, que noto uma presença considerável de público”, diz Brito, para quem a delimitação do campo com fitas coloridas pode ser um dos motivos para atrair a atenção dos banhistas e transeuntes.

A primeira jornada terminou no Domingo, com jogos de “grande nível” na opinião do organizador. No entanto este salienta o facto de ter marcado falta de comparência em duas partidas. Como diz, o campeonato tem estado a ganhar mais seriedade, pelo que é preciso haver rigor. “Já era esperado que esta terceira edição seria mais renhida desde a primeira jornada, porque já na segunda edição sentimos que a entrega dos jogadores começou a aumentar. As equipas com mais experiência vieram com a estratégia de jogo já montada e os jogos estão a ser bem disputados”, aprecia Brito.

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A participação feminina não foi a esperada pela organização, que pretendia fazer uma prova para esse escalão. A expectativa era envolver pelo menos oito mulheres, mas só duas é que se inscreveram, ou seja, manteve-se o número do ano passado.

Sony de Pina é uma das duas participantes e mostra-se concentrada no seu objetivo em alcançar a fase final, para dignificar a classe feminina. Soni, que compete pelo segundo ano consecutivo, atribui a responsabilidade ao parceiro por não ter alcançado um bom resultado na prova anterior. Nesta edição espera obter melhores resultados.

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Para esta jogadora, este campeonato tem vindo a ser um relembrar dos velhos tempos, da menina que só brincava com rapazes. “Fui criada entre rapazes e, se não me encontrassem com um pion nas mãos, seria com uma bolinha de matas ou bola de futebol”, acrescenta esta atleta, actual campeã regional de futebol feminino de São Vicente pelo clube Mindelense.

“Brincadeira séria”

Este campeonato é uma “brincadeira” que a cada ano tem vindo a ser levado mais à sério, segundo Alexandre “Chanduca” Francês. No ano passado entrou por acaso na competição, para substituir um jogador que faltou, e essa experiência fez renascer o seu apego por este jogo. Além disso realça o aspecto competitivo da prova, que se assemelha a um jogo de futsal, mas disputado com o pião.

O certo é que Chanduca quer atingir um resultado muito melhor nesta edição e sente que está indo no bom caminho. “Por enquanto os resultados têm sido bons, pois em dois jogos consegui duas vitórias, apesar de ter jogado sozinho pela minha equipa porque o meu colega não compareceu. Mas sinto-me mais treinado“, assegura este jogador.

Tanto Soni como Chanduca esperam que outras pessoas apareçam e ajudem a resgatar o jogo do pião. Para eles é importante abraçar esta iniciativa e incentivar as crianças a trocar os jogos tecnológicos por essa brincadeira, que custa menos, é instrutivo e divertido.

Dedicado à memória do comerciante Zeferino Cid, o campeonato está a ser disputado por 14 duplas, mais duas do que na edição anterior. As equipas estão divididas em dois grupos e os dois melhores classificados passam às meias-finais. A final acontece a 29 de Setembro, dia de S. Miguel Arcanjo, dia tradicional do jogo do pião em Cabo Verde.

Sidneia Newton (Estagiária)

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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