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Novo projecto do Museu do Mar orçado em 8,5 milhões de escudos apresentado no Mindelo: A. Vicente garante que não briga com Oceanário

Foi apresentado no Mindelo o novo projecto do Museu do Mar, que vai valorizar toda a zona do Mercado de Peixe, a Réplica da Torre de Belém e o Monumento Diogo Afonso. O orçado global do projecto é no montante de 8,5 milhões de escudos, sendo três milhões provenientes do Fundo Autónomo das Pescas, no quadro de um protocolo tripartido assinado hoje pelo Director Nacional de Pesca e Aquacultura, a gestora do Fundo Autónomo das Pescas e o presidente do Instituto do Património Cultural. O remanescente, no valor de 5,5 milhões, será dividido entre o projecto Mergulhar, que vai custear toda a parte tecnológica do Museu do Mar, e o Orçamento do Estado.

A assinatura deste protocolo, que antecedeu a apresentação do projecto, ocorreu no quadro das comemorações do Dia Internacional dos Museus, que se celebra a 11 de maio, subordinado ao lema “O poder dos museus”. O acordo visa, essencialmente, o financiamento de um novo conceito museológico a ser adoptado no Museu do Mar, que enfatiza a relação do mar a Cabo Verde, o seu percurso desde a descoberta, passando pelas novas dinâmicas sociais e culturais, assentes na exploração das suas potencialidades e na necessidade da sua preservação, em benefício das gerações presentes e futuras. 

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E foi isso que se viu na apresentação, com o autor a destacar que este museu vai valorizar a zona envolvente, desde o Mercado até ao Monumento Diogo Afonso. “Estamos a falar de um museu em que o tema base é o mar e a sua importância no desenvolvimento de Cabo Verde. Neste sentido, toda a sua temática será voltada para o mar. Iremos destacar as personalidades e os trabalhadores ligados ao mar. Teremos um restaurante, áreas técnicas e salas de exposições. Iremos mostrar a importância do mar na descoberta do país. Teremos um piso específico dedicado à biodiversidade do mar, com temas do fundo do mar. A ideia do projecto é o de pontenciar o tema mar”, detalha o arquitecto Adalberto Tavares. 

Protocolo entre Fundo Autónomo das Pescas, DNPA e IPC

Mas, antes da musealização, prossegue, será feito todo um trabalho de reabilitação do edifício da Réplica da Torre de Belém, tendo em conta que foram identificadas muitas anomalias. “Percebemos que o edifício tem problemas estruturais, não muito graves, mas facilmente visíveis. Temos a desagregação de reboco, fissuras, decaimento de pinturas, entre outros. O trabalho primeiro será a sua conservação. Só depois passaremos para a musealização”, enfatiza o autor do projecto, garantindo que este museu vai seguir a dinâmica que se vê nos museus pelo mundo, trazendo muita tecnologia e informações interativas. “Queremos que o Museu do Mar seja apelativo não apenas para os turistas, mas também para o público de S. Vicente. Será um museu impar em Cabo Verde. Podemos dizer que SV será o pontapé de saída para os próximos museus que vamos construir em Cabo Verde”, assegurou. 

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Projecto não briga com Oceanário do Mindelo, segundo ministro

Perguntado se este museu não vai brigar com o projecto Oceanário do Mindelo, que existe há décadas, o ministro do Mar, Abraão Vicente, que presidiu o acto realizado no quintal do museu, negou qualquer incompatibilidade até porque este é mais tecnológico. “Da parte da planificação dos ministérios do Mar e da Cultura, consideramos que esta intervenção ocorre num momento perfeito. Vamos restaurar o edifício. Não acredito que o Oceanário venha estar na Réplica. Portanto, temos de encontrar aqui um espaço que inclua este património, que não pode ser tocado porque é classificado. Mas não creio que esta intervenção brigue com o Oceanário porque o projecto museológico de oceanografia é feito a partir de impressões, de tecnologia de ponta e projecções.” Segundo o governante, não se pode é ficar à espera que os grandes projectos aconteçam e que os financiamentos cheguem.

O ministro do Mar e da Cultura anunciou para 18 de Outubro, Dia Nacional da Cultura, a data da inauguração do projecto do novo Museu do Mar, que classifica de uma grande oportunidade para o mar ganhar o seu primeiro museu em Cabo Verde. “É uma oportunidade maravilhosa juntar estes dois ministérios – Cultura e Mar – e dar a oportunidade para, através do seu polo de investigação, o tripé Escola do Mar, Instituto do Mar e Universidade Técnica do Atlântico, e ainda a Direcção Nacional de Pesca e da Cultura, ter aqui no Mindelo um ponto onde as nossas actividades investigativas possam, em parceria com a museografia e a museologia, ter uma maior exposição pública e devolver ao público o conhecimento acumulado nas nossas instituições.”

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Da parte do MCIC, Abraão Vicente congratulou com o facto deste ícone da cidade do Mindelo, que vem sofrendo degradação contínua ao longo dos anos, vir ser agora recuperada. “Recuperar a Réplica da Torre de Belém não é uma questão só estética, ainda que somente a parte visual seja um manifesto à cidade do Mindelo. Por isso, manter a sua estética é um cartão postal. O protocolo que acabamos de assinar serve para isso. E o projecto aqui apresentado, orçado em oito milhões e meio de escudos, devolve a S. Vicente uma instituição museológica que sirva aos interesses da cidade”, acrescentou, lembrando que a própria Associação das Peixeiras vai ficar alojada no Museu, no quadro de uma estratégia de um museu vivo, e, por isso, vão ser parte integrante desta dinâmica.

A Replica da Torre de Belém é um monumento centenário construído em 1920 para ser uma réplica da fortificação original, edificada entre 1514 e 1519, em Lisboa. Com uma arquitetura “manuelina”, o edifício tem ainda vários elementos simbólicos, nomeadamente a Cruz de Cristo. Instalado para funcionar como sede da capitania dos portos, assumiu outras funções, tendo o porão servido para cárcere para os pequenos delitos relacionados com o mar e os anexos como moradia do capitão-mor, que depois receberam os arquivos da capitania.

Funcionou ainda como sede da empresa Scapa, criada para apoiar a pesca artesanal. Depois de um longo período sem uso, foi recuperado no âmbito das comemorações dos 34 anos da independência. Actualmente alberga uma exposição permanente do Museu do Mar. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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